segunda-feira, 31 de maio de 2010

Classificação Internacional de Funcionalidade leva à reflexão


"O uso da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde em educação causa mais danos aos alunos com Necessidades Educativas Especiais do que lhes traz benefícios", esta é a conclusão do primeiro estudo sobre a matéria.
"A Educação Especial é uma das áreas mais negligenciadas do sistema educativo português." A crítica vem de Luís de Miranda Correia, investigador da Universidade do Minho, autor de Modelo de Atendimento à Diversidade (1995) e um dos maiores especialistas portugueses nesta matéria. Durante o primeiro Encontro Internacional de Educação Inclusiva e Necessidades Educativas Especiais (NEE), realizado em Braga, este fim-de-semana, o investigador apresentou um estudo sobre a "Utilidade da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) em Educação".
Trata-se de um instrumento de uso obrigatório para a elegibilidade de um aluno com NEE para beneficiar dos serviços de educação especial e de um programa educativo individual (PEI). No entanto, para quem lida diariamente com alunos com NEE, a CIF é apenas um instrumento "burocrático", "subjectivo" e "inútil".
Os resultados do estudo realizado por Luís de Miranda Correia e Rute Lavrador confirmaram o que há muito os professores de Educação Especial já sabiam: obrigar ao uso da CIF para servir de base à elaboração de um programa educativo individual foi um dos erros cometidos no Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de Janeiro. Rute Lavrador vai mais longe ao afirmar que o uso da CIF em educação "é altamente desaconselhado", pelo que na sua opinião o decreto-lei devia ser "suspenso" ou "revogado".
No final, a legislação apenas decepcionou quem, como Maria Leitão, professora de Educação Especial, no Agrupamento de Escolas Taveiro, em Coimbra, esperava um documento "que inferisse mais nas práticas, no como fazer e trabalhar e nas metodologias". Esta é a maior dificuldade no que toca a leccionar para alunos com NEE.
De facto, um outro estudo, ainda a publicar, realizado por alunos de mestrado em Educação Especial, veio mostrar que para muitos professores a inserção de alunos com NEE significativas na sua sala de aula não é bem-vinda devido à falta de recursos, à indefinição dos conceitos relacionados com a Educação Especial e à ausência de colaboração que deve existir nas escolas.
No que toca a conceitos como o de Necessidades Educativas Especiais ou de Inclusão, entre outros, usados diariamente pelos profissionais da Educação Especial, lamenta Luís de Miranda Correia: "Não há uniformidade!" Segundo o investigador, seria importante que estes conceitos "fossem perfilhados ao nível nacional", para que todos os intervenientes pudessem "falar a mesma linguagem e a partir daí criar um processo que levasse a respostas educativas eficazes para os alunos com NEE e criasse ambientes profícuos para que pudesse haver uma articulação entre a escola, os pais e os especialistas."
Com ou sem CIF?
Com mais de 20 anos de trabalho na área da Educação Especial, Maria Leitão não tem dúvidas: "A CIF teve como objectivo arranjar uma maneira de muitos alunos saírem da Educação Especial." Ao longo dos três anos em que foi coordenadora do serviço de Educação Especial, Maria Leitão apercebeu-se do quanto a CIF dificulta o trabalho nas escolas. "Para mim importante é descrever o perfil de funcionalidade do aluno em termos das suas competências, porque é a partir daí que planifico o PEI." Por isso, esta professora admite sentir até uma certa "desonestidade pedagógica", quando preenche a informação que lhe é pedida na CIF. "Estou a usar um instrumento que, para mim, não tem validade nenhuma", conclui.
Alice Couceiro, docente no Agrupamento Vertical António José de Almeida, em Penacova, não podia estar mais de acordo. A trabalhar na área de Educação Especial há 12 anos, a sua experiência tem confirmado a pouca utilidade da CIF. "A nossa observação do aluno, a avaliação e o trabalho que desenvolvemos antes [do preenchimento da CIF] é que nos permite saber que tipo de apoio o aluno precisa." Por isso, a sua forma de actuar é simples: "Se me chega um relatório ou uma referência, antes de classificar o aluno pela CIF, vou observá-lo e daí vejo logo se ele é ou não elegível para a Educação Especial." Posto isto, Alice Couceiro já se habituou a ver a CIF como uma mera formalidade. "Quando classifico um aluno pela CIF estou só a formalizar o processo."
Sobre o estudo de Luís de Miranda Correia e Rute Lavrador, que mostrou como a mesma criança com NEE foi classificada usando a CIF de modo diferente em sete agrupamentos, Alice Couceiro não se mostra surpreendida. E arrisca uma explicação para o sucedido: "As classificações foram diversas, porque quem as fez só olhou para a parte formal do processo, se existisse um conhecimento intrínseco da situação não teria acontecido assim."
Então, quantas crianças a CIF excluiu dos apoios de Educação Especial? Esta é a questão que tem incomodado os profissionais. Luís de Miranda Correia responde com alguns dados elucidativos das problemáticas que se inserem no conceito de necessidades educativas especiais. Cerca de 50% dos alunos com NEE têm dificuldades de aprendizagem específicas, entre 16 e 18% problemas de comunicação, entre 8 e 10% sofrem de perturbações emocionais e comportamentais, 6 e 8% sofrem de problemas intelectuais e 2 e 3% de outras problemáticas como o autismo, impedimentos visuais, auditivos e motores. Quase 90% dos alunos com NEE estão enquadrados nas quatro primeiras problemáticas. Por isso, "é importante considerar que estas crianças também têm direito a respostas por parte do sistema educativo", refere Luís de Miranda Correia.
No entanto, as dificuldades de aprendizagem específicas, que se prendem com problemas neurológicos ligados à cognição e se reflectem em dificuldades na leitura, no cálculo e nas interacções sociais, não são elegíveis para os apoios educativos especiais. "Como não as entendemos, não lhes damos resposta e é uma falha grave do nosso sistema não incluir estas crianças no atendimento das NEE", acusa Luís de Miranda Correia.
No encerramento do encontro as conversas versavam o estudo divulgado sobre a utilidade da CIF. Entre a assistência, um professor perguntava a Luís Miranda Correia, se já havia alguma reacção do Ministério da Educação à sua investigação. "O estudo só foi apresentado hoje", respondia o investigador. Ninguém arrisca antever uma reacção. Mas "no mínimo é preciso fazer-se uma reflexão", advoga Alice Couceiro.
Andreia Lobo

Conselho de Escolas propõe reorganizar ciclos

O Conselho de Escolas vai propor à ministra da Educação a reorganização dos ciclos de ensino em três ciclos de quatro anos cada. O projecto vai ser debatido hoje, segunda-feira, no plenário do órgão consultivo do Ministério da Educação (ME), e Álvaro Almeida dos Santos conta com a sua aprovação.
"Não passa de uma proposta" e pretende responder ao "desafio" colocado pelo alargamento da escolaridade obrigatória de 12 anos, começou por sublinhar o presidente do Conselho de Escolas (CE), Álvaro Almeida dos Santos. O documento, que pode ser aprovado hoje, no plenário realizado no Centro de Caparide, em Cascais, será entregue à ministra da Educação até final do ano lectivo. E, a ser aceite pela tutela "obrigaria à alteração da Lei de Bases do Sistema Educativo", reconhece o director da Secundária de Valadares.
O órgão consultivo do ME, criado na anterior legislatura por Maria de Lurdes Rodrigues, criou um grupo de trabalho para analisar a revisão curricular.
Uma vez que a tutela pretende introduzir "ajustamentos" aos currículos nacionais, o CE optou por não se pronunciar sobre a eliminação de disciplinas ou a transformação de cadeiras anuais em semestrais - possibilidade já admitida pela ministra Isabel Alçada em relação à História e à Geografia. Sobre esse assunto, Álvaro Almeida dos Santos, defende que as escolas deviam ter "margem de autonomia" para gerirem os currículos de acordo com a sua população estudantil; "sem acréscimos de recursos, é claro", especialmente em tempos de crise, frisou, mas de forma a conseguirem "rentabilizar as aprendizagens" dos alunos.
"Secundário inferior e superior"
A reorganização dos ciclos de ensino em três ciclos de quatro anos cada implicaria mudanças ao nível dos actuais 2º e 3º ciclos e secundário.
Apesar dessa nova organização, Álvaro Almeida dos Santos considera que a proposta garante maior "sequencialidade e coerência curricular" ao longo dos 12 anos de escolaridade obrigatória.
Assim, além do 1º ciclo (que se mantinha com a mesma estrutura de quatro anos), os restantes actuais três ciclos de ensino seriam convertidos em dois: "secundário inferior e secundário superior".
No caso do secundário superior (equivalente ao período do 9º ao 12º anos), "começava por uma fase, que pode ser de um ano, de tronco comum, prosseguindo, depois, os alunos para a possibilidade de diversificarem entre áreas científicas ou profissionalizantes".
Com o alargamento da escolaridade obrigatória, "o ensino secundário não pode ficar refém do ensino Superior" e tornar-se num "mero patamar de passagem" até esse nível. A preservação da "identidade do ensino secundário" é, por isso, uma prioridade para Álvaro Almeida dos Santos.
A proposta, insistiu, não será pormenorizada; "serão linhas gerais". "Temos noção de que há outras medidas que confluem para esta área" e que esta proposta não esgota a revisão curricular - a revisão da carga horária dos alunos e até a atribuição do serviço docente também podem ser abrangidos pela discussão que o Conselho quer promover no sector, a um mês de ir a votos.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Associação Portuguesa da Doença de Ménière

