sábado, 29 de setembro de 2012

Alunos com necessidades educativas especiais sem transporte

Alunos com necessidades educativas sem transporte, pais não aceitam a mudança para outra escola, Penafiel.

Mais um exemplo dos eternos velhos problemas!

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

DISLEXIA: Neuropsicologia das Perturbações da Escrita e da Leitura - Formação

No âmbito do Dia Internacional dos Educadores Sociais (2 de outubro) e no Dia Mundial dos Professores (5 de outubro), o IPNP vem assinalar estes dias oferecendo um desconto especial a todos os educadores sociais e professores de15% nas formações abaixo indicadas.
Para os educadores sociais, esta iniciativa aplica-se às inscrições efetuadas no dia 2 de outubro de 2012. Para os professores, esta iniciativa aplica-se às inscrições efetuadas no dia 5 de outubro de 2012.
Para efetuar a inscrição, deverá enviar-nos um e-mail para formacao@ipnp.pt, indicando esta modalidade de desconto, e preenchendo a ficha de inscrição disponível aqui (link), anexando o comprovativo de pagamento e uma cópia do certificado de habilitações.
Mais informações Aqui

O cérebro nos tempos de memória e aprendizagem

A capacidade de nos adaptarmos a uma realidade diferente, de construirmos a nossa história como seres únicos bem como de alargarmos as nossas raízes culturais está directamente ligada à aprendizagem e à memória. 

Por exemplo, para aprender uma nova língua, um novo desporto ou uma nova forma de pensar os nossos neurónios estão a reorganizar-se. Estão a produzir mais, menos ou diferentes neurotransmissores (...) e a alterar ligações a outros neurónios.
Aprender implica a passagem de memórias de curto-prazo para longo-prazo, isto porque as memórias são instáveis! Cada vez que recordamos como se diz “olá” em mandarim (nǐ hǎo), forma-se uma memória diferente, há uma reconstrução.
Quando recordamos nǐ hǎo o cérebro divide a memória, atualiza-a, traz a memória à consciência e depois sintetiza novas proteínas para uma nova estrutura da memória à medida que esta regressa para longo-prazo, mais consolidada. Assim, a repetição ajuda a aprender. 

Também o entusiasmo, a ingestão de hidratos de carbono, dormir 8 a 9 horas por dia e ainda a programação de aprendizagem inata (com a qual já nascemos) ajudam a aprender.
Na aprendizagem inata estão envolvidos os neurónios espelho (...) bem como a região temporal do córtex (um pouco acima das nossas orelhas) que nos permite reconhecer rostos familiares.
É fácil compreender que o entusiasmo ajuda a aprender pois temos tendência a recordar mais facilmente eventos que despoletaram uma resposta emocional. O cérebro aumenta o número de ligações “ON” de neurónios.
Quanto aos hidratos de carbono, são estes que fornecem glucose (energia) ao cérebro porque se transformam em glicoproteínas, moléculas que funcionam como uma “cola” entre as sinapses dos neurónios, facilitando as suas ligações, e claro, a aprendizagem.

Daí a extrema importância do pequeno almoço e de snacks ao longo do dia, principalmente em períodos de aprendizagem como as aulas. Está comprovado que dietas extremas dificultam a aprendizagem.
A importância de uma boa noite de sono, está diretamente relacionada com os tais períodos REM (movimento repetido dos olhos) e não-REM (...). Em período REM ou de sonhos, as ligações entre os neurónios que transportam a informação aprendida são fortalecidas. 
Já no período não-REM, os canais de cálcio (proteínas envolvidas na “corrente elétrica” do neurónio) ficam mais ativos, ocorre mais atividade neuronal de reposição de informação, fortalecendo a memória de longo-prazo.

Para concluir, se olharmos para nós como seres feitos de moléculas e células bem pequeninas, talvez consigamos perceber que, a este nível, os processos de aprendizagem e memória que ocorrem em nós, humanos, são em quase tudo semelhantes aos de um molusco, como um polvo ou uma lula mas também uma amêijoa.
E muitas vezes, é por isto que outro tipo de seres vivos, que não só os humanos, são utilizados em laboratório para elucidar processos como este, da aprendizagem!

A elucidação destes processos vai contribuir para o tratamento de distúrbios de aprendizagem como dislexia (dificuldade de leitura, escrita e soletração), disgrafia (alteração da escrita), discalculia (dificuldade em compreender e manipular números), dispraxia (dificuldade em desempenhar movimentos correctamente - síndrome do desastrado) e défice de atenção com ou sem hiperactividade.
Estes distúrbios não implicam que o QI da pessoa seja baixo, muitas vezes acontece exactamente o contrário. 

Ana Margarida Nunes 
Licenciada em Biologia Microbiana e Genética pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e doutorada em Neurociências pelo King's College London em 2009.

In: Ciência Hoje

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Novas ferramentas tecnológicas melhoram diagnóstico de autismo em crianças

Pesquisadores da Universidade da Geórgia, nos EUA, desenvolveram novas ferramentas tecnológicas que podem melhorar a avaliação e o tratamento de crianças com autismo.
As inovações rastreiam automaticamente os comportamentos relevantes das crianças e permite um diagnóstico mais precoce da condição.
Uma das ferramentas, um sistema que utiliza óculos especiais de rastreamento e um software de análise facial para identificar quando uma criança faz contato visual com os óculos, foi criada pela combinação de duas tecnologias existentes para detecção automática do contato visual.
O outro é um sistema portátil que usa os acelerômetros para monitorar e classificar problemas de comportamento em crianças com distúrbios comportamentais.
Crianças com risco de autismo muitas vezes exibem marcadores distintos de comportamento desde uma idade muito jovem. Um desses marcadores é a relutância em fazer contato visual frequente ou prolongado com outras pessoas.
Segundo os pesquisadores, descobrir uma forma automatizada para detectar este e outros marcadores comportamentais seria um passo significativo para diagnosticar o autismo em uma parcela muito maior da população infantil.

Contato visual

O sistema de rastreamento de contato visual se baseia em um par de óculos disponível comercialmente que pode gravar o ponto focal do olhar de seu usuário. Pesquisadores capturaram o vídeo de uma criança por uma câmera colocada sobre os óculos, usado por um adulto que estava interagindo com a criança.
O vídeo foi então processado usando um software de reconhecimento facial. Combinando a capacidade dos óculos de rastrear o olhar do usuário com a capacidade do software para detectar a direção do olhar da criança, o resultado é um sistema capaz de verificar a existência de contato visual em um teste de interação com crianças aos 22 meses de idade com 80% de precisão.
"O olhar tem sido algo difícil de medir em laboratório e, normalmente, é muito trabalhoso, que envolve horas e horas de análise de frames de vídeos para identificar os momentos de contato com os olhos. O interessante sobre o novo método é que ele pode produzir estas medidas automaticamente e pode ser utilizado no futuro para medir contato visual fora do contexto laboratorial", afirma o pesquisador Jim Rehg.

