sábado, 24 de janeiro de 2015

Ministério da Educação investiga notas inflacionadas em escolas e colégios

Há escolas que, de forma repetida, apresentam diferenças mais altas do que a média do país entre as notas dadas aos alunos e as que eles têm nos exames nacionais. A Inspeção-Geral da Educação está a preparar "ações de acompanhamento específicas sobre esta matéria", anuncia o Ministério. 

O Ministério da Educação (ME) admite que possa haver "eventuais situações indutoras de injustiça" na atribuição de notas internas em algumas escolas secundárias. Por isso, a Inspeção-Geral da Educação e Ciência (IGEC) vai desenvolver "ações de acompanhamento específicas" com o objetivo de verificar se há ou não "inconsistências ou incumprimentos" na avaliação dos alunos. Se se verificarem, as escolas "terão de cumprir com as recomendações" que venham a ser formuladas pela IGEC, explica o ME (...).

É esta a posição do Ministério de Nuno Crato perante as dúvidas, e agora os dados, que mostram que, ao longo do tempo, há um conjunto de escolas, na maioria privadas, em que as notas atribuídas aos alunos internamente se afastam bastante das médias nos respetivos exames. O problema não está na existência de um desvio, que todos consideram normal: as notas internas medem o que aprenderam os alunos ao longo de todo o ano letivo, mas também comportamentos e atitudes. Os exames testam o conhecimento num par de horas, pelo que é natural que apresentem classificações mais baixas. A questão está em saber se o desvio está dentro do expectável ou se afasta da média.

Os dados tornados públicos pelo ME na semana passada (disponíveis no portal InfoEscolas) permitem ver escola a escola se existem esses desvios significativos e ainda outros dados sobre o desempenho escolar. Tal como os estudos que têm vindo a ser feitos pelos investigadores Gil Nata e Tiago Neves, do Centro de Investigação e Intervenção Educativas a Universidade do Porto, que mostram uma sobrerrepresentação dos colégios no topo do "ranking" das notas inflacionadas.

Como as notas com que os alunos terminam o secundário são fundamentais para entrar no ensino superior (valem 50% a 65% da nota de candidatura), pode haver casos em que o ingresso de um jovem em vez de outro tenha só que ver com as escolas, mais ou menos benevolentes na atribuição das notas internas, que frequentaram.

São essas situações "indutoras de injustiça" a que o Ministério diz estar "muito atento" e que promete averiguar - nas escolas públicas, que já são alvo da avaliação externa da IGEC, e nas privadas.

Agora que existe a informação, o "principal trabalho de reflexão será interno, realizado pelas próprias escolas", esclarece ainda o Ministério. Como as escolas conhecem agora os resultados a nível nacional, podem também ver como se posicionam em relação ao padrão médio do país. Caberá depois à IGEC ver se as regras estão a ser cumpridas.

ESCOLAS QUE MAIS INFLACIONAM AS NOTAS
Número de vezes em que cada escola aparece no top 24 das maiores diferenças nos últimos 13 anos (desde 2001/2002)
Fonte: Expresso por indicação de Livresco

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