terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Miúdos têm dificuldade em escrever sem erros e contar dinheiro

Saber escrever com coerência, com vocabulário adequado e sem erros. Colocar bem os acentos. Saber fazer melhor as contas com dinheiro. Estes são alguns dos aspetos identificados como frágeis no relatório, divulgado nesta terça-feira, sobre os resultados dos testes intermédios de Português e Matemática no 2.º ciclo.

Estes testes começaram em 2010/2011 e, embora não sendo obrigatórios, são feitos no 2.º ano do 1.º ciclo do ensino básico nas escolas que o pretendam. O objetivo é o “diagnóstico precoce das dificuldades dos alunos”. Há dados positivos, mas, tendo em conta os últimos quatro anos, o IAVE destaca três áreas que merecem uma “intervenção mais específica” a Português: a escrita; a gramática; e, tendo em conta as “fragilidades” na interpretação de alguns tipos de texto, a leitura. Na Matemática, também há aspetos a aperfeiçoar, como, por exemplo, saber fazer melhor as contas com dinheiro.

As dificuldades na escrita relacionam-se sobretudo com a estruturação do texto e ortografia. O IAVE considera “indispensável” que os miúdos treinem, “de forma sistemática, a construção da frase, a estruturação do texto e a produção de narrativas, individualmente, em pares e em grande grupo”.

Até 2013, a leitura e apreensão do sentido global do texto tiveram resultados “bastante satisfatórios”. Mas em 2014 foi diferente - apenas 42% das respostas tiveram o “nível máximo de desempenho”, resultados que podem ser explicados por ter sido introduzida a análise de um texto poético.

Mas é na gramática e na escrita que estão as “maiores dificuldades”. Na gramática, os acentos são um dos problemas. Em 2014, apenas 35% das crianças acentuaram corretamente as seis palavras pedidas. No ano anterior, o resultado também tinha sido “insatisfatório” – 25%. Os miúdos têm ainda dificuldade na identificação de rimas – 43% de respostas certas.

Na parte escrita, embora haja “uma ligeira melhoria” em relação a 2013, os resultados mantêm-se “insatisfatórios” – apenas 42% tiveram o “nível máximo de desempenho”, quando lhes foi pedido para fazerem um texto com a estruturação das diferentes partes. Escrevê-lo com correção ortográfica, só 28%. Ainda em 2014, só 39% dos textos eram coerentes e só 38% com “vocabulário adequado”.

Rectângulo e quadrado

Na Matemática, “os resultados mostram, recorrentemente, pior desempenho na interpretação do enunciado de um problema e na definição de uma estratégia apropriada à sua resolução, assim como na justificação clara e coerente dos procedimentos” usados. São ainda “evidentes as fragilidades nos conteúdos que apelam à mobilização da capacidade de raciocínio”.

Nos números e operações, há uma melhoria de 2013 para 2014 na resolução de problemas envolvendo um operador. Ainda assim, a maioria não teve respostas no nível máximo – 41% em 2014 e 35% em 2013. O IAVE sugere que “seja dedicada especial atenção” ao significado do sinal de igual, ao desenvolvimento do cálculo mental e ao registo escrito das estratégias utilizadas no cálculo.

Também “o significado dos símbolos matemáticos, assim como a sua escrita, como meio de comunicação matemática, merecem”, segundo o relatório, “atenção adicional”, apesar da melhoria do desempenho dos alunos neste ponto.

Os autores do documento revelam ainda preocupação com a percentagem “elevada” de “alunos que não reconhecem o quadrado como um caso particular do retângulo”. Em 2014, apenas 31% dos miúdos o fizeram. Também no que toca aos sólidos geométricos, “os alunos apresentam algumas dificuldades ao nível do conhecimento das respetivas propriedades”.

Os autores desta análise estão de igual modo apreensivos com a percentagem “de alunos que ainda efetuam contagens de dinheiro de forma incorreta”: “Apesar de os alunos terem apresentado sempre desempenhos satisfatórios quando confrontados com situações relacionadas com dinheiro, ainda se notam algumas fragilidades”. Em 2014, a percentagem de miúdos que responderam corretamente foi 68%, menos 14% face a 2011. Uma diferença que pode estar relacionada com o facto de, em 2014, o valor em causa incluir euros e cêntimos e, em 2011, só euros. “Apesar de estas percentagens serem satisfatórias em ambos os casos, não deixa de ser insatisfatório que uma percentagem ainda significativa dos alunos não tenha resolvido a operação adequadamente, tratando-se de um tema recorrente e essencial no dia-a-dia”. No relatório são ainda identificadas “algumas dificuldades ao nível da leitura e da interpretação de informação”, em gráficos, por exemplo.

Em 2014, os testes intermédios foram realizados por 68.118 alunos (Português) e 68.681 (Matemática), em 839 escolas.

Fonte: Público

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