Problemas de comportamento

O outro sistema consiste em sensores colocados sobre pulsos e tornozelos que usa os acelerômetros para detectar movimento do usuário. Algoritmos desenvolvidos pela equipe analisam os dados dos sensores para detectar automaticamente episódios de problemas de comportamento e classificá-los como agressivos, auto prejudiciais ou perturbadores.
Os pesquisadores testaram pela primeira vez os algoritmos colocando os sensores em quatro adultos que, juntos, realizaram cerca de 1.200 comportamentos diferentes, e o sistema detectou "problemas" comportamentais com 95% de precisão e classificou todos os comportamentos com 80% de precisão.
Eles então usaram os sensores em uma criança diagnosticada com autismo, e o sistema detectou episódios de problemas comportamentais da criança com 81% de precisão e os classificou com 70% de precisão.
"Nosso objetivo principal com este sistema de detecção via sensores é ser capaz de coletar dados sobre o comportamento da criança além das clínicas, em locais onde a criança passa a maior parte do seu tempo, como em casa ou na escola. Desta forma, os pais, professores e outras pessoas que cuidam da criança podem ser potencialmente alertados para momentos e situações quando ocorrem problemas de comportamento, para que possam resolvê-los imediatamente", afirma a pesquisadora Agata Rozga.
Segundo os pesquisadores, as tecnologias têm o objetivo de fornecer um rastreio mais eficaz e precoce da doença a milhões de crianças em todo o país, bem como melhorar o atendimento para pacientes já diagnosticados com autismo.

Repetentes podem fazer dois ciclos em três anos

Em entrevista ao Jornal de Notícias, o ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, revelou que fazer o 2.º e o 3.º ciclos do ensino básico em três anos é uma hipótese teórica para os 200 alunos que começam a frequentar o ensino vocacional. Os cursos não têm duração fixa e os resultados podem acelerar a sua conclusão. 
A duração da formação será adaptada ao perfil de conhecimentos dos alunos. As turmas serão por ciclos e não por anos escolares. Os cursos serão lecionados por módulos e podem variar desde os bordados à olaria e socorrismo. Mas só 40% da carga horária será destinada à componente vocacional.

Classificação final quantitativa a atribuir aos docentes em regime de mobilidade

O Despacho n.º 12635/2012, de 27 de setembro, determina a fórmula de cálculo da classificação final quantitativa da avaliação do desempenho a atribuir aos docentes em regime de mobilidade em serviços e organismos da Administração Pública, avaliados nos termos do sistema integrado de gestão e avaliação do desempenho na Administração Pública (SIADAP).

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Experiência-piloto de cursos vocacionais no ensino básico

Através da Portaria n.º 292-A/2012, de 26 de setembro, cria-se, no âmbito da oferta formativa de cursos vocacionais no ensino básico, uma experiência-piloto de oferta destes cursos, no ano letivo de 2012 -2013 e regulamenta-se os termos e as condições para o seu funcionamento.

Este projeto integrará alunos com mais de 13 anos, designadamente alunos que tenham duas retenções no mesmo ciclo ou três retenções em ciclos distintos.
A experiência-piloto ora regulamentada pode ser alargada a partir do ano letivo de 2013 -2014 a outros agrupamentos de escolas ou escolas por despacho do Ministro da Educação e Ciência.
O encaminhamento dos alunos para cursos vocacionais no ensino básico deve ser precedido de um processo de avaliação vocacional, a desenvolver pelos psicólogos escolares, que mostre ser esta via adequada às necessidades de formação dos alunos.
Concluído o processo de avaliação vocacional previsto no número anterior, o encarregado de educação do aluno que vai ingressar no curso vocacional deve declarar por escrito se aceita ou não a frequência do curso vocacional e a realização da prática simulada pelo aluno, em documento a elaborar pela escola para este efeito.
Para mais informações, consultar o diploma.

Considerações sobre os currículos específicos individuais no ensino secundário

As consequências do alargamento da escolaridade obrigatória para os alunos com necessidades educativas especiais (NEE) tardou a ser equacionado pelos decisores políticos. Nas audições parlamentares que a Comissão de Educação Ciência e Cultura da Assembleia da República efetuou, este atraso foi repetidamente identificado como uma necessidade a que era preciso dar uma resposta atempada e afirmativa. A exclusão dos alunos que experimentam dificuldades no cumprimento das metas curriculares do ensino básico nunca poderia ser uma solução: não poderíamos minguar a Educação a quem mais dela precisa. O princípio de partida é que os alunos com NEE têm tanto ou mais necessidade de frequentar os 12 anos de escolaridade do que todos os seus colegas que não têm NEE. (Seria como cuidar de uma planta com uma terapêutica de ausência total de água).
Ora, uma esmagadora percentagem dos alunos com NEE frequentam em Portugal a escola regular. Esta política de todos os alunos - com e sem NEE - serem educados na escola regular estabelecendo relações pessoais, de aprendizagem e de entreajuda, é uma orientação internacional (referência ao artigo 24º da Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência das Nações Unidas) que se tem procurado seguir no nosso país, ainda que com resultados desiguais.
Se os alunos com NEE têm direito e proveito em frequentar doze anos de escolaridade e cumpriram nove na escola regular, pareceria estranho que os últimos três anos fossem passados fora da escola regular. Pareceria e parece, sobretudo quando se lê a portaria 275 – A / 2012 publicada a 11 de setembro pelo Ministério da Educação e Ciência. Nesta portaria postula-se que os alunos que são portadores de um Currículo Específico Individual, nos 3 anos antes da idade limite da escolaridade obrigatória, passam a ter um currículo de 25 horas semanais das quais só 5 horas são da responsabilidade dos docentes de Educação Especial das escolas regulares. Nestas cinco horas são lecionados conteúdos de Português, Matemática, 2ª Língua e Tecnologias da Informação e Comunicação. As restantes 20 horas são ministradas por técnicos e monitores dos Centros de Recursos para a Inclusão que asseguram as áreas de Desenvolvimento Pessoal, Social e Laboral, Desporto e Saúde, Organização do Mundo Laboral e Cidadania.
Este deslocamento do eixo educativo da escola regular para os Centros de Recursos para a Inclusão levantam-nos três ordens de questões:
1.Se a escola regular assegurou a educação de jovens com NEE durante pelo menos nove anos, porque é que ela deixa de estar capacitada para continuar a exercer a competência e o conhecimento que entretanto acumulou sobre estes casos?
2.Quando se retiram às escola áreas como “Desenvolvimento Pessoal, Social e Laboral”, “Desporto e Saúde” ou “Cidadania” isso será por se considerar que os alunos com NEE aprendem melhor estas áreas se estiverem com colegas com condições de deficiência, num meio segregado e mais restritivo que a escola regular?
3.Deixar à escola regular só os conteúdos de “Português” e “Matemática” - ainda por cima tão encolhidos de carga horária - passa uma mensagem clara: afinal as áreas estruturantes da última reforma curricular só são importantes para os alunos sem NEE! Com esta carga horária deixam de ter relevância “estruturante”. Outro aspeto ainda a considerar é que se passa a mensagem que a escola é para aprender conteúdos académicos (Português e Matemática) e que o Desenvolvimento, a Cidadania, o Desporto e Saúde (!) são áreas secundárias em termos educativos.
Precisamos de pensar do ponto de vista da educação o alargamento da escolaridade para os alunos com NEE. Isto não pode significar a desvalorização da inclusão: pelo contrário, é através da inclusão e da interação entre todos, que todos melhor se irão preparar para a vida pós escolar.

