sexta-feira, 30 de julho de 2010

Manuais escolares para alunos com NEE


A DGIDC, através do Centro de Recursos de Educação Especial, produz e distribui manuais e materiais escolares adaptados em Braille, em caracteres ampliados, em formato digital e em relevo.
Os pedidos de manuais escolares devem ser formulados pelas escolas, através de base de dados online disponível no sítio Web da DGIDC - através dos respectivos acessos da escola (utilizador/senha), até 30 de Julho.
Apenas os pedidos recepcionados na data acima referida poderão ser satisfeitos no início do ano lectivo.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

33 crianças com paralisia cerebral operadas num ano

Mais de 30 crianças e adolescentes com paralisia cerebral e limitações motoras foram operadas no último ano no Hospital de Sant´Ana, que aumentou consideravelmente a capacidade de resposta com um acordo com a Administração Regional de Saúde de Lisboa.
A Paralisia Cerebral é uma perturbação do controlo da postura e movimento que resulta de uma lesão ou anomalia que atinge o cérebro em período de desenvolvimento. Algumas pessoas têm perturbações ligeiras, mas outras são gravemente afetadas com incapacidade motora grave, impossibilitando-as de andar e falar e tornando-as dependentes nas actividades da vida diária.
Para dar resposta a estes casos, o Hospital de Santa´Ana, em Cascais, assinou em julho de 2009 um acordo com a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, que criou “condições estáveis e continuadas” para que estas crianças e adolescentes possam ser operados a um conjunto vasto de fortes limitações motoras em consequência de más formações neuro-esqueléticas.
“A resposta tem conseguido ser dada. Num ano operámos 33 doentes, sobretudo a patologia do membro inferior”, avançou à agência Lusa o ortopedista Estanqueiro Guarda, comentando: “A grande alegria que temos é poder responder em tempo útil às crianças”.
Apesar de ainda haver lista de espera a situação melhorou muito: “O que temos feito é tentar conciliar as situações de consulta regular e reavaliar alguns casos de uma lista que havia e que chegou a ser alarmante por incapacidade de resposta na altura, nomeadamente no Centro Hospitalar Lisboa Ocidental”.
O médico explicou que a ortopedia só entra numa fase muito específica nestes casos: quando as outras alternativas se esgotam e é preciso dar uma “pequena achega para as crianças fazerem determinado tipo de actividades a partir de uma base mais fisiológica”.
“Dentro do que é possível é tornar as crianças mais autónomas, tirar-lhes dores e equilibrar-lhes o tronco, de modo a que possam sentar-se de um modo capaz”, especificou.
O circuito começa no Centro de Paralisia Cerebral de Lisboa, onde há uma consulta mensal em que as crianças são avaliadas por fisiatras e terapeutas e é traçado a proposta para cirurgia.
A cirurgia abrange desde “o deficiente mais grave que não consegue andar, mas consegue sentar-se, apesar das imensas dores por ter as ancas luxadas, até um miúdo que tem alguma capacidade de marcha e autonomia, mas que perde por retrações de tendões ou por uma espacidade própria da paralisia cerebral”.
Com a operação, “tentamos reequilibrar e manter a função e mobilidade nessas crianças e “a taxa de sucesso é, de um modo geral, grande”, comentou o médico do Hospital de Santa´Ana, instituição que assinala na segunda feira o 106.º aniversário, dando ênfase à prestação de cuidados cirúrgicos a crianças e adolescentes vítimas de paralisia cerebral.

Receita (anti-psicológica) de omeleta sem ovos


Os psicólogos escolares, bem como outros profissionais, têm sido tratados como parentes muito pobres do sistema educativo, quando são parceiros indispensáveis.
"Sem ovos não se fazem omeletas." Todos conhecemos este provérbio e reconhecemos a sua evidência. Contudo, na educação parece estar a tentar-se fazer tudo "sem ovos" ou, pelo menos, com poucos ovos. Basta estar nas escolas e sentir, na pele e no espírito, a falta de diversos profissionais, para além dos professores, essenciais para assegurar a qualidade da educação, nomeadamente através do acompanhamento do percurso escolar dos alunos, particularmente daqueles que, por razões diversas, carecem de um apoio mais individualizado e especializado. Os psicólogos escolares contam-se entre os profissionais cuja falta se faz sentir em muitas escolas ou que, existindo, não são em número suficiente.
A importância dos psicólogos escolares surgia reconhecida no Decreto-Lei n.º 330/97 de 31 de Outubro, que estabelecia o regime jurídico da sua carreira. No preâmbulo desse diploma afirmava-se que "a qualidade da educação está intimamente dependente dos recursos pedagógicos de que a escola dispõe para acompanhamento do percurso escolar dos seus alunos, considerando-se que "o papel dos serviços de psicologia e orientação é o de possibilitar a adequação das respostas educativas às necessidades dos alunos".
O que vem a ser o Serviço de Psicologia e Orientação, também conhecido por SPO? Trata-se de um serviço especializado para apoio educativo que integra psicólogos escolares. A sua actividade dirige-se a toda a comunidade escolar: alunos, professores e conselhos de turma, pessoal auxiliar de acção educativa, encarregados de educação e famílias. Desenvolve actividades diversificadas, entre as quais se contam a participação na definição de estratégias e na aplicação de procedimentos de orientação educativa a alunos; a observação, a orientação e o apoio de alunos; o desenvolvimento de programas e acções de aconselhamento pessoal e vocacional; o apoio aos professores e conselhos de turma; atendimentos individuais a alunos e a encarregados de educação. As suas funções não se esgotam nos exemplos apontados e estão definidas no Decreto-Lei acima citado.
Sendo o trabalho descrito anteriormente de inquestionável importância, como se aplica nas escolas? A questão é pertinente, pois em muitas não existe qualquer psicólogo e noutras o rácio psicólogo-alunos é de tal forma elevado que qualquer trabalho esbarra com inúmeras dificuldades. Recorrendo a comparações na área da gastronomia, vejamos como se "cozinham omeletas" nas nossas escolas:
Receita n.º 1
Recorre-se à poupança de "ovos" (os psicólogos). No agrupamento em que se integra a minha escola, por exemplo, há uma psicóloga para cerca de dois mil alunos. Conclusão, como a "omeleta" tem que dar para todos, pois a educação é a menina-dos-olhos do nosso governo (como era dos anteriores), junta-se farinha e leite (ou água, que é mais barata) aos "ovos" e procede-se a uma boa gestão de recursos, parecendo a omeleta igualmente bonita. Ou então... os "ovos" esticam-se o mais que podem, pois a sua consciência profissional a isso os obriga e surgem diários de trabalho como o que referi no artigo Diário de uma psicóloga escolar.
Receita nº 2
Afinal até se pode fazer uma boa omeleta sem ovos. Parece, aos nossos governantes, que qualquer bom professor experiente pode fazer as vezes de um psicólogo escolar se este não existir numa escola. E a verdade é que proliferam os agrupamentos em que não há qualquer psicólogo.
Confesso que, na gastronomia como na educação, continuo a achar que "sem ovos não se fazem omeletas" e que não se deve "vender gato por lebre". Se se pretende contrariar o abandono escolar e os resultados escolares negativos, se se pretende que a escola seja fonte de igualdade e não de desigualdade, é preciso dotá-la de recursos. Os psicólogos escolares, bem como outros profissionais, têm sido tratados como parentes muito pobres do sistema educativo, quando são parceiros indispensáveis. Os professores, esses, cada vez mais se encaminham para uma classe profissional indistinta, que vai servindo "de pau para toda a colher": docente, psicólogo, assistente social, animador cultural... e sabe-se lá que mais aí virá num futuro temivelmente próximo.
Armanda Zenhas

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Fenprof pede revisão da lei de Educação Especial