A Associação Portuguesa da Doença de Ménière (APDM) já se encontra formalmente constítuida desde o dia 03 de Maio. Podem consultar toda a informação que se encontra disponível no site em www.apdm.pt.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Sobredotados


A identificação destas crianças é fundamental na medida em que torna possível a criação de condições para a expressão e desenvolvimento das suas qualidades excepcionais e permite resolver situações problemáticas que frequentemente surgem.
Existem actualmente ainda muitas ideias fantasiosas em torno da sobredotação. O sobredotado ainda é visto por muitos como alguém que apresenta um desempenho superior em diversa áreas, que tem sempre boas notas nos testes e que por ter capacidades muito superiores à média não apresenta dificuldades de aprendizagem. Os profissionais da educação, bem como a comunidade científica, sabem bem que isto não corresponde à realidade. Estas crianças, embora dotadas de potencialidade extraordinárias, exprimem dificuldades variadas ao longo da escolaridade, muitas vezes sendo identificadas como alunos problemáticos quer ao nível do seu comportamento na sala de aula, quer ao nível do relacionamento com os pares.
A identificação destas crianças é fundamental na medida em que torna possível a criação de condições para a expressão e desenvolvimento das suas qualidades excepcionais e permite resolver situações problemáticas que frequentemente surgem. As crianças sobredotadas são alunos com necessidades educativas especiais, devendo por isso beneficiar de apoio individualizado no contexto da sala de aula.
Segundo José Renzulli (Instituto de Investigação para a Educação de Alunos Sobredotados, Universidade de Connecticut, USA), os sobredotados apresentam um conjunto de características que os distingue dos outros indivíduos, em diferentes planos. No plano das aprendizagens apresentam: vocabulário avançado para a idade e nível de escolaridade; hábitos de leitura independente, mostrando preferência por livros que normalmente interessam a indivíduos mais velhos; compreensão e domínio rápido da informação e conhecimentos e/ou resultados excepcionais em uma ou mais áreas.
Em termos motivacionais, demonstram grande persistência na realização e finalização de tarefas, buscam frequentemente a perfeição e aborrecem-se com as tarefas de rotina. No plano da criatividade apresentam originalidade na resolução de problemas, uma elevada curiosidade face a um grande número de domínios e pouco interesse pelas situações de conformismo.
No plano social e de juízo moral demonstram um apurado juízo crítico face às suas capacidades e às dos outros, interesses e preocupações pelos problemas do mundo, ambições elevadas e maior interesse em relacionar-se com pessoas mais velhas.
Estas são apenas algumas características formuladas de uma maneira muito geral e aberta. A revelação destas características depende muito da organização dos ambientes e oportunidades educativas que lhes forem proporcionadas. Tarefas rotineiras, demasiado dirigidas pelo professor, apoiadas na memória e no pensamento convergente (mais reprodutivo que criativo) transformam crianças desejosas de novas experiências, conhecimentos e desafios em crianças aborrecidas e desinteressadas das actividades escolares. Estes factos exigem que após a identificação destas crianças seja definida uma intervenção educativa por parte do professor, no sentido de adequar a sua prática às necessidades específicas da criança em questão.
Qual o tipo de intervenção educativa que deve ser desenvolvida com alunos sobredotados? A resposta a esta questão será dada num próximo artigo.
Bibliografia consultada: 'Crianças e Jovens Sobredotados'. Intervenção Educativa. Ministério da Educação.
Adriana Campos

terça-feira, 25 de maio de 2010

Salas estruturadas nas escolas ajudam crianças autistas


Martim tem nove anos e é autista. Uma em cada mil crianças em Portugal sofre desta síndroma, estimam os especialistas. Porém, a mãe de Martim quer que o filho seja mais que uma simples estatística e luta para que seja cada vez mais autónomo. A criança frequenta uma das 187 unidades de apoio especializado para estes alunos, dividindo o tempo com uma turma "normal" na escola no Alto de Santo Amaro, em Lisboa.
É numa sala estruturada, "estupidamente organizada" (como diz com humor a mãe, Isabel Pedroso), que Martim aprende com a professora Nélia Martins as funções básicas de interacção social e a conquista de autonomia.
Martim apenas diz algumas palavras, "mas percebe tudo". Um dos objectivos é aprender a comunicar, algo que faz através de associações. "Tem um livro com imagens dos alimentos, da casa de banho, símbolos dos jogos e outras coisas. Assim, ele diz-me o que quer fazer. Ganhou iniciativa", salienta. Aos nove anos, ainda não aprendeu o "socialmente correcto". "Vai ao supermercado e começa a arrancar as etiquetas de promoções que encontra", contou. Mas Isabel diz que ele fez progressos. "Ele era muito impaciente quando tinha de esperar para comer. Agora já sabe sentar-se à mesa, esperar, ir buscar o prato..."
Isabel sabe que o filho terá sempre uma autonomia limitada, mas nem todos os casos são assim. A professora Nélia Martins diz ter um aluno que é muito evoluído e que se continuar com um bom trabalho poderá até ter um emprego: "Ainda que terá sempre de ser acompanhado."
Mas independentemente do grau de autismo, há pontos em comum nas salas estruturadas. Quer ao nível da organização quer da rotina de aprendizagem, em que lembram salas do pré-escolar.
"Têm os espaços delineados com fitas de cor. Há a área de grupo, da música, para brincar, área do aprender e do trabalho, entre outros espaços", explica Inês Larcher, terapeuta da fala da Associação de Pais e Amigos da Criança Deficiente Mental (APPACDM) de Lisboa, formadora no método.
É na área de aprender que os alunos começam a dar os primeiros passos rumo aos objectivos. Estão apenas acompanhados pela professora e só quando esta considerar que já adquiriu os conhecimentos, o aluno passa para a de trabalho, onde terá de fazer o que aprendeu sozinho: o início da autonomia ambicionada.
"Estas crianças eram vistas como não educáveis. Com esta metodologia percebeu-se que com uma estrutura rígida é possível mais tarde o autista ganhar autonomia", disse ao DN. E como diz Nélia Martins "são os miúdos das mil vezes", ou seja, são precisas muitas repetições para se concretizar um objectivo.
"Comer, vestir, ir à casa de banho, as relações com colegas e adultos são algumas das aprendizagens por que todos passam", afirma a professora. Depois há que aprender a ler os números, emparelhar - como juntar 1+1 - e resolver pequenos problemas de matemática, entre outros exemplos. Nélia Martins explica que para todos os alunos autistas são estabelecidos objectivos, depois de analisado clinicamente, que vão sendo alterados lentamente durante a evolução.
Os autistas não reagem bem a mudanças. Precisam de um horário rígido, com tudo organizado: "Se, por exemplo, vai faltar a terapeuta da fala, eu tenho de antecipar essa situação. Não lhe posso dizer que vai ter a sessão e depois mudar, a reacção pode ser má a nível comportamental."
O ideal para estes alunos é conseguirem estar o maior tempo possível com a turma "normal", e as salas estruturadas começarem a serem vistas como "explicações". Martim ainda passa grande parte do dia na sala estruturada, mas há alunos que já inverteram a situação.
Estas unidades estruturadas têm a metodologia TEACCH, que foi desenvolvida nos anos 70 pelo norte-americano Eric Shopler e que é cada vez mais usada. Actualmente, são mais as salas estruturadas no 1.º ciclo. Porém, começaram a surgir as de 2.º e 3.º para que as crianças continuem o trabalho.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

"O meu filho é que me doía"