David Rodrigues
Presidente da Pró-Inclusão: ANDEE
Editorial da newsletter da 2ª quinzena de setembro da Pró-Inclusão: Associação Nacional de Docentes de Educação Especial

Deficientes sem apoio em Lisboa

Os alunos com deficiências e incapacidade das escolas de Lisboa e Vale do Tejo estão sem apoio dos técnicos dos Centros de Recursos para a Inclusão desde o início do ano letivo. A suspensão do apoio, que afeta centenas de alunos, foi decidida pela Federação Nacional de Cooperativas de Solidariedade Nacional (FENACERCI), com o acordo das 15 CERCI de Lisboa, contra os cortes impostos pelo Ministério da Educação e Ciência. 
Rogério Cação, da direção da FENACERCI , disse ao CM que há casos onde a verba baixava de 400 mil para 260 mil euros, tornando impossível formar equipas de técnicos. "Fazemos isto em nome dos alunos e pelos apoios que devem ter", disse, mostrando-se confiante numa resolução: "A secretária de Estado Isabel Leite mandou fazer uma avaliação, e espero que amanhã [hoje] nos comunique que mantém os cinco milhões de euros do ano passado".
Ao CM, o MEC afirmou ontem que a avaliação ainda decorre, e que vai manter "para já" o "montante global" do ano lectivo 2011/12, mas "poderá vir a verificar-se uma reafectação de recursos financeiros entre instituições". Resta saber se esta posição chegará para que o apoio aos alunos seja retomado.

Avaliação de docentes: percentis relativos à atribuição de Excelente e de Muito Bom

O Despacho n.º 12566/2012, de 26 de setembro, estabelece os percentis relativos à atribuição das menções qualitativas de Excelente e de Muito Bom aos docentes integrados na carreira e em regime de contrato de trabalho em funções públicas a termo resolutivo, considerando a majoração decorrente dos resultados da avaliação externa dos agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas.
O disposto no despacho aplica-se, em cada agrupamento de escolas ou escola não agrupada, de forma independente, em cada ano escolar, a cada um dos seguintes universos de docentes a avaliar:
a) Docentes contratados;
b) Docentes integrados na carreira, incluindo os docentes em período probatório e os docentes avaliados através de ponderação curricular;
c) Coordenadores de departamento curricular e coordenadores de estabelecimentos;
d) Avaliadores internos e membros da Secção de Avaliação do Desempenho Docente do Conselho Pedagógico, que não integrem a alínea anterior.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Diagnóstico Espectro do Autismo - Formação

O Centro PIN – Progresso Infantil promove a formação no ADI-R “Autism Diagnostic Interview Revised” de 29 a 31 de Outubro, com a formadora Fiona Scott do Autism Research Centre em Cambridge, uma referência internacional na área do Autismo. Este curso permite obter a certificação para aplicação de um dos principais instrumentos de diagnóstico no Autismo.

Para saber mais consulte o flyer.

ALUNOS INTEGRADOS OU "ENTREGADOS" À HORA

As crianças com necessidades especiais, as famílias, professores e técnicos, especializados ou do ensino regular conhecem, sobretudo sentem, um conjunto enorme de dificuldades para, no fundo, garantir não mais do que algo básico e garantido constitucionalmente, o direito à educação e tanto quanto possível, junto das crianças da mesma faixa etária.
Com o alargamento da escolaridade obrigatória para doze anos, as escolas secundárias passam a receber uma população que até aqui "não conheciam", o que se constituiu uma preocupação natural a que o Público há meses dedicou um trabalho. Na altura, questionada sobre as dificuldades das escolas, a responsável do MEC por esta matéria, admitindo com lucidez que as escolas possam não estar preparadas afirmou "quando um pai e uma mãe têm um filho deficiente, também não estão e reagem".
Sobre isto escrevi, "Notável e perto do desrespeito pelos pais de milhares de miúdos e adolescentes com problemas severos. Os pais que recebem a notícia da deficiência de um filho reagem, mas o MEC responde por um serviço público de educação, direito constitucionalmente assegurado. O MEC não tem que "reagir", tem que assegurar a qualidade dos recursos e das respostas educativas. Para isso deve "pro-agir", as medidas de política educativa devem ser estudadas, antecipado o seu impacto, para atempadamente se garantir, tanto quanto possível, o bom andamento dos processos educativos".
Na verdade, as escolas "reagiram" e em algumas que conheço, a preocupação inicial deu lugar a ideias e projectos que estão em curso e são verdadeiramente interessantes.
No entanto, o MEC também reagiu e fez publicar uma Portaria (275-A/2012 de 1/9) absolutamente extraordinária. Dada a falta de espaço, algumas notas telegráficas.
Sendo o trabalho escolar nas escolas públicas da responsabilidade das respectivas equipas, o MEC distribui "responsabilidades" com estruturas privadas, os Centros de Recursos para a Inclusão, ainda uma resultante dos equívocos com serviços em "outsourcing" prestados por instituições e técnicos que não fazem parte da escola mas sobrevivem, mal, numa zona híbrida e estranha do sistema educativo. Como é evidente isto não questiona a competência e empenhos dos técnicos, mas o modelo escolhido.
Para alunos com Currículo Específico Individual (CEI), uma população altamente diversificada, determina-se uma matriz lectiva com cargas horárias fechadas esquecendo tudo o que é autonomia e diferenciação.
O trabalho cuja "responsabilidade" é da escola ocupa 5, sublinho, 5 horas de uma matriz semanal de 25 h sendo as restantes da "responsabilidade" dos técnicos dos CRIS exteriores à escola.
Na definição das componentes curriculares encontram-se pérolas como "Matemática para a Vida" da responsabilidade da escola ou "Actividades Socialmente Úteis" da responsabilidade dos técnicos externos, cujos conteúdos serão certamente estimulantes.
A Portaria coloca fora da "responsabilidade" da escola tudo o que não seja Língua Portuguesa, Matemática (para a Vida, é certo) e Tecnologias de Informação e Comunicação que cabem na enormidade de 5 horas (!!!!). Claro, são tontos, não precisam de mais. Na verdade muito do que aqui se contempla é matéria da óbvia responsabilidade da escola, Desenvolvimento Pessoal e Social, por exemplo.
Finalmente, um dos critérios de aferição da educação assente em princípios de inclusão é, justamente, a participação. Toda a portaria é perigosamente omissa em matéria de promoção da participação dos alunos "especiais" na vida da escola e na relação, e também em sala de aula, pois claro, com os seus colegas "normais".
Esta Portaria abre a porta para a que os alunos com necessidades especiais estejam "entregados" nas escolas, agora até poderá ser a tempo parcial, em vez de integrados e envolvidos da forma possível na vida escolar da escola que, por direito, frequentam.
Tenho a maior convicção que muitas escolas, direcções e professores, não permitirão que tal aconteça, apesar da Portaria e do MEC.
Outras escolas, direcções e professores, vão sentir-se confortáveis com a Portaria. Afinal, que estão estes miúdos a fazer nestas escolas?
Zé Morgado

Ciclo de sábados "Falando com quem faz"

Pró-Inclusão: Associação Nacional de Docentes de Educação Especial  vai iniciar mais um novo ciclo de sábados "Falando com quem faz". O ciclo inicia-se já este sábado, dia 29 de setembro, entre as 10h e as 13h, com o tema Medidas Educativas.
O sábado será dinamizado na Escola Básica São Vicente (Telheiras) pela Dr.ª Ana Ferreira.
Aguarda-se a acreditação do CCFPC, que corresponderá a 0,6 créditos (15h).
Este ciclo é gratuito para os associados com as quotas regularizadas. Para os não associados, o valor é de 10€.
A inscrição pode ser efetuada pelo email: proandee@gmail.com
Para qualquer questão, contatar para o tmn 927138331.