A Federação Nacional de Professores defende que as escolas de referência sejam transformadas em centros de recursos, para que os professores funcionem como equipas "móveis". O sindicato vai pedir hoje, quarta-feira, no ministério a revisão da lei de Educação Especial.
A reunião com o secretário de Estado Adjunto da Educação está pedida “há muito”. E, hoje, quarta-feira, além do pedido de abertura de um processo “urgente e amplo” de revisão do decreto-lei nº 3/2008, Mário Nogueira também quer inteirar-se do processo de revisão do regime jurídico da formação contínua dos docentes, “que o ME está a preparar”, a redução dos lugares de professor bibliotecário, a lista de escolas que vão encerrar e a de agrupamentos fundidos.
Sobre a Educação Especial, a Fenprof leva propostas a Alexandre Ventura. Além do alargamento dos lugares de quadro do grupo desse recrutamento, a federação também defende a criação de quadros inter-agrupamentos, para que os docentes possam dar “respostas a situações permanentes do sistema, ainda que transitórias para as escolas”.
As escolas de referência e unidades especializadas devem ser “transformadas em centros de recursos”, funcionando como “sede de equipas móveis/itinerantes” de docentes especializados e com recursos – lê-se na proposta que a Fenprof vai entregar.
Assim como o número máximo de alunos por turma, que tenha dois alunos com necessiddades educativas especiais (NEE), deve ser reduzido dos actuais 20 para 17.
As equipas multidisciplinares voltam a ser defendidas como essenciais nas escolas, até porque, sugere a Fenprof, devem ser esses técnicos a reavaliar os milhares de alunos excluídos das NEE, pela aplicação da CIF (classificação internacional de funcionalidade, incapacidade e saúde).
A inclusão da Educação Especial nos currículos de base dos docentes, que não existe na maioria dos cursos superiores de Educação, também faz parte da proposta. Aliás, sublinha o líder da Fenprof, a colocação de docentes sem especialização nos lugares de Educação Especial é das queixas mais ouvidas pelo sindicato.
A federação insiste, ainda, na criação do departamento curricular, destacando a “valorização” que representaria para os docentes serem avaliados por colegas da mesma área e não, por exemplo, por professores de Música ou Desenho, pelo facto de a Educação Especial estar incluída no grupo das Expressões.
Comentário:
Na generalidade, as propostas apresentadas parecem ser bastante positivas e necessárias. No entanto, existe uma que motiva algumas reticências, ou mesmo discordância: a criação de "quadros inter-agrupamentos".
Para além da instabilidade que poderia criar aos docentes envolvidos, parece-me, também, contraditória com a proposta da criação de Departamento de Educação Especial nos agrupamentos (proposta que me parece muito pertinente e urgente!).
A concretizar-se a proposta do "quadro inter-agrupamento" de Educação Especial, não estaríamos perante uma réplica dos moribundos "quadros de zona pedagógico" só para a Educação Especial? Se a memória não me falha, a Fenprof sempre foi contra a criação dos quadros de zona pedagógica, sobretudo pela instabilidade criada, quer a professores, quer ao nível da gestão das escolas/agrupamentos. Esta proposta parece-me incoerente e discordante da política educativa defendida por esta estrutura sindical.
A instabilidade criada reflectir-se-á, em última instância, no trabalho desenvolvido com os alunos, a peço fundamentl em todo o processo educativo.
Faço votos para que a Fenprof repense esta proposta!

terça-feira, 27 de julho de 2010

Estudo conclui que há um ou dois hiperactivos em cada sala de aula, com problemas cognitivos



Em cada sala de aula há uma ou duas crianças com hiperactividade, um problema que não é apenas comportamental, mas também cognitivo, a exigir uma intervenção precoce para evitar “efeitos devastadores” no seu percurso pessoal.
Numa investigação desenvolvida na Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação da Universidade de Coimbra, Cláudia Alfaiate concluiu que as crianças que padecem desse problema têm associados défices cognitivos de natureza diversa.

A minimização do problema passa pela identificação o mais cedo possível, com a adopção conjugada de terapias comportamental e medicamentosa e de estratégias específicas na sala de aula, bem como pela intervenção concertada dos “agentes escolar e familiar”.

A psicóloga referiu que este tipo de problemas, que se estima afecte entre 3 a 7 por cento das crianças (média de 1 a 2 em cada sala de aula) em idade escolar, segundo dados internacionais, não tem apenas implicações na carreira académica, mas também no seu relacionamento no dia-a-dia.

“As crianças que apresentam sintomas de desatenção bem como sintomas de hiperactividade e impulsividade têm associados a essa condição défices significativos neuropsicológicos específicos, nomeadamente no que se refere a várias funções cognitivas como memória, funções executivas, atenção e linguagem”, acrescenta.

Os maiores défices de memória detectados foram “ao nível viso-espacial, comparativamente à memória verbal”, mas também ao nível da planificação das funções executivas, nas “dificuldades em antecipar uma solução para um determinado problema”.

Na linguagem, as maiores dificuldades foram “ao nível da linguagem expressiva”. Na atenção, na “incapacidade de atenção numa tarefa mais prolongada, ao nível da atenção sustentada e da atenção dividida (dar atenção a dois estímulos de forma simultânea), explicou.

Além de diagnosticar o problema, no seu estudo, Cláudia Alfaiate propõe estratégias de intervenção. Por exemplo, um aluno na sala de aula deve ser colocado próximo do professor e num sítio com um mínimo de elementos de distracção.

Para as dificuldades de planeamento, deve haver um ensino mais claro e explícito de estratégias de resolução de problemas. Igualmente uma aprendizagem com o erro, explicitando-lhe claramente qual foi o erro e como resolvê-lo, acentua.

“É uma perturbação crónica, que tem tendência a permanecer ao longo de toda a vida do indivíduo. O que é preciso é haver intervenção quanto antes e que se minimize o impacto que pode ser devastador, do comportamento e das suas dificuldades cognitivas”, sustenta.

Cláudia Alfaiate considera que a utilização dos testes aplicados no seu estudo a crianças hiperactivas e com défice de atenção pode constituir uma “ajuda essencial para perceber os pontos fracos e fortes ao nível das funções cognitivas” e, a partir da informação assim recolhida, definir estratégias de intervenção mais ajustadas ao perfil de desempenho de cada um.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Apresentada queixa sobre as dificuldades dos alunos com deficiência

Foi apresentada ao Provedor de Justiça uma queixa sobre as dificuldades sentidas pelos alunos portadores de deficiência que, quando concluíam a escolaridade obrigatória, não conseguiam ingressar no mercado de trabalho por não lhes ser passado certificado de habilitações.
Com efeito, na medida em que os alunos portadores de deficiência estudam com currículos alternativos, muitos estabelecimentos de ensino recusavam certificar que eles haviam concluído com sucesso a escolaridade obrigatória, por que as suas aptidões eram diferentes das dos alunos com currículos ditos "normais".
E, sem certificados de habilitações, os portadores de deficiência não podiam concorrer a empregos, designadamente na administração pública. Após a análise do assunto, o Provedor de Justiça recomendou ao Governo a alteração da lei, no sentido de que ficasse clara a forma de certificação das competências alcançadas pelos alunos com necessidades educativas especiais e, também, qual a entidade competente para passar aqueles certificados de habilitações.
Em Fevereiro de 2010, o Governo aprovou um despacho que prevê que, sempre que atinjam a idade limite da escolaridade obrigatória, os órgãos de gestão dos agrupamentos de escolas passam aos alunos da educação especial com currículo alternativo certificados de equivalência à escolaridade obrigatória.
Comentário:
Eta medida veio atenuar alguns entraves sentidos pelos alunos que concluiam a escolaridade obrigatória, beneficiando de Currículo Específico Individual (CEI), e pretendiam ingressar no mercado de trabalho. No entanto, parece-me não ser suficiente! Não basta certificar que o aluno com CEI concluiu a escolaridade obrigatória pois, concorrendo com um colega do currículo regular para uma vaga de emprego, não será certamente, e infelizmente, seleccionado.
Penso que teremos de ir mais além e dotar estes alunos de competências profissionais e sociais, devidamente reconhecidas e valorizadas pela sociedade e pelos potenciais empregadores. Refiro-me, concretamente, à possibilidade de as escolas dinamizarem formação profissional específica para estes alunos, no âmbito do Programa de Qualificação de Pessoas com Deficiências e Incapacidades.
No entanto, pelos contactos já estabelecidos, parece-me difícil a concretização de tal cenário, pois a contenção de custos também atinge esta modalidade de qualificação... Assim, vai manter-se esta formação em algumas instituições particulares de solidariedade social que, dada a sua centralidade, não cobrem todas necessidades, sobretudo os alunos do interior periférico...