Atrasou-se. Atrasou-se muito. A culpa foi da doença que o apanhou e que o ia levando. A mãe mal saía de ao pé dele. O pai fotografava os amigos que ele ia fazendo na Unidade de Hematologia e Oncologia Pediátrica do Hospital de São João (Porto) e que iam morrendo - quase, quase todos. O regresso à vida dita normal nada teve de normal. O regresso à vida dita normal trouxe violência.
Tantas vezes, vindo das aulas, o rapaz entrou em casa a chorar. Um dia, os pais fartaram-se, accionaram o Programa Escola Segura. E os agentes apareceram, dentro das suas fardas, e ofereceram um raspanete a quem o agredia. Quando os agentes se enfiaram no carro-patrulha, a directora de turma ralhou: "Não era preciso chamar a polícia!"
A mãe indignou-se com aquela postura, que lhe parecia mais protectora de quem agredia do que de quem era agredido: "Cada vez que ele chegava a casa a chorar, chamava a Escola Segura. O meu filho é que me doía. O meu filho ainda hoje me dói. Ele tem 16 anos, mas não quero que lhe façam mal - nem quero que faça mal a ninguém.
"Tinha dez anos quando lhe diagnosticaram cancro. Fez quimioterapia - o cancro entrou em recessão. Sofreu uma recaída - tornou a fazer quimioterapia. Sujeitou-se a um transplante de medula óssea. Fez o 4.º ano de escolaridade em casa. Regressou à escola aos 13 anos.
A escola era outra: quem com ele partilhara sala ia lá à frente. E ele foi agredido por um matulão e encheu-se de medo. Pediu aos médicos que o deixassem ficar em casa. Ficou até ao fim do ano. Tornou a tentar a escola aos 14. Tornou a querer ficar: "Todos os dias, um miúdo metia-se comigo. Vinham mais. Davam-me pancada. Uma vez, trouxe um cadeado daqueles de pôr nas calças.
"É um rapaz de poucas falas e de poucos amigos. Talvez se tenha cansado de ver morrer. Por ele, estava sempre fechado em casa, sentado à frente do computador, a jogar ou a ouvir música. Habituou-se a ouvir a mãe falar nele - falar por ele. Habituou-se a ouvir o pai falar nele - falar por ele.
Sentado à mesa da sala e ouve o pai dizer: "Eram mais novos. Conheciam-se todos. Vieram todos da 4.ª classe. Juntavam-se três ou quatro e viravam-se para ele." E a mãe completar: "Lembro-me de o ver deitar sangue. Chegaram a vir atrás dele até casa. Ainda os ouvi dizer que a mãe dele era esta, era aquela, que o pai dele era este, era aquele; que se fosse à escola lhe iam cortar a coisa e que ia no INEM [Instituto Nacional de Emergência Médica]."
Os pais vão levá-lo, vão buscá-lo. Se pudessem, até cruzariam o portão da escola e iriam até à porta da sala. Certa ocasião, o pai enfureceu-se: "Vi um indivíduo dar-lhe um chapo e os seguranças não fizeram nada." Até queria saltar para cima de quem com o seu filho se metera.
Fintara a morte, mas parecia incapaz de lidar com a vida. Ficava os intervalos dentro da sala - como se estivesse de castigo. Pedia atestado ao médico. E a mãe, atrás dele, a fazer sinal: não.
Atendendo ao "clima" e às "dificuldades de integração" na turma, em Novembro de 2008 a psiquiatra pediu à escola que tomasse medidas. Como não notou melhorias alertou, já em 2009, a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) do Porto Oriental: um doente oncológico, com um ligeiro défice cognitivo, estava a desenvolver sintomatologia ansiosa por ser vítima de bullying - abuso mental e físico, intencional, repetido.
A CPCJ aplicou uma medida de acompanhamento junto dos pais e envolveu a escola, que se comprometeu a vigiar e a integrar o rapaz. Houve alguma resistência. A escola argumentou que já o fazia com todos. E a CPCJ lembrou-lhe que aquele era um miúdo especial - sem estratégias de defesa, até pela superprotecção parental. E ouviu a escola advogar que o rapaz não era um anjo.
Não quis mudar de escola - não mudou. A CPCJ entendeu que forçá-lo a mudar de escola seria penalizá-lo - e impedi-lo de aprender a lidar com aquilo. Mudou de turma - e a turma foi sensibilizada para o sofrimento do rapaz; os pais não se cansam de elogiar a nova directora de turma.
Este ano, os pais não andaram a correr para a escola semana-sim-semana-sim por o filho ter caído nas mãos de um "valentão". Só esta semana houve sobressalto. Uma rapariga deu-lhe um estalo. Os óculos caíram - uma lente soltou-se. No dia seguinte, logo pela manhã, a directora de turma avisou a miúda: se fosse preciso pagar algo pelo arranjo, ela é que pagaria.
Os pais puseram-se logo em sentido, mas este episódio parece ser de natureza bem diferente. Alguém escreveu uma carta de amor a uma rapariga e assinou com o nome dele. Corado de vergonha, o rapaz negou a autoria do escrito, pedindo que reparassem não ser sua aquela letra. O debate aqueceu e uma amiga da destinatária da carta deu-lhe um estalo.
"O Conselho Executivo já disse que não pode ter um segurança em cima de cada aluno", reconhece a mãe. E o rapaz já não quer estar ali. O rapaz já nem quer frequentar o ensino regular. Já só quer fazer um curso de educação e formação de informática que lhe dê equivalência ao 9.º ano. E viver em paz.
Comentário:
Como já referi em outros textos sobre esta temática, infelizmente, os alunos com necessidades educativas especiais são vítimas preferenciais e continuadas deste tipo de situações. Compete a todos (escola, pais, restantes instituições, sociedade em geral) estar atentos e agir.

sábado, 22 de maio de 2010

Ensino especial: colégios em risco de ruptura financeira imediata

A maioria dos colégios de ensino especial está em risco de ruptura financeira e sem capacidade de recorrer a crédito, segundo a associação que representa o sector e que responsabiliza sucessivos governos.
“Há colégios do ensino especial que sem uma resolução deste problema não sabem como manter o funcionamento normal até ao final do ano”, disse à agência Lusa o director executivo da Associação dos Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo (AEEP). Segundo Rodrigo Queiroz e Melo, que lamenta a falta de resposta do Ministério da Educação, os trabalhadores destes estabelecimentos poderão vir a receber mais tarde os subsídios de férias, devido às dificuldades de tesouraria.
A AAEP tem levantado a questão do ensino especial junto do Governo, nomeadamente em audiências com responsáveis da tutela e em ofícios, aos quais afirma não ter resposta.Porém, um dos associados recebeu da Direcção Regional de Educação de Lisboa e Vale do Tejo um pedido de informação sobre o eventual encerramento da escola. A estrutura descentralizada do ministério questionava se os pais já estavam informados e pedia informações para estudar alternativas.
“Parece-me uma atitude lamentável. Perante um pedido de uma escola, de um apoio que entende ter direito, de financiamento, a resposta do Estado ser: Avise os pais que vai fechar e diga-me quem são os alunos para eu os pôr noutro sítio”, indignou-se Queiroz e Melo.
“Não compreendemos como é que a Administração Pública pode pôr isto por escrito, especialmente porque pressupõe que estes alunos vão ser atirados para algures, onde não têm necessariamente a resposta que têm num colégio do ensino especial”, criticou.
Num último ofício, datado 28 de Abril e dirigido à ministra Isabel Alçada e ao secretário de Estado adjunto Alexandre Ventura, a AEEP lembra um anterior (de 6 de Abril) e questiona os governantes sobre a situação atual e futura dos colégios de ensino especial.
Segundo Queiroz e Melo, estão em causa cerca de 20 colégios. Algumas estruturas de maior dimensão têm feito face às dificuldades de financiamento do ensino especial recorrendo a fundos de outras valências, referiu.
“O problema é que quando se desvia fundos de uma valência para outra não se está a investir. O serviço educativo estava a ser coberto pelo Estado e para podermos continuar a manter este serviço de qualidade às crianças é preciso que o financiamento se mantenha”, defendeu.
A AEEP requereu à tutela várias formas de financiamento, para projectos específicos ou para acudir aos colégios em situação difícil, fruto da “ausência de encaminhamentos propostos para estabelecimentos de ensino especial”, devido à política de inclusão de muitos destes alunos em escolas do ensino regular e à natural saída de outros porque atingem determinada idade ou encontram outras respostas na comunidade.
A AEEP afirma não ser contra a inclusão, mas com o financiamento associado ao número de alunos as verbas dos colégios caíram, pelo que desafia o ministério a esclarecer se há espaço para estes estabelecimentos em Portugal e se tenciona construir um grupo de trabalho entre a associação, um núcleo de colégios e a tutela para definir condições e recursos.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Prótese ocular sintética está a chegar

Para muitos pacientes que ficaram invisuais após um acidente ou doença, um transplante de córnea poderia restaurar-lhes a visão. Cada ano, 40 mil pessoas na Europa – só na Alemanha são uns sete mil – aguardam a oportunidade de poder ver de novo, graças a doadores de córnea, mas os doadores são raros.
Joachim Storsberg, do Instituto Fraunhofer for Applied Polymer Research IAP (Alemanha) desenvolveu um material e um processo de produção para córneas de plástico – o que pode ajudar alguns doentes incapazes de tolerar algumas córneas de doadores devido a doenças específicas. Devido ao seu trabalho, o investigador foi recentemente galardoado com o prémio 2010 Joseph von Fraunhofer Prize.
A córnea artificial de escala em miniatura tem de atender a determinadas especificações quase contraditórias: por um lado, o material deve crescer firmemente com as células do tecido circundante, por outro lado, as células não devem estabelecer-se na região óptica da córnea artificial – isto é, no centro – já que acabaria por prejudicar gravemente a visão.
O lado externo do implante deve ser capaz de humedecer com o fluído da lacrimal – para que a pálpebra possa deslizar, sem fricção –; caso contrário, ficará enevoado no lado de dentro e, por conseguinte, o paciente precisaria de uma nova prótese. Storsberg encontrou a solução para este problema com o seu polímero hidrofóbico. Este material já fora usado durante algum tempo em oftalmologia, por exemplo, para lentes intra-oculares. Para satisfazer as características necessárias, o polímero teve de passar por complexas etapas de desenvolvimento. O material foi completamente modificado a nível químico, e, posteriormente, testado para aprovação pública.
Projecto europeu
A fim de alcançar as características desejadas, o implante foi revestido com vários polímeros especiais e com uma proteína que dispõe de um factor de crescimento. As células naturais envolventes têm a capacidade de detectar essa propriedade, propagando-se e preenchendo a superfície da córnea, até esta alcançar a estabilidade.
A prótese ocular, desenvolvida por médicos e fabricantes do projecto europeu «Córnea Artificial» precisou de três anos de investigação interdisciplinar. A primeira etapa foi enviar o implante para Karin Kobuch, da Universidade de Regensburg e para o centro médico da Universidade Técnica de Munique.
A especialista examinou as córneas artificiais em olhos de suínos dissecados e as culturas de células especializadas. Outra equipa, do Centro Universitário de Oftalmologia em Halle (Saale), testou os modelos mais complexos em coelhos. O desenho foi, entretanto, redefinido: as ópticas ficaram menores, e o implante táctil ampliado, a fim de manter uma construção mais estável. Em 2009, a prótese já estava a ser usada com sucesso; agora, espera-se que os implantes cheguem daqui por uns meses.