Segue-se o mapa dos ciclos.
Escola Básica São Vicente - Telheiras
Escola Básica São Vicente - Telheiras

ORGANIZADOR

TEMA
Escola Básica São Vicente - Telheiras

Ana Ferreira

Medidas Educativas
Escola Básica São Vicente - Telheiras

Leonor Brito

Modalidades específicas de educação: as unidades
Escola Básica São Vicente - Telheiras

Fátima Craveirinha

A Intervenção Precoce na Infância
Escola Básica São Vicente - Telheiras

Ana Rosa Trindade

O alargamento da escolaridade obrigatória
Escola Básica São Vicente - Telheiras

Helena Neves

Cooperação e Parcerias

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Nova esperança na cura do autismo

Investigadores suíços descobriram que os autistas têm uma disfunção específica nos circuitos neuronais e identificaram uma forma de a reverter, dá conta um estudo publicado na “Science”. A descoberta, garantem, pode levar ao desenvolvimento de uma nova forma de tratar a doença.

O autismo é um distúrbio hereditário do desenvolvimento do cérebro caraterizado por comportamentos repetitivos e dificuldade de comunicação e de interação social. Até agora, já foram identificadas mais de 300 mutações associadas ao risco desta doença. Um destes genes, o neuroglin-3, desempenha um papel importante na formação das sinapses, a estrutura que permite que os neurónios comuniquem entre si através do envio de sinais. Neste estudo, os investigadores da Universidade da Basileia, na Suíça, descobriram uma alteração no modo como os sinais são transmitidos através das sinapses, que altera a plasticidade e a função dos circuitos neuronais. Esta alteração está associada a um aumento da produção de um recetor do glutamato específico, responsável pela regulação da transmissão dos sinais entre os neurónios. A função e o desenvolvimento cerebral são afetados ao longo do tempo pelo excesso destes recetores, os quais inibem a adaptação da transmissão dos sinais sinápticos durante o processo de aprendizagem.

Adicionalmente, os cientistas descobriram que esta alteração do desenvolvimento do circuito neuronal poderia ser revertida. Isto porque verificaram que a reativação da produção de neuroglin-3 nos ratinhos conduziu a uma redução dos recetores do glutamato para níveis normais, tendo os efeitos estruturais cerebrais típicos do autismo desaparecido. Assim, estes recetores do glutamato podem ser alvo de desenvolvimento de fármacos capazes de impedir ou reverter o desenvolvimento do autismo. Os autores do estudo estão confiantes que este novo estudo indique uma nova forma de tratar a doença e que, no futuro próximo, adultos e crianças com autismo possam ser tratados com sucesso. Atualmente, não existe cura para o autismo, mas os sintomas podem ser reduzidos através da terapia comportamental e de outros tratamentos.

Concurso “Escola Alerta!” 2012/2013 (10.ª edição)

O Instituto Nacional para a Reabilitação, I.P. convida todas as Escolas, Professores e Alunos dos Ensinos Básico ou Secundário, público ou privado, a participar na 10ª edição do Concurso "Escola Alerta!" (2012/2013).

Este concurso visa sensibilizar e mobilizar os alunos para a igualdade de oportunidades e para os direitos humanos, em particular os direitos das pessoas com deficiência, constituindo-se como instrumento de formação de cidadãos e exercício de cidadania, em que os alunos são convidados a criar um projeto que contribua para a melhoria da qualidade de vida das pessoas com deficiência ou incapacidade.

As candidaturas encontram-se abertas, devendo ser entregues pelas escolas ao INR, I.P., até ao próximo dia 19 de abril de 2013.

Para qualquer esclarecimento adicional, contacte o INR, I. P., através do e-mail inr@inr.msss.pt.
In: INR

sábado, 22 de setembro de 2012

Conheça os avanços tecnológicos que ajudam deficientes a se inserir no mercado de trabalho

As limitações físicas, aliadas ao preconceito e ignorância, ficam ainda mais difíceis de superar em tempos de recessão económica. 
Muitos acreditam que a tecnologia - que auxiliou tantos atletas durante as Paraolimpíadas - tem um papel importante em permitir que o portador de necessidades especiais se destaque também fora do Parque Olímpico, realizando seu potencial nas mais diversas profissões.
A BBC ouviu alguns dos profissionais que trabalham para isso.

Revolução Biónica

Um dos líderes na batalha para que a tecnologia abra os caminhos do mundo aos portadores de deficiências é o americano Hugh Herr, professor do Media Lab do MIT (Massachusetts Institute of Technology), nos Estados Unidos.
Ele acredita que os avanços da tecnologia biónica podem liberar o potencial de uma força de trabalho que, até agora, vinha sendo subutilizada.
"Eu prevejo uma revolução de biónicos", diz Herr. "Estamos entrando em uma era biónica, onde começamos a ver tecnologia que é sofisticada o suficiente para imitar funções fisiológicas importantes."
Como diretor da companhia iWalk - que fabrica próteses robóticas que imitam as funções de membros do corpo humano - Herr trabalha com biônicos diariamente.
Além disso, o professor personifica a revolução que prevê. Durante uma mal sucedida expedição de alpinismo em 1982, Herr sofreu ulcerações tão graves provocadas pelo frio que suas pernas tiveram de ser amputadas abaixo dos joelhos.
Hoje, graças aos produtos que ele próprio desenvolveu, Herr continua a praticar alpinismo.
As próteses biónicas que produz são tão avançadas que não apenas imitam as funções de uma perna humana normal - elas são, em vários aspectos, superiores. E estão disponíveis comercialmente em outros 50 centros espalhados pelos Estados Unidos.
Um cliente da iWalk, um trabalhador de uma fábrica em Ohio, conseguiu voltar ao trabalho apenas duas semanas após ter suas novas pernas ajustadas.
"Podemos colocar as pessoas de volta no trabalho, o que é (uma conquista) imensa. Só isso custaria ao Estado milhões de dólares."
Herr explicou que, quando uma pessoa manca, há efeitos colaterais, como dor nas costas e nas juntas. E eles tendem a aumentar com o passar dos anos.
"Tivemos pacientes cuja dor foi cortada pela metade, ou em 75%, o que é bastante."

Combatendo o estigma

Para alguns, no entanto, não se trata de retornar ao antigo emprego e, sim, de conseguir um trabalho.
Barbara Otto é diretora da ONG Think Beyond the Label (Pense além do rótulo, em tradução livre), que tenta auxiliar empresas a contratar pessoas com necessidades especiais.
A ONG criou um portal digital que funciona como uma rede social, permitindo que empregadores e força de trabalho façam contacto e organiza feiras online onde empresas e candidatos a empregos podem se encontrar.
"A grande vantagem dessas feiras profissionais online é que não há necessidade de que as empresas viajem, e não há a necessidade de que as pessoas com deficiências viajem para um determinado local."
"Isso acaba com quaisquer inibições que um empregador possa ter, ou que uma pessoa portadora de deficiência possa ter, ao entrar em contacto."
Otto acredita que empresas têm muito a ganhar ao empregar pessoas com necessidades especiais.
"Sempre digo, se você quiser contratar alguém que pense diferente, empregue uma pessoa portadora de alguma deficiência."
"Quando buscamos inovações em design, tecnologia ou em usos de softwares, pessoas com deficiências são sempre capazes de oferecer essa inovação que faltava porque precisam inovar na sua vida diária", afirma.