Imaturidade do sistema auditivo pode causar dificuldades de aprendizagem


A perturbação do processamento auditivo (PPA) é uma disfunção auditiva que afecta cerca de 7% das crianças, segundo estudos recentemente realizados EM Inglaterra, que podem acarretar dificuldades no processo de aprendizagem.
Os primeiros anos de vida são fundamentais para que a criança amadureça as vias auditivas, contudo, este processo de estimulação tem início ainda na gravidez, uma vez que é nesta fase que a comunicação é responsável por formar um vínculo entre a mãe e o bebé. Todos nós nascemos com o ouvido pronto, em termos estruturais, mas o que nos permite diferenciar a voz materna da paterna, reconhecer a melodia de uma música, perceber se o tom de voz transmite raiva ou alegria é a experiência sonora que temos na nossa vida.
Nem sempre o "ouvir mal" significa surdez, uma vez que podemos considerar diversos tipos de perda auditiva. Podemos ser capazes de detectar a presença de um som, mas ouvi-lo com fraca qualidade e não conseguir percebê-lo e discriminá-lo.
É o que se verifica em crianças com perturbação do processamento auditivo. A criança com PPA ouve bem, desde que não seja em ambientes ruidosos. No entanto, se o ambiente for perturbado por ruídos de fundo a criança pode apresentar dificuldades em compreender e reconhecer os sons, trocando a informação recebida, pois quando a informação chega ao sistema auditivo, parte da mensagem já foi perdida.
Numa criança com perturbação do processamento auditivo é comum demorar algum tempo para responder a uma pergunta, por achar que não escutou bem, ou pedir para que os pais repitam a informação. A criança diz muito "hã?", "o quê?", troca palavras parecidas (tais como "semente" por "você mente"), e troca algumas letras na escrita e às vezes na fala (" faca" por "vaca").
Sabe-se que cerca de 5% das crianças em idade escolar, ou 7% como no estudo acima citado, tem as suas vias auditivas pouco estimuladas e desenvolvidas. Nestas crianças a informação "chega ao destino", ou seja, elas ouvem tudo, porém, demoram mais a processar aquilo que escutam porque o cérebro não sabe o que fazer com os sons.
Quando escutamos a professora e conseguimos estar atentos a ela, mesmo que tenha ruído na sala ou que o colega do lado fale muito, temos uma função auditiva que nos ajuda a aprender. Deste modo, temos de ter em conta que o ouvido é a porta de entrada de grande parte da nossa aprendizagem (fala e escrita) e que uma disfunção no sistema auditivo compromete a identificação e compreensão dos sons que rodeiam a criança, impedindo-a de usufruir das suas competências auditivas.
E como é que a PPA pode ter implicações no quotidiano escolar do seu filho ou aluno? Se considerarmos que os processos de linguagem se desenvolvem em consonância com o processamento auditivo, então uma disfunção neste sistema prejudicará a fala da criança, e consequentemente a leitura e a escrita acabam por ser também afectadas. Assim, uma criança pode ter dificuldades em falar bem se não souber lidar com os sons.
Ter uma imaturidade do sistema auditivo significa ser especial? Necessitar de apoio especial? Nem sempre... É possível uma criança ter PPA e não sofrer em nada com isso. Na maioria das vezes observamos alguma dificuldade na linguagem associada à PPA: trocas de sons na fala, dificuldades académicas, bem como na leitura e escrita, e problemas comportamentais, como a desatenção.
O mais importante é verificar os sintomas e procurar ajuda de um especialista para avaliar a função auditiva central.Fique atento a algumas questões:
1. O seu filho tem dificuldade em escutar ou entender em locais com barulho?
2. Tem dificuldades de entender quando alguém fala de forma mais rápida?
3. Tem dificuldade de seguir instruções orais?
4. Tem dificuldade de discriminar os sons da fala?
5. Dificuldades com a leitura?
6. Facilmente distraído?
7. Pede para repetir as informações?
8. Não memoriza o que escuta?
Cristiane Lima Nunes

domingo, 25 de julho de 2010

Consolas aumentam o risco de défice de atenção


Estudo americano diz que consolas aumentam em 67% o risco de défice de atenção. Especialistas nacionais falam em vício. Nas férias há carta branca, mas sob vigilância dos pais.
A meio do ano lectivo passado, as notas de Física e de Matemática de quase metade da turma do 11.º ano do Liceu Francês, em Lisboa, começaram a descer, sem razão aparente. Mas os indícios de que algo de estranho se passava revelavam-se no comportamento diário nas aulas: pouca atenção, sonolência, falta de produtividade.
"Acabámos por decobrir que havia um grupo de rapazes que jogava em rede durante horas a fio, até de madrugada", explica o professor e psicólogo Pedro Hubert, acrescentando: "A situação estava a ficar problemática, ao ponto de um deles, quando confrontado pela mãe sobre o excesso de horas a jogar, lhe atirar com o teclado."
Aos riscos da utilização repetida dos videojogos no dia-a-dia, um estudo norte-americano, publicado na edição deste mês da revista Pediatrics, junta agora o défice de atenção e a hiperactividade, um problema que, em Portugal, afecta 50 mil adultos e crianças e é considerado pelos especialistas uma das principais causas para o insucesso escolar e a difícil integração social.
O estudo mostra que esta utilização abusiva faz subir para 67% o risco de a criança ou o adolescente vir a sofrer de défice de atenção e de hiperactividade. Na investigação participaram 1323 adolescentes, de 10 colégios dos vários estados norte-americanos, que foram acompanhados durante um ano.
As opiniões dos especialistas portugueses dividem-se quanto aos malefícios dos videojogos, mas todos estão de acordo ao considerarem um exagero a sua associação ao défice de atenção e à hiperactividade, que tem sobretudo razões genéticas.
"São coisas diferentes e que não têm relação de causa-efeito. Já havia défice de atenção antes do tempo das consolas", contrapõe a pediatra Ana Vasconcelos. "São até uma forma de os deixar calmos e concentrados", diz ainda Linda Serrão, presidente da Associação Portuguesa da Criança Hiperactiva, que tem em casa três casos, com 11, 14 e 18 anos.
Ainda assim, os perigos existem. "Os grandes problemas têm a ver com a falta de produtividade, cansaço, falta de concentração", sublinha Pedro Hubert, garantindo comprovar estes comportamentos no seu dia-a-dia como professor. "Quando estão a jogar, estão completamente desligados da realidade que os rodeia, e, ao contrário das aulas, aqui a necessidade de concentração é mínima, a tarefa é feita automaticamente. Quando chegam às aulas estão muito desconcentrados", constata o psicólogo clínico.
"Muitas horas a jogar transtorna as crianças", concorda Ana Vasconcelos. "Ficam completamente fora do mundo real e não é importante o que eles aprendem através dos jogos".
Os especialistas alertam ainda para o risco de adição. "O que está em causa é a competição muito forte nestes jogos, que os torna muito atractivos e absorventes. Desempenham a função de alheamento, de evasão, de adrenalina, de acção, de euforia e de risco, que os miúdos adoram", explica Pedro Hubert, que lida com muitos casos destes no consultório.
É aos pais que cabe impor regras e limites ao tempo que os filhos dedicam aos jogos. Nas férias, há carta branca, mas no regresso às aulas é preciso apertar a vigilância. Foi o que aconteceu com a turma do Liceu francês: "As notas da turma começaram de novo a subir porque houve um trabalho entre pais e professores."

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Programa RAMPA

Tendo por objectivo a promoção da acessibilidade ao nível autárquico, informa-se que as candidaturas ao Programa RAMPA decorrem de 12 de Julho a 14 de Setembro sendo possível obter mais informações, designadamente sobre "Aviso de abertura de candidaturas" e "Orientações técnicas para a candidatura", no sítio do POPH, consultando o Eixo prioritário 6 > Tipologia 6.5, ou no menu "Notícias", dado que ambos contêm informações complementares sobre este Programa.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Sons de bebés facilitam diagnóstico de autismo


Investigadores americanos acreditam ser capazes de distinguir bebés autistas a partir dos sons que eles produzem, revela um estudo publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.

Através de um método para a análise das vocalizações emitidas por 232 crianças com idades entre dez meses e quatro anos, os especialistas da Universidade do Kansas identificaram diferenças nos sons emitidos pelas que foram diagnosticadas como sendo autistas. A tecnologia permitiu diagnósticos correctos em 86 por cento dos casos.
Estudos anteriores indicam uma associação entre características vocais e autismo, mas, até então, o critério voz nunca tinha sido usado no diagnóstico desta condição. Os investigadores analisaram 1500 gravações com um dia de duração feitas através de aparelhos fixados nas roupas das crianças. Mais de três milhões de sons infantis foram usados na investigação e foram considerados 12 parâmetros específicos associados ao desenvolvimento vocal do bebé.