INCLUSÃO ESCOLAR DO PORTADOR DE PARALISIA CEREBRAL: ATITUDES DE PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL

Trata-se de um artigo de Claudia GOMES e Altemir José Gonçalves BARBOSA, cujo resumo se segue:
As atitudes em relação às pessoas com as necessidades especiais representam um dos mais importantes fatores para o sucesso da escola inclusiva. Para avaliar as atitudes do professor quanto à inclusão de portadores de paralisia cerebral (PPC), um questionário com uma escala de atitude foi aplicado em 68 professores de ensino fundamental. Foi evidenciada discordância com relação à inclusão de PPC na escola. A análise fatorial levou a seis fatores que podem explicar tais atitudes: como ensinar PPC em classes normais; sentimentos e emoções de professores na presença de PPC; contato com os PPC; o tipo de educação mais adequado para os PPC; rendimento escolar da sala de aula com a presença de um PPC; e preconceito na sala de aula. Dissonância entre as dimensões afetiva, cognitiva e denotativa das atitudes dos professores foi constatada, a discordância e a dissonância evidenciadas podem representar barreiras quanto à inclusão escolar de PPC.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Hiperactividade é a perturbação mais diagnosticada

A hiperactividade com défice de atenção nas crianças e a depressão nos adolescentes são as perturbações pedopsiquiátricas mais diagnosticadas em Portugal, onde "não há números fiáveis", porque os diagnósticos são "muito complexos", revelou hoje um especialista.
No grupo das crianças, até aos 12 anos, a hiperactividade com défice de atenção é a perturbação pedopsiquiátrica "mais diagnosticada e aparece muitíssimo", disse o presidente da Associação Portuguesa de Psiquiatria da Infância e Adolescência (APPIA), Augusto Carreira.
"A partir dos três anos e até aos 11, 12 anos, a hiperatividade com défice de atenção é o grande problema", sublinhou o pedopsiquiatra, que falava a propósito do 21.º Encontro Nacional de Psiquiatria da Infância e Adolescência, que decorre entre quarta e sexta feira em Beja.
Na adolescência, entre os 12 e os 18 anos, "os diagnósticos psiquiátricos aproximam-se mais dos adultos e já começa a aparecer a depressão", a perturbação pedopsiquiátrica "mais frequente".
Segundo Augusto Carreira, em Portugal "não há números concretos e fiáveis nem estatísticas" sobre as perturbações pedopsiquiátricas que mais afectam crianças e adolescentes, porque os diagnósticos "são muito complexos".
"Não é fácil fazer diagnósticos de perturbações psiquiátricas na infância e na adolescência, porque não são estáticos", já que "as crianças e os adolescentes estão em evolução", explicou.
"Há um natural desenvolvimento psicológico que altera os diagnósticos feitos a determinada altura" e, por isso, "não há muito o hábito de fazer diagnósticos em Portugal e na Europa", sublinhou.
No caso das crianças em idade escolar, a escola, "mais do que a própria família, é o primeiro grande filtro de perturbações", disse.
"No geral, é a escola que serve de alerta, porque é lá que os professores se apercebem de que as crianças não aprendem, têm dificuldades de leitura e de escrita ou não conseguem estar concentradas", explicou.
"Se falarmos de crianças em idade pré-escolar, são as educadoras de infância que estão cada vez mais atentas para este tipo de problemas, ou os próprios pais que servem de alerta", disse.
Segundo Augusto Carreira, "os adolescentes de hoje não são mais doentes do que os de há uns anos, mas hoje há um olhar diferente e mais possibilidades de fazer diagnósticos".
"Houve uma mudança nos hábitos dos adolescentes que talvez tenha introduzido uma ligeira alteração nas queixas apresentadas", ou seja, "hoje em dia é muito mais frequente os pais procurarem profissionais de saúde mental porque os adolescentes têm problemas sérios de comportamento".
Em Portugal, a pedopsiquiatria "tem sido o parente pobre da psiquiatria" e "não tem tido a atenção dos responsáveis" pela Saúde Mental, sobretudo devido à "resistência social em aceitar que as crianças possam ter perturbações e doenças psiquiátricas".
"Normalmente, confundem-se as perturbações psiquiátricas com questões de desenvolvimento, de educação, que vão passar", explicou.
A pedopsiquiatria, frisou, "tem recebido recursos muito diminutos" quando comparados, por exemplo, com a toxicodependência, que "tem absorvido o grosso dos recursos financeiros e humanos da psiquiatria" em Portugal.
A depressão, as perturbações afectivas, comorbilidades na perturbação de hiperactividade e défice de atenção na infância e adolescência e parassuicídio são os temas em debate no encontro, que inclui ainda comunicações livres e workshops.

PERTURBAÇÃO DE HIPERACTIVIDADE E DÉFICE DE ATENÇÃO

O Agrupamento de Escolas de Sátão vai promover um workshop subordinado ao tema "PERTURBAÇÃO DE HIPERACTIVIDADE E DÉFICE DE ATENÇÃO", no dia 31 de Maio e 2 de Junho.
Os temas a abordar são:
- Desordem por Défice de Atenção com e sem Hiperactividade, agitação motora e impulsividade
- Causas e processos inerentes à Hiperactividade e Défice de Atenção
- Comorbidades e Problemas associados: Dificuldades de Aprendizagem, Agressividade, comportamentos de Oposição, Auto-Estima
- Medidas pedagógicas para o Jardim de Infância e Ensino Básico
Para consulta do programa, aqui.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Transição da Escola para a Vida Adulta dos Alunos com Necessidades Educativas E


Fórum INR, I.P.: Transição da Escola para a Vida Adulta dos Alunos com Necessidades Educativas Especiais

Local: Auditório do Instituto Nacional para a Reabilitação, Lisboa

Data: 27 de Maio de 2010

Hora: das 15h00 às 17h30

Este Fórum terá como dinamizador o Dr.g Francisco José Pires Alves do Agrupamento de Escolas Deu-la-Deu Martins de Monção, com investigação actualizada nesta matéria. A entrada é livre e terá serviço de intérprete de Língua Gestual Portuguesa.

Contactos:
Dr. Adalberto Fernandes
Instituto Nacional para a Reabilitação, I.P.

Avenida Conde de Valbom, nº 63 1069-178 Lisboa

Tel: 21 792 95 00

Fax: 21 792 95 96



domingo, 16 de maio de 2010

Pablo voltou a andar com hormonas de crescimento


Contra todas as previsões dos clínicos, um jovem espanhol recuperou a 100% de um acidente de automóvel. Foi o próprio pai, médico e investigador, quem decidiu aplicar-lhe um método pioneiro que utiliza hormonas de crescimento na regeneração de lesões. Os médicos portugueses dividem-se sobre este novo tratamento: para uns é uma esperança para doenças neurológicas; para outros levanta ainda muitas dúvidas éticas e de segurança.
Uma clínica espanhola, em Santiago de Compostela, promete resultados surpreendentes na cura de doenças cerebrais e de deficiências motoras, com a aplicação de hormonas de crescimento. Os benefícios destas substâncias produzidas naturalmente na hipófise (glândula situada na base do cérebro) são reconhecidos por exemplo para aumentar a altura em pessoas com problemas de crescimento (ver texto ao lado). Mas, na regeneração dos neurónios, este programa é pioneiro.
Com este tratamento, o director do Centro de Reabilitação Foltra, Jesús Devesa, professor catedrático na Universidade de Santiago de Compostela, conseguiu recuperar o filho, que ficou com lesões cerebrais depois de um grave acidente de carro. Foi o seu primeiro doente. E Pablo, hoje com 29 anos, conseguiu voltar a andar, falar e comer. Depois dele, o tratamento foi usado noutros 300 doentes paraplégicos ou com deficiência mental congénita ou adquirida. "Injectamos hormonas de crescimento na área subcutânea do braço, que induzem a produção de células- -mãe e regeneram os tecidos danificados", descreve Jesús Devesa ao DN, assegurando uma taxa de sucesso na casa dos 90%. Entretanto, a descoberta veio a público em Espanha e a técnica vai ser aplicada também num centro de paraplégicos de Toledo.
As hormonas de crescimento seriam uma solução para os 150 mil portugueses com deficiência motora ou os 75 mil que sofrem de lesões cerebrais? Ou ainda os 200 novos casos de crianças com paralisia cerebral que nascem por ano em Portugal? Os médicos dividem-se. Embora não conheçam bem o tratamento, uns acreditam que pode ser uma esperança nos casos de paraplegias. Para outros é uma "aplicação meramente experimental e episódica", sem explicações científicas fundamentadas e com implicações no plano ético e da segurança.
Pablo Devesa tinha saído de casa para se encontrar com os amigos, quando um acidente de viação o lançou num coma profundo durante um mês. "Lembro--me estar a chover muito e de eu ter embatido numa casa", conta o biólogo ao DN. Depois, ficou tudo escuro e imóvel.
O acidente atirou--o para uma cama nos cuidados intensivos, com um traumatismo cranioencefálico e uma hemiplegia - uma paralisia das funções de um lado do corpo. "O traumatismo comprometeu o lado esquerdo do meu cérebro. Quando acordei, os médicos não me davam muitas esperanças de recuperação. Não conseguia falar, comer ou andar", lembra Pablo.
Já em casa, o pai, Jesús Devesa, não hesitou em aplicar no filho os ensinamentos que desenvolvera durante anos em laboratório. "Estava consciente do que fazia. Sabia que era eficaz e tinha de acreditar nisso", sublinha o médico.
Durante os meses seguintes, Pablo recebeu diariamente uma dose de hormonas de crescimento (produzidas industrialmente a partir de engenharia genética), em ciclos de 15 dias. "O seu efeito chega às zonas onde está a lesão, levando à proliferação de células-mãe e restituindo os estímulos nervosos no local afectado", diz Pablo. O tratamento era articulado com um plano intensivo de fisioterapia.
"Cada caso é um caso e a dose a aplicar depende da doença, da idade e do progresso do paciente", indica Jesús Devesa, acrescentando: "Nas crianças, o processo de recuperação é mais rápido, pois a neuroplasticidade promove uma proliferação mais célere das células".
Pablo tinha 22 anos, e a sua recuperação fez-se em oito meses. "Fiquei curado, sem sequelas. A recuperação foi a 100%. Hoje levo uma vida completamente normal, como qualquer jovem. Jogo futebol, bebo um copo com amigos."
Mais: está há um ano a trabalhar no Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra, como investigador, e a terminar a tese de doutoramento a defender dentro de semanas. A base da investigação? O seu próprio caso e as implicações das hormonas de crescimento no processo de neuroregeneração. "É um trabalho que segue as linhas de orientação da investigação do meu pai. Quero comprovar os resultados em humanos, sem efeitos secundários, no sentido de dar uma base científica mais aprofundada", diz Pablo Devesa.
O tratamento não é consensual nos especialistas portugueses. José Luís Medina, director do Serviço de Endocrinologia do Hospital de São João, mostra-se optimista: "Cientificamente devemos esperar pelos resultados do estudo, mas é uma esperança." "Devido às suas propriedades de crescimento e proliferação celular, talvez se possam obter alguns efeitos em situações como esta", diz Manuela Carvalheiro, presidente da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo.
Já Fernando Baptista, do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, é mais céptico. "Será uma aplicação meramente experimental e pode ser geradora de falsas expectativas", alerta. "Nos últimos anos têm sido demonstrados outros efeitos a nível metabólico, mas não é o caso dos efeitos eventualmente neuroregeneradores deste caso."
O presidente da Sociedade Portuguesa de Neurociências, João Malva, coordenador da equipa onde trabalha Pablo Devesa, no centro de neurociências, mostra-se bastante crítico. "É um tratamento que tem implicações sérias no plano ético e da segurança, uma vez que a hormona do crescimento pode trazer problemas secundários muito significativos associados à proliferação descontrolada de células, como em tumores", avisa o biólogo. "Acreditar na sua eficácia é uma questão de fé, porque do ponto de vista científico não há explicações fundamentadas. Mas a motivação dos pacientes pode fazer milagres", conclui.


