segunda-feira, 17 de março de 2014

O professor "abaixo de cão"

Maria Filomena Mónica pediu a oito professoras e quatro alunas que a ajudassem a espreitar pelo buraco da fechadura para dentro de uma sala da aula. Daqui resultaram dois livros: "A Sala de Aula", análise da socióloga a partir do material que lhe foi chegando às mãos, e "Diários de Uma Sala de Aula", edição da coleção dos diários que as professoras, alunas e também uma mãe foram escrevendo. As duas obras são lançadas esta semana pela Fundação Francisco Manuel dos Santos e no sábado publicamos, na edição do suplemento "Atual", uma entrevista com a socióloga. Até lá, vamos dando conta de algumas passagens dos diários. 

EXCERTO:

"A imagem do professor disponível e pronto a ajudar está a extinguir-se. (...) Tenho de ir para a aula de Psicologia! Não é que não goste, simplesmente sinto que a estou a perder o meu tempo numa selva onde a hierarquia é ignorada e o professor não consegue mais ser o rei. (...) Compreendo que ver uma pessoa cheia de capacidades a agir como um autêntico selvagem pode ser altamente irritante; percebo que, para um professor, talvez não seja muito motivante sentir que toda uma geração se está a degradar; e entendo que é inaceitável um aluno tratar o professor abaixo de cão, porém, nada disso justifica que se vejam apagadores a voar pela sala apenas porque o professor não conseguiu lidar com o menino, ou que se pare uma aula só porque o professor tem de fumar um cigarro para conseguir lidar com a situação. Isto não é exemplo que se dê, muito sinceramente. Ouve-se o toque! Por fim. Mais 15 minutos de diversão..."

Maria, aluna, em "Diários de uma Sala de Aula" (Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2014)"

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