Entre eles, o mais importante foi a habilidade da criança em emitir sílabas bem formadas a partir de rápidos movimentos do maxilar e da língua. Nas crianças autistas até quatro anos de idade, o desenvolvimento nesse parâmetro é mais lento. "Essa tecnologia poderia ajudar pediatras a fazer testes de autismo para determinar se o bebé deve ser examinado por um especialista para diagnóstico", disse Steven Warren, da Universidade do Kansas, um dos investigadores envolvidos no estudo.
O mesmo explicou ainda que a nova técnica pode identificar sinais de autismo aos 18 meses de idade, sendo que actualmente, a média de idade das crianças diagnosticadas com a condição nos Estados Unidos é 5,7 anos. E quanto mais cedo é feito o diagnóstico, mais eficazes são os tratamentos, acrescentou o especialista.

Outro ponto forte da tecnologia é que se baseia em padrões sonoros ao invés de palavras e pode ser usada para testar crianças de qualquer país. "Pelo que sabemos, os aspectos físicos da fala humana são os mesmos em todas as pessoas", sublinhou Warren.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Pós-Graduação em Estudos Interdisciplinares da Deficiência

Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa vai lançar uma Pós-Graduação em Estudos Interdisciplinares da Deficiência.
O prazo de apresentação de candidaturas termina a 1 de Outubro de 2010.
1. Objectivos
A Pós-graduação em Estudos Interdisciplinares da Deficiência, a primeira do género em Portugal, visa proporcionar formação avançada e um novo olhar sobre a deficiência, examinando os factores sociais, políticos, culturais, legais e económicos que definem esta realidade enquanto construto social e contribuem para determinar as respostas colectivas e individuais às pessoas com deficiência. Uma característica chave desta formação é a integração da experiência da deficiência e das perspectivas das pessoas com deficiência como fundamentos do conhecimento e da investigação neste domínio.
2. Destinatários
Profissionais a desenvolverem actividade na área da deficiência incluindo psicólogos, sociólogos, antropólogos, técnicos de serviço social, técnicos de saúde, professores e juristas; pessoas com deficiência e suas famílias; activistas e pessoas interessados em desenvolver conhecimentos nesta área.
3. Condições de Acesso e Selecção dos Candidatos
Licenciatura em qualquer área das Ciências Sociais, do Ensino, do Direito ou das Ciências da Saúde ou em outra área considerada adequada pelo Conselho Científico. Os candidatos serão seleccionados com base na média de licenciatura, considerando também o curriculum académico e profissional.
4. Funcionamento
O curso encontra-se estruturado de acordo com os princípios do processo de Bolonha. É composto por 8 unidades curriculares obrigatórias e por 4 de opção.
Cada unidade tem um total de 18 horas de contacto, 15 lectivas mais três de avaliação.
As aulas realizam-se nas instalações do ISCSP às sextas-feiras (18h às 21h30) e sábados (9h às 13h).
5. Equivalência a Mestrado
Para efeitos de progressão de estudos, os alunos aprovados nesta pós-graduação terão equivalência ao primeiro ano do Mestrado em Política Social, do ISCSP.

Mais informações no site do ISCSP

Nasceu 'Sara, a Luz'!


Nasceu o Livro "Sara, a Luz!”, sobre a temática do Sindrome de Down / Trissomia 21.

Em resultado de todo o meu percurso com a Sara, da falta de informação, formação, ignorância e mesmo maledicência, mais o total desapoio que os pais tem nesta caminhada, nasceu o livro “Sara, a Luz!”(...)

O mote deste lançamento foi: Falar de Síndrome de Down, é falar de Capacidade, Potencial e Felicidade”, porquanto depois da pequena Sara ter dado as honras de abertura do evento, apresentando-se, dizendo o nome do seu livro, apresentou uma curta-metragem, em Windows Movie Maker, que foi feita com base em fotos do seu dia-a-dia, na escola, em família, em actividades diversas, como por exemplo a sua prestação nas aulas de música.

Porque pretendo e espero que este testemunho, possa ser mais uma ferramenta num trilhar de caminho rumo a um futuro mais apoiado e integrado, onde a sociedade abra as suas portas e num espírito solidário, de respeito e de valorização apoie na construção de um projecto de vida, para todas as crianças com este e outros quadros, contactei o Professor Marcelo Rebelo de Sousa, no sentido de lhe divulgar o meu livro, aprecia-lo e ajudar-me a que a mensagem de esperança do mesmo pudesse chegar a mais pais, muito mais além. Foi neste sentido e com a maior felicidade que não só vi esta divulgação chegar mais além, como ainda recebi da parte do Professor, um elogio que me tocou e sensibilizou, afinal este livro foi escrito tão somente com voz e coração de mãe.

Aqui fica o link para quem quiser ver e ouvir a recomendação do Professor Marcelo Rebelo de Sousa - http://www.tvi24.iol.pt, (dia 18 no Jornal da Noite na TVI), também ele um homem de causas solidárias e de facto mais uma oportunidade de igualdade para estas crianças se consolidou.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Bebé recebe implante coclear pela primeira vez em Portugal


A equipa do Serviço de Otorrinolaringologia (ORL) do Centro Hospitalar de Coimbra (CHC, EPE) é a responsável por mais uma intervenção pioneira em Portugal, tendo feito o primeiro implante coclear numa criança com idade inferior a um ano, o que lhe devolverá a audição. Ao bebé de 11 meses, que tinha surdez profunda, vai ser agora proporcionada uma sensação auditiva próxima à audição fisiológica.“A implantação coclear em crianças com menos de um ano de idade constitui um marco importante. Quanto mais cedo a criança for implantada, mais cedo a sua audição e os seus neurónios serão estimulados, e portanto, mais capacitada estará para desenvolver competências linguísticas”, avança Carlos Ribeiro, director do Serviço de ORL do CHC, EPE.
O mesmo especialista explica ainda que, “se a implantação não for suficientemente precoce, a criança pode nunca recuperar totalmente as suas capacidades para compreender e utilizar a linguagem”.Esforço multidisciplinarImplantar uma criança com menos de um ano é um processo “muito complexo”, sublinha Carlos Ribeiro, na medida em que “a cirurgia é apenas uma parte de um processo muito mais longo” que se inicia no rastreio, passando pelo diagnóstico precoce, pelo esclarecimento dos pais e pela definição de que o implante é a melhor opção para a criança, e não uma prótese auditiva.“Conseguir cumprir todas estas fases do protocolo num espaço de tempo tão reduzido e com uma criança tão pequena só é possível com uma equipa multidisciplinar tecnicamente muito evoluída”, frisa.
Até agora, em Portugal, a criança mais nova sujeita a um implante coclear no Centro Hospitalar de Coimbra tinha já 16 meses de idade. Segundo o especialista, a realização desta cirurgia representa o corolário do esforço de um elevado número de profissionais, de áreas muito diversas: otorrinolaringologia, anestesia, audiologia, terapia da fala, pediatria, neuroradiologia e genética entre outras.Além disso, o acto cirúrgico em si tem complexidades acrescidas, “porque se trata de uma criança com idade e peso reduzidos, o que constitui um desafio do ponto de vista técnico, mas também do ponto de vista médico e no que diz respeito à anestesia”, refere Carlos Ribeiro.
Ciência Hoje

Pernas biónicas devolvem andar a paraplégicos

A empresa da Nova Zelândia, Rex Bionics, desenvolveu umas pernas robóticas que permitem a paraplégicos caminhar ou até mesmo subir degraus. Veja o vídeo
Espera-se que no próximo ano as Rex, nome dado às pernas robóticas, possam ser comercializadas em todo mundo. Para já, só se encontram à venda na Nova Zelândia e custam cerca de 118 mil euros.