sexta-feira, 14 de maio de 2010

Wind in Cap na Nazaré


Há iniciativas que devemos acarinhar, pelo que representam de ousado e inovador, para além de valorizar as sementes de esperança na construção de um mundo melhor...
A CERCINA, Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Crianças Inadaptadas, sediada na Nazaré, abraçou o projecto europeu de acessibilidade náutica “Wind In Cap - Sul”.
Trata-se de um projecto que conta com a participação de mais de 1000 pessoas, adultos ou crianças com deficiência que irão partir numa aventura a “Volta pela Europa à Vela”, num Catamarã adaptado.
Entre os dias 17 e 21 de Maio irá realizar na Nazaré um grande evento marítimo.
Durante cinco dias toda a população poderá velejar num catamarã ou num barco de Classe Acess, fazer canoagem, iniciar a experiência do Surf, participar em jogos desportivos ou então assistir a um seminário sobre acessibilidades.
Com animações sobre a acessibilidade e uma forte mediatização, o Wind In Cap é um projecto de encontros e de intercâmbios entre pessoas com e sem deficiência da União Europeia.Particulares ou pessoas que trabalham em instituições, crianças ou adultos, pessoas com e sem deficiência e cada um de nós será o elo desta corrente humana.
Na sua viagem, o catamarã recolherá em cada escala projectos e realizações notáveis a favor da acessibilidade para as pessoas com deficiência. Os membros das equipas valorizarão estas iniciativas que serão apresentadas numa recolha destinada à rede europeia da pessoa com deficiência. Esta recolha participará à sua maneira no balanço do primeiro plano de acção da União Europeia tendo em vista promover a igualdade de oportunidades das pessoas com deficiência e que terminará em 2010. Mais informação aqui.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

20% das crianças nascem com problemas de visão


O especialista Rui Castela advertiu hoje, quinta-feira, que cerca de 20% das crianças nascem com problemas de visão. Refere ainda que falta atenção para um problema que, tratado precocemente, pode ser recuperado em mais de 90 por cento dos casos.
No entendimento de Rui Castela, director do serviço de oftalmologia do Hospital Pediátrico de Coimbra, o ideal era que as crianças passassem pelo oftalmologista uma vez por ano, ou no mínimo que tivessem um contacto até aos quatro anos, se não pertencem a grupos de risco.
Se este problemas não forem resolvidos cedo, aos 10 ou 12 anos já tudo é irreversível", afirma.
Alerta para casos em que os cuidados devem ser redobrados, como por exemplo crianças que façam parte de grupos de risco, pertençam a famílias com problemas de visão, serem gémeos, terem problemas motores ou de desenvolvimento, ou terem tido problemas no parto.
Afirma, no entanto, que a situação tem vindo a melhorar e que a expectativa é que a sua equipa no Hospital Pediátrico de Coimbra atinja as quatro mil consultas no final de 2010.
Rui Castela é também organizador do Congresso Internacional de Cirurgia de Estrabismo, cuja 7ª edição decorre entre os dias 20 e 22 no Luso. Refere a importância da sua realização, pois defende que "a grande prevalência destas doenças e as interrogações que elas ainda colocam tornam fundamental que os especialistas se reúnam e troquem experiências sobre os novos estudos realizados e os tratamentos disponíveis".
Entre os temas em destaque naquela reunião científica estará o estrabismo, mas irá abordar-se as doenças dos olhos na generalidade. Irão ainda discutir-se outras patologias de foro pediátrico.

Plano de Acção para a Integração de Pessoas com Deficiência aquém das necessidades

No passado mês de Dezembro terminou o Plano de Acção para a Integração de Pessoas com Deficiência que teve, segundo o Governo, 68% das medidas propostas concretizadas. No entanto, segundo a opinião do presidente da Associação Portuguesa de Deficientes (APD), "o plano ficou muito aquém das necessidades das pessoas com deficiência".
Segundo Humberto Santos, "o plano não integrava grande leque de medidas impactantes e inovadoras, não se preocupava com o desenvolvimento dos instrumentos. Não é suficiente criar legislação, é decisivo ter essa legislação implementada". No entanto, uma fonte do Gabinete da secretária de Estado Adjunta e da Reabilitação ressaltou que no PAIPDI (2006/2009), "de um total de 99 medidas, 68 foram concretizadas durante o prazo estipulado, 12 encontravam-se em fase de execução em Dezembro", sendo que apesar de o plano já não estar em vigor, "algumas medidas nele inscritas têm continuidade".
Relativamente ao acesso à sociedade de informação, "o Governo e a Administração Central impuseram a criação de sítios governamentais e dos serviços públicos acessíveis, de acordo com as normas europeias" e, de 333 sítios, 93% estavam conforme o nível "A" das diretrizes.
O novo sistema de educação especial implicou "a reorganização dos recursos materiais e humanos" e "uma articulação mais eficiente" entre escolas e entidades responsáveis por aquele ensino, passando aquelas a centros de recursos.Por outro lado, Humberto Santos alerta que "em áreas essenciais para vida dos cidadãos com deficiência, como a educação, emprego e formação profissional, o plano falha redondamente, o que é grave"."Entre o plano das intenções, a concretização e as reais condições de vida das pessoas com deficiência vão diferenças muito significativas que devem ser tão rápido quanto possível suprimidas".

quarta-feira, 12 de maio de 2010

"Os pais precisam de formação"

"A maioria dos pais gostava de ir à escola mais vezes. Há uma minoria deles que vai e se sacrifica para isso. Depois é sabido que o relacionamento com os directores dos agrupamentos, na maioria dos casos, não é famoso e são sempre eles e os professores que têm a última palavra a dizer. Ultimamente, os encarregados de educação têm ido mais à escola por causa da violência. É preciso dar formação aos pais e mudar o Código do Trabalho para que eles possam ir mais vezes à escola."
JOAQUIM RIBEIRO

Pais mais afastados das escolas


Sala de pais nas escolas apontada como uma das soluções para combater ausência de acompanhamento.
Os pais estão cada vez mais afastados da vida escolar dos filhos. Os directores de escolas e associações de pais são unânimes em considerar que, se por um lado existe pouca motivação dos pais no acompanhamento dos resultados escolares, a verdade é que as leis laborais também não dão as condições para que isso possa acontecer.
"A experiência que tenho da minha escola é que se tem notado um afastamento dos pais em relação à vida escolar dos filhos", defende Pedro Araújo, da Associação Nacional de Dirigentes de Escolas. "Tenho um caso na minha escola em que o aluno vive com o avô de 80 anos, que para vir à escola tem de apanhar o autocarro e táxi e por isso só vem aqui depois de muita insistência", conta Pedro Araújo. Segundo o também director da Escola Secundária de Felgueiras, "há ainda pais que raramente vêm à escola, como o caso dos que vivem sozinhos e que não podem faltar ao trabalho".
Para combater essa situação, o professor Ramiro Marques, autor do profblog, defende a criação de uma sala de pais nas escolas como "uma forma de promover o envolvimento parental na educação dos filhos e de estimular uma boa relação da escola com as famílias". Assim, segundo o professor, o objectivo seria "criar um espaço na escola que seja gerido por pais e onde eles se possam reunir e guardar material da escola".
Uma ideia bem recebida pelas confederações de pais, que reconhecem que os pais gostariam de ir à escola mais vezes. "É preciso levar os pais às escolas, e a promoção do trabalho entre pais e professores para debater estratégias é cada vez mais necessária", explica Albino Almeida, da Confederação Nacional de Associações de Pais (Confap).
Mas a "culpa" da ausência nas escolas, defendem os responsáveis ouvidos, não é exclusivamente dos pais. "São as condições socioeconómicas do País", sublinha Eleonora Bettencourt, do Sindicato dos Professores do Ensino Pré-Escolar e Básico. O dedo é apontado às leis do trabalho, que não garantem "flexibilidade" na ausência dos encarregados de educação do trabalho, para estarem mais presentes nas escolas.
"A maior dificuldade para os pais é não poderem ir às escolas por causa da limitação de faltas do Código do Trabalho", concorda Joaquim Ribeiro, da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação. "É preciso mudar o Código do Trabalho para os pais poderem ir mais à escola", concluiu.
Os parceiros concordam que há que treinar a motivação não só dos alunos, mas também dos pais. Uma tarefa difícil, mesmo com uma sala de pais nas escolas. "A sala de pais é uma iniciativa de louvar, mas não acredito em soluções universais e sim em cada escola ter a sua solução", sublinha Pedro Araújo. "É uma boa ideia", segundo Eleonora Bettencourt, "mas difícil de concretizar, até porque os pais teriam de faltar umas horas por mês ao trabalho".
Segundo o presidente do Conselho de Escolas, Álvaro dos Santos, "há uma outra prática de louvar que começa a emergir nas escolas, que é a participação dos pais em reuniões informais de apresentações de trabalhos dos filhos com os professores".
(...)