Acesso ao trabalho

Outra importante frente de batalha na luta para colocar portadores de deficiências no mercado profissional é garantir a eles o acesso ao local de trabalho.
"A tecnologia terá um papel central nesse processo", disse Alan Roulstone, professor de inclusão da Northumbria University, no norte da Inglaterra.
Ele acredita que a grande estrela nesse palco são as tecnologias de navegação adaptadas para uso em prédios de escritórios.
"Tendo em vista a maneira como a telefonia e as tecnologias de GPS estão se desenvolvendo, acho que é apenas uma questão de tempo para que você tenha apps para celulares que permitam que pessoas com deficiências visuais, declínio cognitivo ou dislexia naveguem pelo ambiente."

Críticas

Alguns observam com cautela a emergência de tecnologias capazes de nos levar além das fronteiras da natureza - particularmente no caso dos biónicos, que podem ser usados para aumentar as capacidades do corpo humano.
No entanto, essas questões não preocupam Hugh Herr, do MIT Media Lab.
"Existe tanta dor e sofrimento no mundo hoje por causa de corpos que não funcionam muito bem. A narrativa dominante é construir uma sociedade onde essa dor e sofrimento sejam reduzidos."
"As pessoas, em geral, não acham que isso não seja ético, mas eu não consigo ver um problema em irmos além do que a natureza pretendia. Nós já fazemos isso, com celulares, bicicletas, carros e aviões."


Nota: Texto com algumas adaptações para o português europeu.

Tempo de serviço para concurso em educação especial

Perante algumas dúvidas e questões colocadas acerca da graduação profissional e do tempo de serviço antes e após a especialização, a Direção-Geral da Administração Educativa emitiu o seguinte informação:


Exma. Sr.ª Professora,
De acordo com a leitura do Decreto-Lei n.º n.º 132/2012 de 27 de junho, cumpre esclarecer que:
a) o tempo de serviço para contratação de escola é contado até 31 de agosto de 2011;
b) se o pedido de oferta de escola decorrer após o dia 1 de janeiro de 2013, o tempo de serviço é contado até 31 de agosto de 2012.
Cumpre ainda informar que a nota da formação especializada só pode ser indicada para os professores de quadro. Os professores contratados devem indicar sempre a nota da formação inicial.
Com os melhores cumprimentos,
DGAE/DSRM



sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Associação Salvador promove Dia do Desporto Adaptado

A Associação Salvador irá promover a 3ª edição do Dia do Desporto Adaptado, que terá lugar no dia 30 de setembro, no Parque de Jogos 1º de Maio /INATEL, localizado na Av. Rio de Janeiro em Lisboa.

Este evento é exclusivo para as pessoas com mobilidade reduzida e respectivos acompanhantes, sendo que as inscrições decorrem até ao dia 20 de Setembro, através do site da Associação Salvador em http://www.associacaosalvador.com/

O Dia do Desporto Adaptado 2012 é um Projeto cofinanciado pelo programa de financiamento do INR, I.P. às ONG.

In: INR

V Seminário de Educação Inclusiva

Dias 26 e 27 de Outubro de 2012, no Auditório Agostinho da Silva. 

Inscrições
P.F. aceda ao seguinte link CANDIDATURA-ONLINE
Selecione: Cursos Livres
Selecione: Efetuar a minha candidatura/inscrição para um curso livre
Preencha o formulário: No item cursos, slecione a instituição (Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias); Curso: V Seminário de Educação Inclusiva
Submeter candidatura
Vai receber no seu email o comprovativo da submissão da candidaturas

Objetivos
  • Promover um amplo debate científico em torno das problemáticas da Educação Inclusiva e suas implicações, na sociedade, na escola e na sala de aula.
  • Promover a reflexão sobre boas práticas de Educação Inclusiva, numa procura de comunicação com as diferenças.
  • Provocar, nos participantes, a necessidade de investigar para agir e de refletir sobre a ação, contínua e sistematicamente, numa procura de respostas fundamentadas para as situações educativas com que somos confrontados.
Foi pedida a acreditação do Seminário ao Conselho Científico-Pedagógico da Formação Contínua (CCPFC), para que possa vir a produzir os efeitos previstos no Regime Jurídico da Formação Contínua de Professores, relevando para efeitos de progressão da carreira de Professores e Educadores.

Mais informações aqui.

Já há um jogo para combater o bullying

Chama-se "A Brincar e a Rir o Bullying Vamos Prevenir" e é um jogo educativo-pedagógico que nasceu para prevenir o bullying escolar. É um jogo e um auxílio educativo direcionado para alunos do 1.º e 2.º ciclos e que reúne três conceitos: educação, jogo e novas tecnologias. Cátia Vaz, técnica superior de Educação Social, formadora de profissão, explica como funciona o jogo, que nasceu no âmbito da sua tese de mestrado em Educação Social, no Instituto Politécnico de Bragança. Decidiu dar corpo a um projeto porque acredita que criar algo seria muito mais enriquecedor em termos pessoais e profissionais. Não se enganou. "Como parte integrante de uma sociedade, mais do que indignar-nos devemos implicar-nos", revela ao EDUCARE.PT. 

O jogo é composto por um kit que tem um jogo de tabuleiro e outro digital. No manual, o tabuleiro tem 40 casas que as crianças têm de percorrer até chegar ao parque da prevenção do bullying escolar. Até lá, é preciso respeitar as regras descritas em linguagem adequada às faixas etárias. No trajeto há 52 cartões: 30 com questões sobrebullying, oito com mensagens de texto e desenhos e 14 com as pegadas da prevenção. Os cartões estão organizados em três grupos: o colorido, o das mensagens-bilhetinhos e o das pegadas verdes. E há ainda chaves douradas que permitem, no final, a entrada no parque infantil onde reina a prevenção do bullying. "Nas questões criadas tentei utilizar as palavras que as crianças utilizariam e, neste sentido, pedi a colaboração de crianças para este propósito", explica. Há dados para lançar e o jogo permite a participação de duas até seis crianças. 

O jogo digital rege-se pelos mesmos princípios do de tabuleiro e pode ser utilizado em iPad, Android, Mac, Windows e Linux. Depois de instalado no computador, o parque da prevenção é a porta de entrada do jogo. Depois de entrar, há um parque infantil com baloiços e quatro jogos associados ao bullying. "Após a seleção de um destes jogos, começa a diversão associada à aprendizagem. O primeiro jogo (1) é denominado ‘Jogo das Palavras', o segundo jogo (2) é denominado ‘Jogo de memória', o terceiro jogo (3) ‘Jogo das Perguntas' e o quarto ‘Jogo do Desenho'". A comercialização do jogo é o passo que se segue e Cátia Vaz espera que a sua criação chegue ao maior número de instituições de ensino, tornando-se assim "num guia de ação na prevenção" do bullying. 

Este jogo, único do género em Portugal, destina-se a crianças do 1.º e 2.º ciclos do Ensino Básico e permite aos mais novos, quer tenham ou não conhecimentos sobre bullying, a participação e a perceção de matérias relacionadas com o assunto. Cátia Vaz destaca ainda a envolvência direta dos professores na ajuda e orientação durante o jogo. "No entanto, não espero que com este jogo as crianças saibam tudo sobre bullying. É um auxílio na sua educação, por isso é que os professores terão um papel importante, na medida que desde cedo devem educar para esta problemática", refere. 