Os neozelandeses Little Richard e Robert Irving fundaram a empresa Rex Bionic e usaram a experiência pessoal para criarem uma alternativa à cadeira de rodas.
"Ambas as nossas mães estão em cadeiras de rodas por isso estamos cientes de alguns dos obstáculos e problemas de acesso que enfrentam os utilizadores de cadeiras de rodas", disse Little Irving em declarações à FOXNews.
A motivação que levou à invenção das Rex aconteceu quando diagnosticaram esclerose múltipla a Little Irving.
Os utilizadores desta alternativa poderão controlar todos os movimentos através de controles de mão.
Um dos primeiros a testar estas pernas robóticas foi Hayden Allen, que ficou numa cadeira de rodas após uma lesão na medula espinal, há cinco anos.
"Nunca vou esquecer o gosto de ver os meus pés a andar debaixo de mim, na primeira vez que usei a Rex", disse Hayden à FOXNews.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Apoio e implementação da CIF - acção de formação

Tendo em vista contribuir para a promoção dos direitos das pessoas com deficiências, sustentada nos diplomas legais em vigor e instrumentos enquadradores actuais, o INR, I.P. organizou um plano de formação externa para 2010, dirigido a técnicos da administração pública, de organizações não governamentais, estudantes e outros, que desenvolvam a sua actividade nos processos de integração e participação das pessoas com deficiências.
Assim, informa-se a realização, nos próximos dias 15 e 16 de Julho, na Biblioteca Municipal do Porto - Rua de D. João IV, frente ao Jardim de S. Lázaro - , de uma acção de formação denominada Aplicação e implementação da CIF.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Autistas também têm capacidade de jogar


Após seis anos de investigação, Ana Saldanha conseguiu criar um instrumento único que permite avaliar a capacidade de jogo das crianças com autismo. A descoberta valeu-lhe nota máxima com distinção e torna-a na única portuguesa doutorada em Educação Especial.
Aos 30 anos, a maioria dos quais agarrados a livros, Ana ostenta um sorriso rasgado e não esconde o orgulho do trabalho realizado. Ontem, segunda-feira, na Universidade da Extremadura, pólo de Badajoz, defendeu durante cinco horas a tese “O Jogo em Crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA): Desenvolvimento de um Instrumento de Avaliação”.
“Este é o fruto de alguns anos de investigação na área do Autismo” assegura Ana, revelando que a tese “surge pela carência de métodos/provas de Avaliação do Jogo Simbólico em Crianças Autistas”. A investigadora acredita e provou que “as crianças com autismo têm capacidade de jogo” apesar de “alguns autores discordarem”.
“Tanto para as crianças com incapacidade como os que não contam com ela, têm direito ao jogo e ao acesso aos brinquedos” explica Ana, admitindo que “os primeiros encontram sérias dificuldades para poder usar muitos dos jogos e brinquedos do mercado”.
Para a recém doutorada, o jogo “permite desenvolver a própria capacidade física e mental, sendo uma fonte de auto afirmação, satisfação e prazer”. O jogar “significa ser activo e preparar-se para a vida adulta”, afiança.
Depois do trabalho desenvolvido com 45 crianças espanholas, o novo instrumento de avaliação de Ana Saldanha permitiu demonstrar que “as crianças com TEA têm capacidade para poder desenvolver o jogo simbólico”, e ainda “comprovar que nesse jogo podem identificar-se dimensões que fazem referência a diferentes habilidades intelectuais específicas”.
A investigadora lembra que “o autismo é uma síndrome que ultimamente tem tido um maior enfoque de investigação”, devido ao facto de “actualmente, surgirem nas escolas e nos centros educativos uma quantidade considerável de crianças com esta perturbação”. Mesmo assim, realça “deparamo-nos no dia-a-dia com uma grande dúvida no diagnóstico diferencial, entre autismo e nomeadamente o atraso mental”.
Durante a investigação dividida entre Portugal e o país que escolheu para estudar, Espanha, Ana percebeu de imediato as grandes diferenças existentes. “Em Espanha trabalha-se em equipa. Os médicos, pediatras, psicólogos e outros especialistas trabalham em conjunto em prol da pessoa e isso não se vê em Portugal”, realça, assegurando que no caso do autismo “é importantíssimo este tipo de união entre todos”.
Defendendo que “a intervenção precoce é fundamental para o futuro das crianças com autismo”, Ana assegura que uma pessoa com autismo “pode ter qualidade de vida e até trabalhar”, basta para isso que “seja ajudada e estimulada”. Reforçando a necessidade de distinguir “autismo de doença mental”, a investigadora acredita que o instrumento de trabalho que desenvolveu permitirá dar mais felicidade aos autistas.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Vêm aí carros para cegos



A National Federation of the Blind NFB (Federação Nacional de Cegos americana) e o laboratório de robótica da universidade Virgínia Tech juntaram esforços para criar um carro para invisuais.O projecto com o nome de Blind Driver Chalenge (desafio do condutor cego) pretende criar um automóvel que possa ser conduzido por qualquer pessoa com problemas de visão.Uma das inovações deste projecto é o facto de estar a ser dirigido por invisuais. Pretende-se “estimular a imaginação das mentes mais brilhantes, para abrir o caminho à inovação de tecnologia para invisuais” diz o representante da NFB.Prevê-se o lançamento do primeiro protótipo no próximo ano. Será baseado num carro já existente – Ford escape Híbrido – actualmente em desenvolvimento.Existe também um buggy que será adaptado para se tornar praticamente autónomo, equipado com lasers de rastreio e sensores. Um computador processa a informação que chega dos sensores, dando depois indicações ao condutor da manobra a realizar. Um mecanismo vibratório avisará o condutor quando deve travar ou acelerar.
I online

Calendário escolar e organização do ano lectivo


Foram publicados os seguintes despachos:
- Despacho n.º 11120-A/2010 - calendário escolar 2010/2011;
- Despacho n.º 11120-B/2010 - organização do ano lectivo.

Educação Especial, Estigma ou Diferença?


O direito à diferença enquadra-se na actual geração dos direitos humanos, denominados direitos de solidariedade que incluem o direito à paz, à escola, à infância, à cidade, ao ambiente, à identidade humana, ao património comum da humanidade, à informação e à comunicação, ao desenvolvimento e aproximação dos povos. Todos eles procuram fazer a síntese do Homem enquanto homem e enquanto cidadão e conceptualizam o cidadão como mola do processo das várias dimensões do desenvolvimento. O direito à diferença consubstancia-se na efectiva interacção e na relação construtiva e proactiva de todos os cidadãos.
A Educação Especial, remontando ao período do seu nascimento, no início do século XIX, surge no horizonte da evolução das atitudes da sociedade face à presença no seu seio de indivíduos com deficiências, constatando-se que tais atitudes estiveram sempre intimamente ligadas a factores económicos, sociais e culturais de cada época.
A preocupação de separação e protecção dos indivíduos deficientes em ambientes segregados, primeiro, e a decisão de integração com apoios centrados no aluno, depois, tornaram-se estigmatizantes, capazes de evidenciar as incapacidades, os défices e não as similaridades entre os seres humanos.
Nessa linha evolutiva, nas linhas de força e nas actuações da Educação Especial de hoje, poderão ser lidos alguns sinais de que se pretende romper com estigmas e salvaguardar e garantir o direito à diferença do aluno-pessoa e do aluno-cidadão.
Helena Serra
Para aceder ao artigo completo, aqui.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Educação especial: menos 16 mil alunos abrangidos em ano e meio

Em ano e meio, quase 16 mil alunos saíram da educação especial nas escolas públicas. O dado, divulgado em Janeiro, baseia-se na comparação dos números do balanço "Escola Inclusiva", do Ministério da Educação (ME), relativos a este ano lectivo, com os de 2008. Em Junho de 2008, estavam na educação especial 49 877 alunos do básico, 3,9% de um universo de 1,28 milhões. O balanço mais recente aponta para apenas 33 891 (2,85%) entre 1,24 milhões. Destes, 31 776 estão integrados em escolas normais e 2115 são estudantes de estabelecimentos públicos especializados. A descida coincide com a controversa aplicação às escolas da Classificação Internacional de Funcionalidade para Crianças e Jovens (CIF-CJ) - um instrumento de sinalização de deficiências físicas e cognitivas. Alguns especialistas portugueses da área da educação especial têm alertado para o risco de se deixar muitas necessidades, com as dislexias, de fora, citando estudos internacionais que apontam para taxas de prevalência de necessidades educativas especiais de 8% a 12% entre a população estudantil.