terça-feira, 11 de maio de 2010

Empatia através do som

Vídeo que documenta um projecto de parcerias criativas numa escola de educação especial, com alunos com multideficiência (paralisia cerebral, epilepsia, problemas sensoriais, do espectro do autismo, etc).

Educação Inclusiva e Necessidades Educativas Especiais


IEncontro Internacional de Educação Inclusiva e Necessidades Educativas Especiais, com a presença de Sharon Vaughn, PhD., destacada especialista norte-americana nas áreas de Educação Inclusiva, Diculdades de Aprendizagem Especícas e Problemas de Comportamento.
Ao longo de dois dias, diversos workshops e conferências irão proporcionar um debate aberto e pragmático entre especialistas, pais e professores, para responder ecazmente aos desaos colocados pela escola inclusiva e pela diversidade de alunos com necessidades especiais.

LOCAL: Universidade do Minho
DATAS:
28 de Maio – workshops
29 de Maio – conferências
INSCRIÇÕES através do n.º 707 22 33 66 (Linha do Professor Porto Editora), até dia 26 de Maio
• Dia 1 + dia 2: 40 € (inscrições limitadas de 25 vagas por workshop no dia 1)
• Apenas dia 2: 20 €
O VALOR DE INSCRIÇÃO INCLUI A ENTREGA DE:
• 1 exemplar da obra A escola contemporânea e a inclusão de alunos com NEE - Considerações para uma educação com sucesso
• 1 exemplar do livro A utilidade da CIF em educação: um estudo exploratório.
• 1 exemplar do último número da revista Inclusão
No final do evento será entregue um certicado de participação a cada participante.
Para mais informações aqui.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Deficiência: nova estratégia nacional está em "fase final de desenvolvimento"

A Estratégia Nacional para a Deficiência está "na fase final de desenvolvimento", disse à Lusa fonte governamental. O plano que a antecedeu terminou em dezembro, mas a secretária de Estado da Reabilitação garante que há medidas em curso.
Para Idália Moniz, "o facto de a estratégia estar em construção não significa que as medidas não estejam a ser desenvolvidas".
Segundo fonte do Gabinete da secretária de Estado adjunta e da Reabilitação, a estratégia está a ser ultimada para aprovação em Conselho de Ministros e "a grande diferença será um compromisso maior entre o Governo e as organizações da sociedade civil".
Em declarações à Lusa, Idália Moniz concretizou que a estratégia "tem recebido os contributos da sociedade civil e está numa fase de negociação com o Governo".
"Vai ter um conjunto de objetivos, de metas, princípios assentes nos cinco pilares da Convenção" das Nações Unidas para os direitos da pessoa com deficiência, que Portugal assinou em julho do ano passado.
Deficiência e multidiscriminação, justiça e exercício de direitos, autonomia e qualidade de vida, acessibilidades e design para todos e modernização administrativa e sistema de informação são as áreas listadas na estratégia.
Idália Moniz recordou que o país também assinou um protocolo opcional que obriga a que Portugal seja avaliado de dois em dois anos. Este acordo "já foi ratificado e é para cumprir de uma forma transdisciplinar por todas as áreas da governação", disse.
O novo instrumento das políticas para a área da deficiência será coordenado pelo Ministério do Trabalho e Solidariedade Social e terá "responsabilidades partilhadas e distribuídas pela quase totalidade" das áreas governamentais, já que "as políticas para a deficiência são necessariamente tão amplas como as pensadas para os restantes cidadãos", referiu a fonte do gabinete da secretária de Estado.
Esta estratégia sucede ao Plano de Acção para a Integração das Pessoas com Deficiências ou Incapacidade (PAIPDI), que vigorou entre 2006 e dezembro de 2009.
Fonte do Gabinete afirmou que "foi pedido aos dirigentes dos principais organismos em que estão federadas as organizações representativas das pessoas com deficiência que enviassem contributos".
O presidente da Associação Portuguesa de Deficientes (APD), Humberto Santos, disse à Lusa que esta entidade não foi convidada a dar contributo, mas, por iniciativa própria, elaborou e entregou a sua proposta.
"É fundamental criar um conjunto de sinergias que permitam a concretização dos princípios e filosofia da Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência. Não podemos continuar a legislar em sentido contrário àquilo que aprovamos internacionalmente", defendeu.
Além da educação, que considerou uma área decisiva, o presidente da APD apontou as acessibilidades e o emprego.
Existe cerca de um milhão de pessoas com deficiência em Portugal, um número que, segundo Humberto Santos, tende a aumentar, porque a população está a envelhecer.

Eu, Tu e o Desporto

O ABA – Centro de Terapias Comportamentais destina-se à resolução de problemáticas comportamentais, cognitivas e emocionais, com base na análise comportamental aplicada (Applied Behaviour Analysis - ABA), uma área de investigação inovadora em Portugal. Divulgar a metodologia é um dos principais objectivos, assim como a sua eficácia na intervenção educacional e clínica.
Neste sentido e, por cada vez mais sermos procurados, o Centro ABA está a organizar um evento de cariz social temático “Sportday – Eu, Tu e o Desporto”, a realizar dia 21 de Maio. As actividades desportivas decorrerão na Quinta da Beloura - Centro Hípico, Rua Moinho Zangão 2710-702 Sintra.
O maior objectivo é promover o conceito de inclusão de indivíduos com Necessidades Educativas Especiais em todas as actividades da vida quotidiana. Desta forma, surge o “Sportsday- Eu, Tu e o Desporto”. Um dia inteiramente dedicado ao desporto, à prática de várias modalidades desportivas e à experimentação de novas experiências.
No dia 21 de Maio, o Centro Hípico da Quinta da Beloura, vai-se encher de animação e movimento.
O objectivo é que as escolas organizem uma equipa de 8 a 12 crianças e 2 a 4 adultos (professores, auxiliares de educação ou mesmo familiares) para participar nas actividades de forma a acumular o maior número de pontos possíveis.
A ideia é que as escolas que possuem Unidade Estruturada ou que trabalhem com crianças com Necessidades Especiais, as tentem inserir nas equipas de forma que estes também possam participar nas actividades. Existirão actividades divertidas mas fáceis de desempenhar e pelo menos um monitor em cada actividade que estará disponível para ajudar no que for preciso. No final do dia é feita uma contagem e são distribuídos prémios às equipas mediante a classificação obtida.
A par das actividades que permitem ganhar prémios, haverá zonas em que as crianças podem experimentar novas experiências: andar a cavalo, dançar hip-hop, entre outras coisas.
Haverá um espaço de diversão para que possam saltar, correr e divertir-se e alguns momentos de entretenimento.
Contacto para mais informações:
Telefone: +351 214 839 313
Fax : +351 214 839 315
Telemóvel Geral : +351 931 440 17
Morada
ABA Centro de Terapias Comportamentais
Av. de Sintra, Lote 22750-494 Cascais

Informática na Educação Especial

Por http://educadoraespecial.blogspot.com/

domingo, 9 de maio de 2010

Deficientes à beira de ter bairro especial


A lavandaria e as estufas já trabalham, com 27 trabalhadores, 15 dos quais deficientes. Ao lado, as 12 residências autónomas esperam habitantes, também eles "diferentes". As novas obras do MAPADI, em Terroso, Póvoa de Varzim, foram, ontem, inauguradas.
O projecto em Terroso, que se estende por uma área de 35 mil metros quadrados, foi "um sonho" e começou "a medo": hoje, a lavandaria já trata 200 quilos de roupa por dia de restaurantes e lares da região e, nas estufas, as rosas e as alfaces são vendidas para fora. "O homem sonha e o mundo avança", frisou Aparício Quintas, o "pai" do MAPADI (Movimento de Apoio de Pais e Amigos ao Diminuído Intelectual), que dirige há 33 anos, sempre com um mesmo objectivo: ajudar deficientes de famílias carenciadas a ter melhores condições de vida e, se possível, integrá-los no mercado de trabalho.
No Centro de Emprego Protegido (CEP) foram investidos 750 mil euros, 70% dos quais financiados pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional e, 100 mil euros, pela Câmara da Póvoa.
Já quase prontas estão ainda as residências autónomas, cada uma com um quarto, uma sala, uma pequena cozinha e uma casa de banho, num dos poucos projectos do género existentes em Portugal, a receber deficientes com autonomia suficiente para residirem sozinhos, com a privacidade de uma casa particular, mas em "comunidade fechada", com refeitório, a assistência médica e de enfermagem e fisioterapia conjuntos.
Cada casa poderá albergar duas pessoas, sejam casais ou familiares. O complexo custou 850 mil euros e foi cofinanciado pelo programa PARES.
"Desde 2004, passamos de 15 mil lugares para pessoas com deficiência para mais de 22 mil", referiu a ministra do Trabalho e da Solidariedade Social, que inaugurou os novos equipamentos do MAPADI, acrescentando que em acordos de cooperação, só em 2009, foram empregues cerca de 1,1 milhões de euros.
Helena André mostrou-se satisfeita com os postos de trabalho criados, numa instituição que entre a formação, actividades ocupacionais, lar e CEP dá apoio a 240 deficientes.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Rastreio gratuito de terapia da fala