O bullying, na sua opinião, deve ser abordado nas escolas a partir dos primeiros níveis de escolaridade. "Considero que é na base da educação das nossas crianças que se devem incutir/ensinar competências pessoais e sociais onde reine a não violência. Assim a primeira abordagem sobre a problemática deve ser feita pelos professores/educadores, e a partir de agora espero que com o auxílio do jogo que é uma boa maneira de abordar o tema do bullying, associando a brincadeira à aprendizagem". Para divulgar o seu projeto, e depois de concluída a tese de mestrado, Cátia Vaz criou o bloguehttp://prevencaobullying.blogs.sapo.pt

O tema não surge por acaso. O bullying é um assunto que não sai da ordem do dia e que a comunicação social tem vindo a destacar nas páginas e reportagens dedicadas à educação. Nas duas investigações empíricas efetuadas, Cátia Vaz constatou que a violência física e psicológica surge nos primeiros anos da escola e que a prevenção é escassa e pouco eficaz. E assim nasceu o jogo como um instrumento de prevenção primária. Antes disso, houve trabalho pela frente e que conduziu ao batismo do projeto de "Bullying escolar: Estudo e projeto de prevenção através do jogo". 

Cátia Vaz quis saber o que se passava e conhecer a realidade junto de alunos do 3.º ciclo e de professores do 1.º e 2.º ciclos - na fase de conclusão do mestrado em Educação Social. Os estudos realizados com o público-alvo escolhido eram escassos e assim o ano letivo de 2010/2011 foi dedicado a perceber o que pensavam os docentes sobre o bullyingem contexto escolar e se consideravam pertinente a criação de um jogo que abordasse o tema. O sim foi unânime na última questão. 

O processo envolveu 33 professores e Cátia Vaz recolheu respostas que sustentaram o caminho que traçou. Constatou que o bullying é, de facto, um problema pertinente, que o recreio é o local onde as agressões ganham maior expressão, e que os professores defendem formação na área, reconhecendo que ainda há muito a fazer no setor da prevenção. Os inquiridos referiram também que as "crianças não procuram ajuda essencialmente por medo, assim como os alunos observadores/testemunhas que normalmente ignoram e ficam indiferentes". 

Informações: 

Sara R. Oliveira

In: Educare

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Posição da FENPROF sobre a Portaria 275-A/2012, de 11 de setembro

NOTA À COMUNICAÇÃO SOCIAL

POR SER MAIS BARATO E SIMPLES, MEC QUER QUE O TEMPO VOLTE PARA TRÁS

FALTA DE PREPARAÇÃO DAS ESCOLAS PARA ALARGAMENTO DA ESCOLARIDADE, EMPURRA ALUNOS COM N.E.E., DE NOVO, PARA AS INSTITUIÇÕES

No passado dia 11 de setembro, através da Portaria n.º 275-A, o MEC deu mais alguns passos atrás no que à inclusão se refere.

Com a escolaridade obrigatória a alargar-se até ao 12.º ano e sem nada ter feito para garantir o sucesso dos alunos neste novo e importante quadro, nomeadamente no que respeita à garantia de apoios aos que apresentam necessidades educativas especiais (NEE), o MEC, tarde e a más horas, fez publicar a portaria acima referida que constitui um significativo retrocesso no que à inclusão diz respeito.

Recorda-se que nunca foram criados lugares de quadro nas escolas secundárias para a colocação de docentes de Educação Especial, pelo que estas contam, apenas, com os que foram colocados nas EB2.3 e/ou agrupamentos, quer antes, quer depois de qualquer processo de agregação, sendo a resposta existente a este nível manifestamente desajustada, por insuficiente.

Não querendo dotar as escolas dos recursos necessários para responderem positivamente às novas exigências de uma escolaridade obrigatória mais prolongada e à crescente intolerância da sociedade face à exclusão, o MEC, de novo, optou pelo caminho mais simples e retrógrado: o da segregação. Assim, mantendo um número mínimo de horas (5) na escola de matrícula, o novo diploma legal estabelece que 80% do horário letivo dos alunos com NEE, que, durante o ensino básico, tiveram um currículo específico individual (CEI), será cumprido fora da turma, na maior parte dos casos, fora da escola. Segundo a Portaria 275-A/2012, de 11 de setembro, esses alunos serão encaminhados para os CRI (os ditos centros de recursos para a inclusão que, na verdade, estão muito longe de cumprir o objetivo para que, alegadamente, foram criados) ou instituições, que há muitos anos se chamavam de ensino especial.

É, no mínimo, estranho que, tendo estes alunos um percurso específico e individualizado, se aponte um único percurso possível, ou seja, as instituições.

Torna-se óbvio que, mais uma vez, a ditadura do financeiro se impõe ao interesse pedagógico, ao desígnio educativo e mesmo à exigência social (será que o MEC pretende usar estes alunos para financiar as instituições?). Sai mais barato e é muito mais simples afastar alunos da escola dita regular onde, em ambiente de inclusão, possam aprender, construir competências e preparar-se para a vida do que dotá-la dos recursos e condições para que tal possa acontecer: colocação em número suficiente de docentes especializados e de outros técnicos de educação e formação, ajudas técnicas adequadas e constituição de turmas reduzidas (por esta portaria, as turmas frequentadas por estes jovens terão a dimensão das restantes, ou seja, 30 alunos. Será que eles, mesmo estando na escola, estarão fora das suas turmas? Será que estarão nas turmas e, nesse momento, a turma terá 30 alunos e não 20 como a lei prevê?).

O MEC apresenta uma matriz curricular para estes alunos com uma componente (que será desenvolvida nas instituições) sobre cidadania. Afinal é ou não importante esta componente, tendo em conta que é o mesmo MEC (o mesmo Ministro) que extinguiu a formação cívica da matriz curricular da escola pública?

É inadmissível que o MEC esteja a criar cada vez mais segregação entre as crianças e jovens portugueses…apontando, claramente, para a criação de sistemas paralelos onde encaixa cada um dos alunos de acordo com a sua capacidade intelectual e condição social e económica: um para os alunos com NEE (as instituições), outro para os indigentes e pobres (a escola pública), um terceiro para uma elite privilegiada (ensino privado), …

Assim, estes alunos com NEE que tiveram um CEI no ensino básico serão praticamente afastados da sua escola de matrícula, regressando o tempo em que eram separados dos restantes jovens e remetidos para instituições que, agora, para parecer “moderno”, passam a designar-se por entidades parceiras.

A FENPROF irá colocar esta questão às organizações representativas das pessoas com deficiência e outras que pugnam pela inclusão, com vista a uma tomada conjunta de posição.

Com mais esta medida, a atual equipa do MEC confirma que o seu forte é, de facto, a marcha atrás, procurando transformar a escola do presente em escola do passado. Os professores e, de uma forma geral, a comunidade educativa, saberão lutar por uma escola para o futuro!

P' O Secretariado Nacional
Ana Simões
Coordenadora do Departamento de Educação Especial

Redes sociais locais desafiadas a combater o insucesso escolar

As instituições privadas de solidariedade social, como centros sociais, misericórdias, organizações não-governamentais, já podem apresentar projetos que incidam no combate ao insucesso e ao abandono escolares. O Ministério da Solidariedade e da Segurança Social assume esta iniciativa governamental com o cumprimento da escolaridade obrigatória e a certificação escolar e profissional de jovens que não tenham terminado a escola debaixo de olho. Trata-se de um projeto financiado pelo Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), através do Fundo Social Europeu, e o apoio poderá atingir um máximo de 35 mil euros por ano e por cada turma ou grupo de jovens abrangidos. Programa de Apoio e Qualificação do PIEF - Programa Integrado de Educação e Formação é o nome de mais um desafio lançado no setor educativo. 