Reforma do ensino básico não está prevista para este ano


Isabel Alçada diz que a reforma do ensino básico ainda está a ser estudada e que por isso as escolas não foram informadas de qualquer alteração.
"Dissemos que ia ser estudada a reforma curricular associada às metas de aprendizagem. Não dissemos que ia entrar em vigor este ano", explicou a ministra que avança que o Governo adiou a reforma curricular do ensino básico e que as escolas estão preocupadas por ainda não terem sido informadas sobre como será o próximo ano.
"Já está tudo feito, dois professores entregaram propostas que já foram analisadas pela Associação Cientifica e concluímos que são dois trabalhos que têm de ser desenvolvidos em conjunto", explicou a ministra.
"Alguma alteração no currículo ou na carga horária deverá ser feita na sequência da verificação da adequação das metas de aprendizagem à realidade", sublinhou Isabel Alçada. No entanto, no próximo ano lectivo, "as metas de aprendizagem vão estar disponíveis, todas as escolas vão conhecê-las, algumas escolas vão ser acompanhadas por especialistas que vão verificar se realmente são atingíveis, se devem ser ajustadas, se são claras, se são nítidas e a partir daí todo o processo de desenvolvimento curricular vai também ser ajustado", acrescenta.
A ministra justifica que as escolas não foram informadas porque "quando não há alterações não se informa, só teríamos informado a seu tempo se houvesse alteração. Foi esta a decisão que tomámos, que as metas vão avançar e que os ajustamentos da carga curricular não vão ser feitos este ano".
Questionada sobre se a reforma vai ser implementada no ano lectivo seguinte, Isabel Alçada afirmou que "vamos fazer o trabalho com serenidade e com toda a articulação, não gosto de marcar datas porque as coisas têm é que ser bem feitas. Este processo é para vigorar durante bastante tempo porque vai afectar o trabalho das escolas e a aprendizagem dos alunos, tem que ser também claro para os pais e por isso achamos que deve ser feito com serenidade".
"Eu insisto, [a reforma do ensino básico] vai ser o Norte para o qual a nossa estrela polar poderá nos orientar no sentido de depois ajustar o currículo e também ajustar todos os processos de avaliação às metas de aprendizagem", conclui.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Uma casa dedicada à deficiência


A Fundação Irene Rolo, de Tavira, foi distinguida pelo Presidente da República no Dia de Portugal. Um motivo de orgulho para a instituição que, por dia, cuida de cerca de 150 pessoas portadoras de vários graus de deficiência.
A 10 de Junho, o Presidente da República, Cavaco Silva, homenageou diversas personalidades portuguesas e duas instituições, uma das quais com morada em Tavira. A Fundação Irene Rolo, uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), foi lembrada pelo trabalho que desenvolve junto da população deficiente. Um motivo de orgulho para a casa de Tavira e não só. "Tem um significado profundo não só para nós, como para todas as instituições que trabalham com pessoas portadoras de deficiência", refere José Marques, presidente da instituição.
Mais do que uma distinção interna, o responsável salienta o trabalho desenvolvido na área social por todos os que se dedicam à causa. A Fundação Irene Rolo não anda à procura de louvores, a sua dedicação e empenho falam por si. Com uma equipa técnica, desde psicólogos a empregados administrativos, de cerca de 80 funcionários, a entidade desenvolve parcerias e tem um acordo com o Estado para promover diversas actividades. "Estamos de portas abertas para as pessoas que carecem de apoio social", sublinha José Marques. A distinção de Cavaco Silva funcionou com um estímulo. "É um motivo de apreço e um reforço das nossas condições". Por dia, a Fundação presta apoio a cerca de 150 pessoas portadoras de vários graus de deficiência.
A história começa em 1982, quando Irene Dulce Rolo, que entretanto faleceu, doou um espaço para apoiar a população deficiente, sobretudo a residente no sotavento algarvio. O trabalho começa com acções de formação dirigidas a pessoas com deficiência. Com um novo edifício concluído em 1993, a instituição alarga o seu campo de intervenção com mais respostas. A Fundação trabalha de noite e de dia. Em 1994, abre um lar residencial para jovens e adultos com deficiência grave e profunda, privados do meio familiar normal.
A intervenção precoce junto de crianças portadoras de deficiência ou em situação de risco dos zero aos seis anos, com maior incidência no grupo dos zero aos três anos, é uma área que a Fundação Irene Rolo tem em mãos. A criança e a família são o centro das atenções das acções de natureza preventiva, numa estratégia de apoio integrado. Nesta intervenção, a equipa técnica - composta por uma psicóloga, terapeuta ocupacional, terapeuta da fala, técnica de serviço social, entre outros - desenvolve programas adequados às necessidades específicas de cada criança e, ao mesmo tempo, estimula as famílias a tornarem-se mais competentes e independentes no acompanhamento dos filhos. O apoio é dado no contexto natural da criança ou em ambulatório.
A instituição tem também a funcionar uma escola de ensino especial para alunos em idade escolar com necessidades educativas especiais, que podem frequentar a tempo inteiro ou parcial, mediante as suas limitações e capacidades. O trabalho com este público-alvo tem objectivos muito precisos, como defender a reabilitação e a inclusão de quem vive com limitações acentuadas ou muito acentuadas, desenvolvendo as suas potencialidades sob o ponto de vista psicomotor, afectivo e cognitivo. A escola pretende assim que os alunos se tornem aptos quanto possível para a vida familiar e social.
Os jovens com mais de 16 anos, portadores de deficiência severa ou profunda, têm igualmente uma resposta na Fundação de Tavira. No Centro de Actividades Ocupacionais, estimulam-se capacidades, desenvolvem-se actividades para uma melhor integração social. E há várias áreas ao dispor como actividades da vida diária e da vida prática, jardinagem, carpintaria, modelagem e pintura, entre outras. Educação física, hidroterapia, visitas de estudos e colónias de férias são algumas das actividades complementares.
Os portadores de deficiência com mais de 15 anos têm lugar no Centro de Formação Profissional da Irene Rolo. Avaliação, orientação profissional, qualificação e estágio em empresa são os passos a seguir nesta valência da instituição. Antes da entrada ou reentrada no mercado de trabalho, os utentes podem adquirir conhecimentos e desenvolver competências nas áreas de jardinagem, lavandaria, doçaria regional, artes gráficas, cozinha, pastelaria, electricidade e mecânica, entre outras.
E não é tudo. A "Irene Rolo" está ainda mergulhada no Projecto Alcatruz que incide a sua intervenção nos espaços habitacionais com carências socioambientais no concelho de Tavira, através da revitalização de actividades profissionais em declínio, do fomento do emprego e da aproximação entre diferentes gerações. Um programa de quatro anos e que envolve diversas entidades. A "Irene Rolo" executa o Alcatruz, a Câmara de Tavira promove-o e o financiamento chega do Programa para a Inclusão e Desenvolvimento (Progride). O núcleo de Tavira da Cruz Vermelha, o Centro Distrital da Segurança Social de Faro e a Associação In Loco são também parceiros desta acção.
Sara R. Oliveira