Em todos os jardins de infância do distrito de Bragança e do concelho de Foz Côa realizou-se desde há 3 anos o rastreio da terapia da fala. A iniciativa é do agrupamento de centros de saúde do Nordeste, e envolve todas as crianças, com mais de 5 anos. (...)
Este rastreio de terapia da fala é uma iniciativa inédita realiza-se há 3 anos com as crinaças dos três concelhos que fazem parte do agrupamento de centros de saúde do Nordeste. Todas as crianças que completam 5 anos, são submetidas a este teste de articulação.
"O nosso grande objectivo portanto é sinalizar precocemente, conseguirmos estas idades ver os que precisam de acompanhamento entre eles começarem. (...) Em 2009 o rastreio envolveu quase 800 crianças 188 continuam em vigilância. 117 foram encaminhadas para sessões de terapia da fala, que decorre em todos os centros de saúde do agrupamento. Este ano, já foram avaliadas mais de 300 crianças."

RTP

Estão a aumentar os casos de violência contra crianças em famílias ricas



Estão a aumentar os casos de crianças e jovens em risco nas famílias mais ricas. A denúncia é da presidente da Comissão Ocidental de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) de Sintra. "Temos processos transversais a todos os estratos sociais, mas há cada vez mais casos oriundos dos mais elevados", diz Teresa Villas. A denúncia foi feita durante a apresentação dos relatórios das duas CPCJ de Sintra, a ocidental, que abrange a zona mais rural, e a oriental, que abrange as duas cidades de Agualva-Cacém e Queluz.
"Quanto mais elevada é a classe social, mais complicado é o nosso trabalho, porque esta gente tem uma influência política enorme, alguns até são de concelhias de partidos, outros são advogados que nos enfrentam ou têm sempre um escritório a representá- -los", diz.
Apesar de não poder entrar em pormenores, Teresa Villas diz tratar-se de famílias "que saem nas revistas cor-de-rosa", que vivem em zonas como a Quinta da Beloura, as quintas de Sintra ou o Casal da Granja.
A denúncia é corroborada por Helena Vitória, responsável pela CPCJ Oriental. "Não temos tantos, mas há casos sinalizados no Belas Clube de Campo, por exemplo, onde há maior resistência e todo um saber para contornar as coisas. São famílias que vêm às reuniões com advogados, e embora alguns tentem olhar para o que se passa com a criança, já houve advogados com uma postura ética extremamente má."
Segundo esta técnica, as situações ocorrem em famílias ditas normais e envolvem "maus tratos psicológicos e conflitos familiares como casos de violência doméstica".
Ao contrário das famílias mais pobres, que "são visíveis e deixam--se expor, estas não. Sabem resguardar-se, têm pediatra e psicólogo privado, encomendam os relatórios, pagam o que for preciso e chegam a ameaçar as comissões", acrescenta Teresa Villas.
A situação é do conhecimento da Comissão Nacional de Protecção das Crianças e Jovens em Risco, que diz estar a acompanhar o problema. "É um fenómeno transversal, mas é um problema muito sério em que vamos ter de pensar, porque há um conjunto de pessoas e instituições que acham que a lei não se aplica às crianças e jovens que pertencem a determinadas camadas da população", admite Maria de Fátima Duarte.
Em declarações ao DN, a representante da Comissão Nacional avança que "há situações gravíssimas em que as CPCJ pedem a colaboração a colégios particulares que se recusam terminantemente a dar qualquer tipo de informação". "Muitas vezes até escondem, o que coloca as crianças em situações de perigo ainda maior", lamenta.
Além disso, revela, há pressões directas sobre a comissão. "Quando não conseguem resolver as coisas ao nível das CPCJ recorrem à Comissão Nacional porque não querem a intervenção sobre as suas crianças e acham que por pertencerem a uma elite o sistema de protecção não funciona com elas. Chegam a pedir relatórios a psicólogos e pedopsiquiatras, o que dificulta o trabalho, mas não impede a protecção. Quando as famílias não colaboram os casos são remetidos para tribunal", assegura a mesma fonte.
Contactado pelo DN, o presidente da Comissão não quis comentar o assunto, remetendo qualquer análise para a apresentação do relatório nacional em Junho.
As duas CPCJ de Sintra registaram mais 1152 casos em 2009, valor que a somar aos casos transitados e reabertos soma 2814 casos em curso.
"A maior parte ocorre em famílias nucleares, com pai e mãe, ambos a trabalhar, e em famílias sem problemas sociais que não vive dos subsídios. O discurso dos pais separados e com dificuldades serve apenas para tranquilizar consciências", adianta Teresa Villas.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Conduzir uma cadeira de rodas só com o olhar

Já é possível conduzir uma cadeira de rodas eléctrica, fazer chamadas de telemóvel ou acender e apagar a luzes ou a televisão apenas com a direcção do olhar. Tecnologia 100% portuguesa foi desenvolvida na Guarda.
O projecto chama-se "Magic Key" e é uma aplicação informática desenvolvida no Instituto Politécnico da Guarda, dirigida a pessoas com dificuldades físicas ao nível dos membros superiores, permitindo utilizar todas as aplicações de um vulgar computador.
A tecnologia foi agora aplicada a uma cadeira de rodas eléctrica, que já foi testada em pessoas que apenas têm a capacidade mexer os olhos. O sistema, de tecnologia portuguesa, utiliza uma câmara de alta definição e uma aplicação informática que determina a direcção do olhar do utilizador, que é depois enviada ao módulo de controlo da cadeira que permite transformar os parâmetros recebidos em movimentos da própria cadeira.
Para que a cadeira ande para a frente, o utilizador tem que olhar para cima de um ponto de referência que se situa próximo da câmara. Para a cadeira andar para trás, o utilizador tem que olhar para uma zona abaixo do ponto de referência.O mesmos se passa quando quer virar para a esquerda ou para a direita, bastando assim olhar para a direcção para onde quiser ir.
Uma câmara de alta-definição ligada ao computador capta as imagens da face do utilizador e transmite-as à aplicação desenvolvida, que determina o local do monitor para onde o utilizador está virado e posiciona nesse local o cursor do rato. Quando o utilizador fecha os olhos, a aplicação interpreta essa acção como se isso significasse o premir do botão do rato.
Para escrever sem as mãos, utiliza-se um vulgar teclado virtual no ecrã. O utilizador só terá que posicionar o cursor do rato na letra pretendida e piscar o olho. De imediato a tecla seleccionado será enviada para a aplicação.
Esta tecnologia tornou possível que pessoas com deficiências motoras graves possam utilizar qualquer programa instalado no computador, como navegar na Internet, fazer chamadas de telemóvel, conversar em chats ou fóruns, escrever em processadores de texto, entre outras.
Objectivo: ajudar pessoas com deficiências motoras
O projecto Magic Key começou há cerca de cinco anos. Luís Figueiredo, engenheiro de comunicações e telecomunicações pensou que poderia utilizar as potencialidades das novas tecnologias para melhorar a vida de pessoas com deficiências. "Queria que pudessem interagir com um computador de uma forma fácil, simples e económica", explica, acrescentando que, no caso dos equipamentos comandados apenas com o olhar, o grande investimento monetário está na câmara de alta-definição que tem de se aplicar ao computador.
Pensou em conjugar o mundo da electrónica, comunicações e informática e aplicá-lo às necessidades de pessoas com deficiência e fortemente incapacitadas. Luís Figueiredo, o responsável do projecto "Magic Key", afirma que vai até onde a imaginação e a criatividade o levar. Todavia, e apesar do apoio da Fundação PT, têm-se deparado com dificuldades para conseguir mais apoios financeiros que sustentem a investigação. "Estamos num Instituto Politécnico que ainda por cima fica no interior e nem sempre a investigação nestas unidades é bem apadrinhada. Não é fácil convencer as entidades. Prova disso é a Fundação para a Ciência e Tecnologia que nunca nos apoiou". As vendas dos produtos e serviços que desenvolvem são imediatamente investidas na investigação", explica. Garante que estão abertos à participação de empresas nos projectos de investigação mas avisa: "desde que entendam que o princípio deste projecto não é fazer lucros financeiros. Existem outros tipo de lucros, como ajudar as pessoas com graves deficiências".
Cada caso é um caso: não há duas pessoas iguais e cada uma têm as suas necessidades especiais. "É fundamental receber o retorno dos utilizadores para podermos adaptar a tecnologia a cada um", explica.
"Se tivéssemos design e marketing seria uma grande ajuda para tornar os produtos melhores e divulgar os nossos projectos. Para já interessa-nos a funcionalidade mas é importante, de futuro, adicionar um design mais apelativo e que se possa adequar melhor às necessidades do utilizador", diz.
Para saber mais ou pedir informações sobre o projecto Magic Key consultar: http://www.magickey.ipg.pt/ .