As ideias do programa estão publicadas no Diário da República de 4 de setembro. "A promoção de respostas na área da inclusão social com vista a prevenir e combater as situações indiciadas e ou sinalizadas de crianças e jovens em risco de exclusão social, implica uma abordagem integrada, compaginando a mobilização de medidas já existentes com medidas específicas, nomeadamente socioeducativas e formativas de prevenção e combate ao abandono, absentismo e insucesso escolar", explica o ministério, enquadrando o projeto. 

Investir em respostas integradas é um dos objetivos da tutela que reconhece que, muitas vezes, a pobreza e a exclusão social expressam-se em meio escolar e que esse ciclo de exclusão, em muitos casos, se prolonga por gerações. Daí a importância do papel e trabalho das redes sociais locais que estão muito próximas da realidade, atentas e despertas ao que se passa à sua volta. 

Os passos têm de ser delineados e a intervenção concretiza-se através da elaboração e implementação de planos socioeducativos e formativos individualizados, com base num prévio diagnóstico. Cada projeto terá assim de incluir ações de diagnóstico, intervenção e acompanhamento de alunos integrados nas respostas socioeducativas e formativas. As competências parentais também serão trabalhadas através de atividades de mediação, sensibilização de pais e encarregados de educação. Igualmente previsto está o reforço da articulação com as redes sociais locais, da animação socioeducativa, da promoção da relação com a escola, família e comunidade, através da realização de workshops que promovam a capacitação parental. 

Ações de sensibilização e de mobilização da comunidade, ações de dinamização e monitorização de medidas de intervenção socioeducativa e formativa individualizada, com vista à certificação escolar e profissional dos jovens, também devem ser parte integrante dos projetos. 

Cada grupo ou turma beneficiará do acompanhamento de um técnico de intervenção local do projeto que terá várias tarefas nas mãos, nomeadamente a dinamização de processos de mediação com os interlocutores considerados necessários à concretização dos objetivos do projeto, monitorizar a execução das ações, elaborar diagnósticos sociofamiliares e propostas de intervenção, acompanhar os alunos dos grupos ao nível individual, social e familiar, e em articulação com as redes sociais locais. O encaminhamento das situações sinalizadas de jovens em risco de exclusão social, em que esteja em causa o seu direito à educação, é também uma das missões do técnico. 

Os interessados têm de identificar nas candidaturas os objetivos a atingir, as áreas de intervenção, as atividades, a população alvo, o orçamento por rubricas e os recursos humanos necessários para a concretização das ideias. O Instituto da Segurança Social analisará os planos de ação apresentados do ponto de vista formal e técnico. As propostas selecionadas irão para o terreno e, nesse sentido, será celebrado um contrato por um prazo de 12 meses, tendo por referência o ano escolar. "As entidades beneficiárias do financiamento ficam obrigadas a organizar um processo técnico-pedagógico do projeto, onde constem os documentos comprovativos da execução das suas diferentes ações, podendo os mesmos ter suporte digital", esclarece o ministério.

Sara R. Oliveira

In: Educare

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

“Somos um país habituado a guardar os deficientes numa caixa”

“Somos um país que está habituado a guardar os deficientes numa caixa fechada, para não poderem sair. Mas nós somos iguais a todos os outros, precisamos é de condições que nos ajudem a movimentar-nos”, diz (...) Deolinda Cruz, de 64 anos. Tinha 21 quando teve de amputar uma perna; um ano depois descobriu que tinha um osteossarcoma (tumor maligno dos ossos) e não foi preciso muito tempo para ter de usar uma cadeira de rodas. Ontem foi uma das dezenas de pessoas que estiveram presentes na ação de sensibilização “Um Passeio, por Lisboa (In)Acessível”, iniciativa que pretende alertar para as dificuldades que as pessoas com mobilidade reduzida enfrentam quando circulam pela cidade.

A Associação Salvador, juntamente com a Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO), a Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA), a Federação Portuguesa de Desporto para Pessoas com Deficiência (FDPP), a Fundação LIGA e mais quatro associações decidiram promover, com o apoio da câmara, a iniciativa “Um Passeio, por Lisboa (In)Acessível”, incluída no programa da Semana da Mobilidade da autarquia.

O ponto de encontro marcado em Entrecampos tinha dois objetivos: fazer o percurso até ao Campo Pequeno a pé ou em cadeira de rodas e, depois, de transportes públicos até ao Saldanha. As dezenas de pessoas com mobilidade reduzida foram acompanhadas pelo vereador da Mobilidade e Infraestruturas Viárias da autarquia, Fernando Nunes da Silva, e por Inês Gomes, presidente da Junta de Freguesia de Benfica, que foram desafiados a fazer todo o percurso de cadeira de rodas: “Foi muito difícil e muito complicado. E acho que quem trabalha o espaço público, sobretudo os autarcas, deveriam, antes de começar a trabalhar o espaço público, fazer um percurso destes para ver as dificuldades e os obstáculos que existem, de forma a poderem trabalhar e executar melhor as obras de melhoramento que podem fazer para facilitarem e darem autonomia a estas pessoas”, disse ao iInês Gomes. Para a presidente da junta, o mais difícil foi “atravessar as estradas e as passadeiras, cujos lancis não estão nivelados à altura regulamentar”.

A altura dos lancis dos passeios e a falta de adaptação dos transportes públicos são dos problemas mais apontados pelas pessoas de mobilidade reduzida. Durante o percurso foram várias as vezes que muitas das pessoas em cadeira de rodas tiveram de ir para a estrada, por não conseguirem subir ou descer sozinhos.

“É preciso que se vá progressivamente corrigindo, pelo menos nos grandes eixos da cidade, onde há grandes equipamentos públicos e uma maior densidade de pessoas idosas. Isto não é só um problema de pessoas com dificuldade motora. Portanto, tem de se atuar nesses sítios para progressivamente criarmos condições mais dignas, e sobretudo mais humanas, para que esta gente possa utilizar a cidade como nós”, sublinhou ao i o vereador Fernando Nunes da Silva.

LISBOA ACESSÍVEL O projeto “Lisboa Acessível”, realizado pelas nove associações de mobilidade reduzida, é um dos candidatos ao Orçamento Participativo da Câmara de Lisboa, que dá oportunidade a todos os cidadãos de votarem, desde ontem até 31 de Outubro, nos projetos que querem ver desenvolvidos na cidade.

Este pretende promover as acessibilidades no eixo Entrecampos-Marquês de Pombal, tornando o troço um modelo “daquilo que deverá ser a cidade do futuro”. O objectivo é eliminar todas as barreiras à acessibilidade neste percurso, incluindo a adaptação das passadeiras e paragens de autocarro, remoção dos obstáculos nos passeios, relocalização do mobiliário urbano e regularização do pavimento. “O mais importante é que todas as pessoas votem e se envolvam nesta causa, porque é muito difícil para uma pessoa com limitações poder fazer o seu dia-a-dia, tentar sair de casa e não conseguir ir a uma caixa multibanco, não conseguir ir a um café ou a um supermercado. Daí criar este troço, entre Entrecampos até ao Marquês, todo acessível”, afirmou ao i Salvador Mendes de Almeida.