domingo, 4 de julho de 2010

Pais e professores querem coordenadores (educação especial) nas escolas


Pais e professores puseram-se de acordo sobre a urgência de exigir ao Ministério da Educação uma mudança na organização da educação especial. O primeiro passo será criar departamentos específicos para esta área, nas escolas, com um coordenador especializado. O objectivo é combater as fragilidades, tanto na sinalização como nas respostas dadas aos quase 32 mil alunos com necessidades educativas especiais (NEE).
A iniciativa foi revelada por Albino Almeida, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), após uma reunião com a Federação Nacional dos Professores (Fenprof), na qual também foi debatida a reorganização da rede escolar que o Governo aprovou.
Segundo Albino Almeida, a criação de departamentos dedicados à educação especial foi "um dos pontos de entendimento" entre as organizações, e é encarado como "uma medida de fácil aplicação" pelo Governo, até porque "não implica necessariamente um aumento da despesa".
Os departamentos são serviços das escolas que organizam a oferta pedagógica dos diferentes grupos de disciplinas (por exemplo: as línguas e as ciências exactas), liderados por um professor coordenador da área.
Actualmente, a educação especial não tem um departamento específico, sendo, conta Manuel Rodrigues, da Fenprof, "muitas vezes integrada pelas escolas no grupo das Expressões, a par da Educação Física ou da Educação Visual".
Uma situação que, considera Albino Almeida, afecta a capacidade de "organização da resposta" às necessidades dos estudantes.
"No cenário actual, muitas vezes há um aluno com determinadas características como a dislexia, que são detectado por um professor, depois a informação é transmitida à direcção da escola, que a encaminha para as unidades especializadas de apoio", explica. "Só depois é que é organizada uma resposta que muitas vezes é tardia e insuficiente."
Com um coordenador, considera, "a sinalização seria feita mais cedo, e sobretudo melhor".
E a "resposta adequada" - que provavelmente implicaria um aumento dos alunos apoiados - até poderia ser dada "recorrendo a outros técnicos, como os que as autarquias podem facultar através dos seus fundos sociais" e "do melhor aproveitamento e formação dos professores. "Neste momento, a Dislex, uma entidade apoiada pelos pais e por cientistas, está a oferecer 50 horas de formação aos professores", ilustrou.
Para Manuel Rodrigues, a "eventual criação deste departamento pelo Ministério da Educação, há muito exigida pela Fenprof, seria certamente positiva". Porém, o sindicalista tem mais dúvidas de que a medida, por si mesma, fizesse a diferença.
"Seria um passo muito tímido, há milhentas coisas que é preciso alterar para que a escola seja realmente inclusiva", defende. "Nós temos preparado um conjunto de medidas para propor ao Ministério onde, desde logo se questiona a utilização da Classificação Internacional de Funcionalidade como meio de sinalizar os alunos. Defendemos também o fim da lógica das escolas organizadas por deficiência e defendemos a necessidade de mais professores e mais formação", descreve.
A utilização da CIF é também considerada "insuficiente" pelos pais, que lembram os "estudos internacionais apontando para uma prevalência da ordem dos 10% de alunos com necessidades educativas permanentes".
DN online

sábado, 3 de julho de 2010

Crianças deficientes impedidas de participar em ATL de Verão


A mãe de um aluno da Escola Básica Nossa Senhora da Piedade, em Castelo Branco, denunciou à Provedoria de Justiça um «caso gritante de discriminação» do Agrupamento de Escolas Faria de Vasconcelos em relação ao filho, José Maria, de 10 anos, e à colega Juliana, de 8, portadores de deficiência múltipla.
Tudo começou nas férias da Páscoa, pausa lectiva em que, pela primeira vez, aquele agrupamento disponibilizou aos alunos um ATL (ateliê de tempos livres) gratuito, apesar de estar previsto que o mesmo acontecesse também nas interrupções do Natal e do Carnaval.
Na altura, recorda Ana Camilo Martins, foi-lhe dito pela assessora da directora do agrupamento, Maria Augusta, que «a escola não tinha meios para acompanhar o José Maria durante a interrupção – mas que, em próximas actividades, ele seria contemplado» (juntamente as outras 49 crianças com necessidades educativas especiais que frequentam o agrupamento). Refira-se que no estabelecimento em causa decorre, desde Julho de 2009 e até 2011, o projecto ‘Escola para Todos – Escola com Futuro’, no âmbito do TEIP II (Territórios Educativos de Intervenção Prioritária II), apoiado pelo Ministério da Educação e co-financiado por fundos comunitários, para promover o sucesso educativo dos alunos integrados em meios particularmente desfavorecidos – como é o caso das crianças da EB Nossa Senhora da Piedade.
Segundo Ana Camilo, a situação de discriminação voltou a repetir-se agora na pausa lectiva de Verão. «O José Maria é uma criança especial, concluiu agora o quarto ano com aproveitamento. Todas as crianças são diferentes e especiais. Estamos a falar de tempos livres, e ele quer estar com os colegas. Sempre foi uma criança sociável» , revolta-se a mãe, uma empregada bancária de 39 anos, acusando o agrupamento de «exclusão social e escolar».
O mesmo sente Cidália Farinha, funcionária fabril de 36 anos: «Inscrevi a Juliana no ATL porque sei que lhe faz bem. Mas foi uma enorme luta, porque não queriam aceitá-la. Tive de lá ir quatro vezes a reuniões», conta.
Depois da denúncia, recorda Ana, foi-lhe indicado pela Provedoria de Justiça, a 24 de Junho, que o José Maria já podia frequentar o ATL, mas, ao contrário da mãe de Juliana, garante que nunca foi contactada pela escola para o efeito. «Não entendo. Recuso-me a que o assunto fique por aqui, sob pena de tantas situações idênticas à do Zé e da sua colega continuarem a acontecer» , considera. Na rede social Facebook , o movimento ‘Contra a Exclusão Social de Crianças Diferentes’ reúne já mais de 1500 membros.
Sem lugar para ‘crianças diferentes’
A polémica remonta a 14 de Junho, quando Ana Camilo e Cidália Martins foram chamadas ao agrupamento, por telefone, para uma reunião com a directora, com o objectivo de encontrar uma solução relativa aos dois casos. «Foi-nos dito que os nossos educandos apenas poderiam frequentar o ATL entre 21 e 30 de Junho por boa vontade, e que aquele se destinava apenas a alunos do escalão A e B e não a estas crianças diferentes», conta a mãe do José Maria.
«Disse à directora do agrupamento que não aceitava essa decisão, que viola os direitos do meu educando, e abandonei a reunião». Graça Ventura disse a Cidália que se não aceitassem essas condições «já não havia ATL para ninguém».
Em declarações, a directora da escola, Graça Ventura, refuta as acusações e lembra que o agrupamento tem apenas quatro animadores (afectados à escola no âmbito do TEIP II)disponíveis para as 40 crianças inscritas no ATL. «Nem José Maria, nem nenhuma das outras crianças se sentiram alguma vez rejeitadas, dado que existe uma sala de multideficiência, como de resto, não existe nenhuma outra em Castelo Branco» , acrescenta.
Mas a questão, segundo o que se conseguiu apurar junto de alguns encarregados de educação da escola Nossa Senhora da Piedade, não se resume às salas de aulas: «Não existem funcionários suficientes para vigiar todas as crianças» , critica o pai de um antigo aluno daquela EB.
Pais preocupados
Vítor Santos, presidente da Associação de Pais do agrupamento, disse que na última assembleia convocada na escola na sequência do que se passou com José Maria e Juliana, a Câmara de Castelo Branco, responsável pela contratação dos funcionários, terá alegado «falta de verbas» para aumentar os meios.
«Vemos esta situação com bastante apreensão. Há cada vez mais pais a contactar a escola, revoltados e apreensivos com tudo isto», refere o representante, considerando que «o assunto deveria ter sido discutido mais cedo e não depois de terem começado as férias. Só aí se aperceberam de que havia muitas crianças inscritas», questiona.
«Pedimos ajuda à Direcção Regional de Educação do Centro, que sugeriu que usássemos professores e funcionários da Câmara», sublinha, por seu lado, Graça Ventura.
A escola vai assim manter quatro funcionários a trabalhar, encurtando, no entanto, a duração do ATL de um mês e meio (previa-se que terminasse a 30 de Julho) para três semanas. Isto porque, segundo explica, houve menos de 40 crianças inscritas a partir de 15 de Julho. «Três semanas já é uma grande ajuda aos pais», considera a responsável. O ATL da escola funcionará apenas até 9 de Julho.
Ana Camilo garante não desistir da sua causa e levou o caso à Presidência da República, ao gabinete do primeiro-ministro e à Comissão Europeia.

Escola tropeça na legislação

Há muitas escolas com problemas de adaptação à legislação." A crítica pertence a Manuela Sanches Ferreira, coordenadora do ‘Estudo de avaliação externa do ensino especial’, trabalho divulgado ontem numa sessão no Centro Cultural de Belém (CCB), Lisboa, onde esteve a ministra da Educação, Isabel Alçada.
Segundo a investigação, a maioria dos alunos abrangidos pela educação especial (82%) recebe apoio pedagógico personalizado. O balanço é tido como positivo pela coordenadora apesar dos problemas que encontrou: muitos alunos não estão integrados no actual decreto-lei, há dificuldades na organização do processo e falta formação.
Crítico é também David Rodrigues, presidente da Associação Nacional de Docentes de Educação Especial, para quem existem muitas crianças com dificuldades que deveriam ter apoio e não têm. Quanto à avaliação, diz que peca por ser "tardia".
Consciente dos problemas, Isabel Alçada reconhece que "não se conseguem políticas que não tenham erros".