"É necessário promover mais informação"


Carla Vieira Faria, fundadora do site www.ajudas.com, refere que a sociedade portuguesa tem ainda muito a aprender sobre reabilitação e ajudas técnicas a pessoas com deficiências.
Carla Vieira Faria é especializada em desenvolvimento web acessível e formadora na área. É também investigadora e técnica de reabilitação ao nível das tecnologias e fundou o www.ajudas.com há cinco anos. Um site com muita informação acessível a todas as pessoas, aos cidadãos portadores de deficiência. Um portal sobre reabilitação e ajudas técnicas, que promove iniciativas solidárias. E é o único portal nacional e mundial a oferecer brinquedos e computadores adaptados a crianças jovens e adultos com deficiência.
Privilegia-se a parceria. "Em Portugal, existe a cultura de cada um fazer por si e isso é o que tentamos demonstrar que não resulta" - revela. Dedica-se a desenvolver soluções universais e acessíveis a todos. Tem, por isso, uma empresa que desenvolve tecnologia para equipamentos móveis, para que a informação esteja sempre disponível. Rigor, bons conhecimentos, saber quais os constrangimentos no acesso à informação. Tudo é importante para construir sites acessíveis a deficientes. "Cada pessoa pode ter necessidades muito diferentes e, infelizmente, em Portugal não se trabalha para um conjunto de pessoas. Pensa-se num caso e faz-se para esse caso" - alerta Carla Vieira Faria.
Educare: A sociedade tem consciência das dificuldades de quem vive num universo de reabilitação?
CVF: A nossa sociedade tem muito que aprender acerca destes assuntos. Já se sentem evoluções desde que temos a Secretaria de Estado e o novo INR, antigo SNRIPD, Instituto Nacional para a Reabilitação. Estes organismos são muito importantes para que se fale, se debata e se discutam assuntos de deficiência, reabilitação, integração de pessoas com deficiência, seniores, etc. O INR, em particular, é hoje um organismo mais ágil, dinâmico e que já é muito mais conhecido do que o que era. Foi um bom e importante passo para que a sociedade em que vivemos esteja mais actualizada acerca destes temas que, no fundo, são a nossa realidade pois estamos num país que está a envelhecer. E que infelizmente continua a ter inúmeros casos de nascimentos de crianças com deficiência, para além das doenças como Alzheimer, Parkinson, etc., tão frequentes hoje em dia.
E: O que é necessário mudar para compreender os problemas da mobilidade condicionada e das próprias deficiências?
CVF: É necessário promover mais informação. Mas esta informação carece de rigor. Infelizmente notamos que, muitas vezes, se abordam as questões pela rama, não se aprofundam temas, nem se tem um discurso claro e objectivo. Isso penaliza quem quer saber e acaba por não esclarecer.
E: Hoje em dia, há soluções tecnológicas suficientes para pessoas com deficiência?
CVF: Nunca há tudo. Cada pessoa pode ter necessidades muito diferentes e, infelizmente, em Portugal não se trabalha para um conjunto de pessoas. Pensa-se num caso e faz-se para esse caso. Isto é contra o que defendo. Hoje temos de pensar de forma mais profissional, não resolver problemas no agora. Temos de planear, pensar que temos de conceber soluções para pessoas muito diferentes. É isso que fazemos no ajudas.com. É isso que faço na minha vida e promovo na minha empresa.
E: Que cuidados se deve ter na construção de sites que sejam acessíveis a portadores de deficiência?
CVF: Ser rigoroso, conhecer o que são, de facto, os constrangimentos no acesso à informação e o que os provoca, ter largos e bons conhecimentos de programação, não se acomodar a "pacotes pré-feitos", pensar no backoffice e fazer sites que possam ser actualizados por pessoas com deficiência ou baixa literacia tecnológica, saber o que são e utilizar tecnologias de apoio.
E: A nível pedagógico, há material tecnológico disponível para um público com características especiais? O que falta fazer?
CVF: Existe muito pouco e o que existe, como o que eu e o meu marido, Pedro Ivo Faria, fizemos e foi largamente premiado - recebemos, ao todo, 14 prémios nacionais e internacionais -, não foi divulgado nem apoiado por nenhuma instituição ou organismo nacional. Hoje em dia, o software pouco se vende, apesar de continuarmos com muito pedidos diários, como é o exemplo do Pocket Voice - que devido à existência de outros produtos mais complexos e pouco user-friendly voltou a ser muito solicitado.
E: O que a levou a "mergulhar" nesse mundo da reabilitação e das soluções tecnológicas a pensar nas pessoas com deficiência?
CVF: Questões pessoais, profissionais e o forte desejo que sempre tive de fazer por todos e para todos!
Entrevista orientada por Sara R. Oliveira. Para ler toda a entrevista, clicar Educare.

terça-feira, 4 de maio de 2010

“O Capitão AVAPE contra o Fantasma Autismo”

Por sugestão da Cristina, frequentadora assídua do Incluso, disponibilizo uma interessante história, cujo tema é explicar às crianças a problemática do autismo. Trata-se de um texto publicado pelo Grupo de Saúde Mental da Associação para a Valorização de Pessoas com Deficiência (AVAPE).
Uma nota explicativa sobre o texto.
Este manual foi elaborado pelo Grupo de Saúde Mental da AVAPE, em parceria com o Projeto Distúrbios do Desenvolvimento do Instituto de Psicologia da USP, com o objetivo de informar e esclarecer as pessoas sobre o autismo.
O autismo, para fins diagnósticos, é encontrado no DSM IV-TR e na CID 10, dentro da classificação dos Transtornos Invasivos do Desenvolvimento.
O conceito mais utilizada desde 2001 é “continuum autistico”, sendo também evidenciado como transtorno do espectro autista. Contudo, clinicamente, para pais e cuidadores, a linguagem coloquial de fácil entendimento usualmente utilizada é Autismo.
Por meio de uma linguagem simples e acessível, o Manual expõe as principais características de diagnóstico do autismo, que podem ser observadas pelos pais e cuidadores desde a primeira infância.
História "O Capitão AVAPE contra o Fantasma do Autismo"

IPSS cria empresa de silvicultura


Cinco utentes da Casa de Santa Isabel, em S. Romão, trabalham desde ontem numa empresa de inserção dedicada à silvicultura preventiva, criada pela instituição de pedagogia curativa e socioterapia.
O projecto é financiado pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), com o apoio da delegação de Seia, com vista a combater a exclusão social através da promoção e desenvolvimento de competências pessoais, sociais e profissionais dos trabalhadores envolvidos. O objectivo da empresa de inserção é aproveitar "os recursos florestais que integram o património da casa e oferecer, em mercado aberto, a prestação de serviços com práticas inovadoras e diferenciadas face à concorrência. Além disso, o potencial cliente também está a contribuir para uma causa social e solidária, já que ajuda a manter o emprego de pessoas com necessidades especiais", adianta Mário Cardoso, do Centro de Emprego e Formação Profissional de Seia.
A nova empresa faz plantações de árvores, limpeza de áreas florestais e manutenção de terrenos. A venda de lenha para consumo doméstico ou industrial e a produção de plantas florestais nativas são outras actividades propostas. "A equipa de cinco trabalhadores é coordenada por uma engenheira florestal, contratada especificamente para esta empresa de economia social", refere aquele responsável. Com 85 utentes, a missão da casa, fundada em 1981, é instruir e preparar os cidadãos com necessidades especiais para a sua integração na vida activa, procurando desenvolver as suas capacidades, nomeadamente, através de oficinas de diversas áreas profissionais.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Video explicativo do Síndrome de Asperger


Max escreve uma carta a Mary depois de anos sem mandar notícias devido ao seu problema de saúde, que logo saberia que é Síndrome de Asperger. O personagem faz comentários oportunos sobre suas dificuldades em relação a esse autismo 'leve'.

sábado, 1 de maio de 2010

Traje de astronautas ajuda crianças com paralisia cerebral a andar

Um traje diferente, cheio de elásticos, foi criado na década de 70 pelos russos para evitar que os astronautas sofressem de flacidez e atrofia muscular por causa da falta de gravidade. As tiras elásticas ligam tronco, cintura, joelhos e pés. Mesmo parado, o corpo faz esforço.
Os médicos descobriram que a roupa também poderia ajudar crianças com paralisia cerebral a andar e hoje esta roupa já é usada no mundo todo. Em Salvador, na Bahia - Brasil, o Núcleo de Apoio à Criança com Paralisia Cerebral – uma organização não governamental que dá assistência a 400 crianças com necessidades especiais – recebeu 60 trajes doados pela empresa russa que hoje detém a patente da roupa.
“Ela sente-se mais segura porque não fica com aquele medo, já ajuda na sua postura”, conta Nadjane de Jesus, mãe de Ana Vitória, uma das crianças atendidas pela ONG.
A médica Daniela Matsuda explica que o uso dos trajes forma um novo esquema no sistema nervoso, que gera padrões de movimento, permitindo então que as crianças possam “adquirir marcha”.
“Com fisioterapia convencional, eu demoraria um ano e meio, dois anos, para pôr uma criança a andar. Com o traje, nós conseguimos abreviar o processo e proporcionar uma maior independência à criança e à sua família, em termos de inclusão social, muito mais rápida”, diz Pedro Guimarães, presidente da ONG.
O ONG de Salvador é a primeira instituição da América Latina a trabalhar com este equipamento. A ideia é associar a terapia com o traje às outras formas de tratamento que a organização oferece desde que foi criada, há nove anos. Fisioterapia tradicional, fonoaudiologia, actividades desportivas e culturais complementam o trabalho com a roupa especial, que dura de dois a três meses, dependendo de cada caso.