De acordo com o fundador e presidente da Associação Salvador, a falta de acessibilidades nas ruas, transportes e edifícios impede muitas pessoas com mobilidade reduzida de terem uma participação mais ativa na sociedade.

“Se este projeto sair vencedor, e se forem criadas estas acessibilidades, vai beneficiar toda a população, tornando Lisboa uma cidade mais atrativa, uma cidade mais amiga dos peões. Vai ser bom não só para as pessoas em cadeiras de rodas, mas para todas as pessoas, pois muitos são os idosos e muitas são as pessoas que temporariamente partem uma perna e que se vêem à rasca para se conseguir movimentar”, realçou Salvador Mendes de Almeida.

Crianças bilingues conseguem melhores resultados escolares

As crianças de famílias com baixos rendimentos conseguem melhores resultados escolares quando aprendem duas línguas, pois desta forma treinam o cérebro e a concentração, revela um estudo de uma investigadora portuguesa. 
O estudo, desenvolvido pelas Universidades do Minho, do Luxemburgo e de York (Canadá) e publicado na revista "Psychological Science", revela que as crianças bilingues em famílias de baixos rendimentos têm mais facilidade em direcionar e centrar a sua atenção, comparativamente com crianças monolingues, em resultado do treino do cérebro.
Os investigadores quiseram avaliar de que forma o domínio de duas línguas influenciava as funções mentais destes grupos, e concluíram que o bilinguismo treina o cérebro, fortalecendo funções cognitivas importantes para a aprendizagem.
A investigadora portuguesa envolvida no estudo, Anabela Cruz-Santos, explicou à Lusa que a necessidade de mudar de língua frequentemente ativa um mecanismo cerebral - sistema de controlo executivo - que ajuda a orientar a atenção e manter o foco.
O enfoque deste estudo está, no entanto, relacionado com as crianças de baixo estatuto sócio-económico, já que estudos anteriores haviam revelado que crianças bilingues provenientes de estatutos sócio-económicos elevados tinham melhores resultados de aprendizagem.
A dúvida residia em saber se esse desempenho resultava do bilinguismo ou do facto de essas crianças serem "provenientes de ambientes estimulantes e cognitivamente enriquecidos".
Esta investigação veio mostrar, "pela primeira vez", que a vantagem cognitiva está relacionada com o bilinguismo, já que se encontra também nas crianças de famílias de baixo estatuto socioeconómico.
Partindo deste pressuposto, de que a aprendizagem de várias línguas "pode ter um efeito profundo em certas funções cerebrais importantes para a aprendizagem", Anabela Cruz-Santos considera que se pode "considerar fundamental o ensino de línguas estrangeiras nas escolas em Portugal, tal como já se faz noutros países".
Para este estudo, intitulado "Bilingualism enriches the poor: Enhanced cognitive control in low-income minority children", os investigadores acompanharam 80 alunos do segundo ano de escolaridade provenientes de famílias de baixos rendimentos.
Metade deste grupo era descendente de emigrantes no Luxemburgo, originalmente do norte de Portugal, e falava português e o alemão ou o dialeto alemão do Luxemburgo, diariamente, enquanto a outra metade vivia no Norte de Portugal e só falava português.



terça-feira, 18 de setembro de 2012

O 1º ciclo do ensino básico - A Teoria do Salto e a Teoria do Amadurecimento

Face a dificuldades manifestadas por alunos no 1º ciclo, nomeadamente no âmbito da leitura, da escrita e do cálculo, ocorre, com frequência, no plano da ação concreta, a formulação das duas teorias inscritas no título: não há problema. Com o tempo, com o amadurecimento cognitivo eles darão o salto e aprenderão as bases essenciais.


Ora, estas ditas teorias, são, na generalidade das vezes, um álibi para se não intervir, para não se alterar a estratégia de ensino confiando nas virtudes terapeutas do tempo, seja com a ocorrência do salto (de um momento para o outro, haverá um clique, um relâmpago, um salto que permite aprender o que foi ficando para trás), seja com o amadurecimento (sendo mais maduro ele aprenderá).

Ora, estes mitos são o início do calvário escolar. Quanto mais tarde se intervier na recuperação das aprendizagens não adquiridas, mais difícil será conseguir que se realizem. A intervenção o mais precoce possível é uma condição fundamental para o sucesso escolar dos alunos. Porque as teorias do salto e do amadurecimento são falsas e não nos podem desvincular de um esforço de atenção, de diferenciação e de promoção, desde o início, do sucesso escolar. E é também por isso, o projeto Fénix tem vindo a insistir (e a praticar) uma atenção acrescida às práticas pedagógicas no 1º ciclo. Porque sabe que a intervenção tardia na escrita, na leitura e no cálculo torna muito mais difícil a aprendizagem e, no limite, pode mesmo ser impossível.

José Matias Alves

In: Terrear

Percursos Alternativos

No início do ano escolar, entre as análises que se fazem, uma há que se sobrepõe a todas as outras, respeitante às taxas de reprovação ocorridas no ano passado, deixando a sensação de que, quaisquer que tenham sido, foram certamente excessivas.

Trata-se de uma questão antiga e que será eterna, pois que, em qualquer classe escolar, há sempre os que têm sucesso na aprendizagem e os que não o conseguem.

Mas será bom pensar que o insucesso, quando exista, não é só do estudante que está em causa; em boa verdade, esse insucesso atinge também a instituição que ministra as atividades escolares, deixando dúvidas sobre se ela terá feito tudo para conseguir o sucesso de todos os alunos. 

Nesta cadeia de responsabilidades, até poderemos ir mais além, interrogando-nos sobre se a essa instituição foram asseguradas as melhores condições para realizar o seu trabalho. 

É que, na análise de um insucesso escolar que atinge este ou aquele aluno, há múltiplas causas, nem sempre imputáveis a esse mesmo aluno. E, não sendo essa a problemática geral que hoje pretendemos abordar, é bom deixar a ideia de que é demasiado simplista dizer que o aluno não foi capaz de acompanhar o ritmo que todos têm de adotar. 

Ou será que cada um dos alunos não tem direito a que respeitem o ritmo que lhe é próprio? Haverá um percurso escolar ajustado a todos os alunos? Ou existe, para cada aluno, um percurso que lhe é mais adequado? 

Estas e outras questões deixam o entendimento de que a apreciação de um caso de insucesso escolar convoca, para discussão, aspetos variados que superam, largamente, a explicação simplista de que este ou aquele aluno é menos dotado ou trabalhou menos do que os outros. 

E se não sabemos explicar, devidamente, o insucesso de um aluno, teremos de interrogar-nos sobre o significado da consequência mais frequente desse insucesso, traduzido na repetição de um ano escolar. 

Desde logo, no percurso de vida do aluno em causa, há um momento de atraso, como que uma paragem forçada, quando os companheiros desse percurso continuarem a avançar. 

E esta situação tem sequelas de toda a ordem, designadamente de âmbito psicológico, deixando uma sensação de derrota em que nem sequer há vencedores. 

Daí que todos os esforços no sentido de superar os casos de insucesso sejam bem vindos, sendo certo que o primeiro passo será sempre garantir a cada aluno o percurso escolar mais ajustado à sua condição, no mesmo passo em que se lhe possibilita a adoção do ritmo que lhe é próprio. 

Albano Estrela

In: Educare