Faltam docentes de Educação Especial

A Fenprof apresentou este ano um inquérito onde 60 por cento dos agrupamentos de escolas dizem que o número de professores de que dispõem para apoiar alunos com necessidades educativas especiais é insuficiente. O trabalho foi conduzido junto de 424 direcções distribuídas por todo o país, e só nestes locais seriam necessários mais 312 docentes, além de outros técnicos. Contudo, o Ministério da Educação garantiu que no presente ano lectivo há nos agrupamentos 4779 docentes do grupo de Educação Especial, além de 1289 técnicos, como terapeutas, psicólogos formadores e intérpretes de língua gestual.
Comentário:
Continua a luta dos números e esquecem-se os alunos e as diferentes realidades que se vivem nos agrupamentos. Penso que o Ministério da Educação deveria realizar um efectivo levantamento de dados, verificar as situações individualmente e responder adeqiadamente às necessidades dos alunos de cada agrupamento.
Não basta dizer que foram disponibilizados técnicos se, de facto, não criarem condições para esses mesmos técnicos prestarem um efectivo apoio. Só a título de exemplo, qual é o interesse de ter um técnico especializado na sede de agrupamento mas que não apoio os alunos necessitados porque estão numa escola do 1º Ciclo, distanciada, e o Ministério da Educação não garante a verba para as deslocações?!
Infelizmente, os alunos continuam a ser vistos como um "número" indefinido, incaracterístico, uniforme.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Educação especial está a avançar mas com dificuldades


A responsável pela avaliação externa da reforma da educação especial salientou que o balanço é positivo mas reconhece que a maioria das escolas ainda passa por um período de adaptação, com algumas dificuldades.
O decreto-lei que reformou a educação especial em Portugal entrou em vigor em 2008, mas, segundo Manuela Sanches Ferreira, há “muitas escolas com problemas de adaptação à legislação, mas na generalidade foram capazes de mudar” de um modelo mais médico (de diagnóstico) para um modelo de participação.
Os resultados conclusivos só serão conhecidos no final do ano, no entanto esta sexta-feira foi apresentado um estudo com resultados parcelares da avaliação desta reforma.
Os alunos com necessidades educativas especiais (NEE) são agora sinalizados de acordo com a Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF).
“A maior parte dos instrumentos que os professores utilizam para a recolha de informação são informais e passam pelo olhar e observar as crianças”, informou a coordenadora, citada pela agência Lusa.
Dentro dos métodos informais de avaliação estão a observação, a entrevista, o questionário e mostras de trabalho. A nível formal são realizados testes.
Foram estudados 252 alunos, mas 38 destes não precisaram de “avaliação especializada com referência à CIF” por serem crianças que “em determinado momento não estavam a conseguir acompanhar o currículo educativo”, informou Manuela Sanches Ferreira.
Assim, só 214 entraram efectivamente no estudo, das quais 156 foram considerados elegíveis (96 por cento dos quais foram alvo de mais do que uma medida de apoio) e as restantes foram consideradas não elegíveis (51 por cento receberam mais do que duas medidas de apoio).
As maiores queixas das escolas estão relacionadas com o facto de terem muitos alunos com dificuldades e que não se integram no actual decreto-lei e a falta de formação para a CIF.

Relacionado com este tema:

APAV dará aulas contra violência ao 9.º ano


No início do ano, Pedro (nome fictício) não tinha amigos na escola e era "posto de parte" pelos colegas. Mas ao longo do primeiro período as atitudes foram mudando, à medida que a turma aprendia, ao mesmo tempo que Matemática e Português, a prevenir relacionamentos violentos e negativos. O projecto é da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), que quer agora estender estas aulas de prevenção da violência e comportamentos de risco na adolescência ao maior número possível de escolas do ensino básico.
A disciplina foi pensada para ser dada no 9.º ano, ao longo de 24 aulas. A matéria tem quatro partes: "ensinar" relacionamentos saudáveis, prevenindo a violência no namoro e o bullying; falar sobre uma sexualidade segura para evitar comportamentos de risco; prevenir o consumo e abuso de álcool e drogas; e evitar a discriminação de género.
Rosa Saavedra , responsável da APAV, explica que "não se trata de sessões pontuais" mas de um programa - inspirado num projecto canadiano - que é explorado ao longo do ano como se fosse mais uma disciplina: "Uma em que se fala de relacionamentos".
Nos últimos dois anos lectivos já houve duas escolas do Norte do País - com 14 turmas de cerca de 25 alunos - a aplicar o programa, baptizado de "4d - prevenção integrada em contexto escolar". Uma delas foi a a Secundária Inês de Castro, do professor Nuno Sá, que nos contou o caso de Pedro.
As aulas são dadas nas horas da Área de Projecto - 90 minutos por semana em que cada escola define quais os projectos em que quer investir. "Dá-nos oportunidade de falar com eles sobre temas que se nota que eles precisam de falar e nem sempre têm com quem", explica Nuno Sá. O professor notou não só uma "diminuição da conflitualidade" nas turmas, mas também a identificação de perigos. "A violência no namoro, por exemplo. Acham que nunca lhes vai acontecer, mas depois partilham situações em que o namorado gritou ou lhes deu um estalo." E apercebem-se de que esses comportamentos não são saudáveis.
Por isso, a APAV promoveu ontem um seminário, para divulgar o projecto junto de mais escolas, com a participação de uma representante da Direcção-Geral da Inovação e Desenvolvimento Curricular, Isabel Baptista. "Temos muitos coordenadores da área de saúde nas escolas interessados", garante Rosa Saavedra. A coordenadora salienta que os materiais já existem, uma vez que os manuais foram adaptados pela associação a partir dos originais do projecto canadiano e foram feitos vídeos e treinados professores.

Legendagem para surdos

Tendo em vista contribuir para a promoção dos direitos das pessoas com deficiências, sustentada nos diplomas legais em vigor e instrumentos enquadradores actuais, o INR, I.P. organizou um plano de formação externa para 2010, dirigido a técnicos da administração pública, de organizações não governamentais, estudantes e outros, que desenvolvam a sua actividade nos processos de integração e participação das pessoas com deficiências.
Assim, informa-se a realização, no próximo dia 5, 6 e 9 de Julho, na sede do INR, I.P., Av. Conde de Valbom, n.º 63, 1069-178 Lisboa, de uma acção de formação denominada Introdução à legendagem para surdos.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Concurso de professores «sério obstáculo» ao aprofundamento da autonomia das escolas

Maria de Lurdes Rodrigues considera que o concurso nacional de colocação de professores é um «sério obstáculo» ao aprofundamento da autonomia das escolas, defendendo a ponderação da sua realização.

«O concurso nacional de professores é, e será, um obstáculo sério a qualquer tentativa de aprofundamento da autonomia das escolas, bem como a qualquer tentativa de desenvolvimento de instrumentos mais modernos de gestão descentralizada», afirma a ex-titular da pasta da Educação, num livro que será lançado hoje.

Durante o seu mandato, Maria de Lurdes Rodrigues determinou a realização destes concursos de três em três anos (2006) e a partir de 2009 de quatro em quatro, de forma a garantir a estabilidade do corpo docente.

No capítulo dedicado a esta matéria, a professora universitária considera que o desafio passa por alargar a participação das escolas nos processos de recrutamento dos docentes.

«Todavia, a própria existência de um concurso central deve ser ponderada e analisada a eficácia e eficiência deste instrumento de gestão excessivamente centralizado e burocrático», acrescenta.

No livro, Maria de Lurdes Rodrigues justifica também as alterações introduzidas no Estatuto da Carreira Docente e na avaliação de desempenho dos professores, deixando críticas aos sindicatos mas também à classe: «A orientação de uma maioria de professores e de organizações sindicais continua a ser fortemente dirigida para a indiferenciação e igualitarismo de todos os membros do grupo», afirma, sublinhando que entre 1990 e 2005 esta indiferenciação «não gerou estímulos para a melhoria da qualidade ou para a ambição de fazer melhor, pelo contrário: nivelou por baixo na exigência e por cima nas condições de remuneração e de carreira».

Num encontro com jornalistas sobre o livro, Maria de Lurdes Rodrigues defendeu que este é um «problema que terá de ser ultrapassado pela própria classe» e considerou a oposição à diferenciação um dos «elementos negativos» do sistema educativo.

Considera ainda que o Estatuto da Carreira Docente «provocou uma gestão ineficiente e desequilibrada dos recursos humanos e financeiros no sector da Educação», antes de ser profundamente alterado.

Sol online