quinta-feira, 28 de maio de 2009

Aluno deficiente tem aulas com a turma apenas uma hora por dia

Uma criança de oito anos com deficiências motoras e cognitivas tem aulas com o resto da turma apenas uma hora por dia, por decisão da escola e pressão dos outros pais da Escola do 1.º Ciclo da Azambuja.
Eva Pires, presidente da Associação de Pais, explicou à Lusa que os pais dos outros alunos da turma pediram para que a criança não tivesse aulas em conjunto com o resto dos alunos para não criar dificuldades de concentração aos restantes estudantes.

No início das aulas, o aluno em causa frequentava as aulas das 09:00 às 13:00 com o resto da turma do primeiro ano na escola da Quinta dos Gatos, na Azambuja. No entanto, desde Novembro que esta criança tem apenas uma hora e meia de acompanhamento especial (das 09:00 às 10:30) e outra hora integrado na turma (das 12:00 às 13:00), passando o resto do tempo numa sala isolada aos cuidados de uma auxiliar educativa.

"A escola não tem professores de apoio suficientes. São mais de 900 alunos, cerca de 40 precisam de apoio e pelo menos três precisam de um ensino especial a tempo inteiro. Só existem duas professoras de apoio na escola e esta foi a solução que se encontrou para resolver a situação dentro do que era possível", afirmou a presidente da Associação de Pais.

"Quando o meu filho faz barulho, a professora manda-o para a auxiliar de educação porque diz que não se consegue concentrar nem ensinar os outros meninos", contou à Lusa Marta Valada, mãe da criança, acrescentando que tentou resolver a situação durante todo o ano.

De acordo com a lei, "as crianças e jovens com necessidades educativas especiais de carácter permanente gozam de prioridade na matrícula, tendo o direito (...) a frequentar o jardim-de-infância ou a escola nos mesmos termos das restantes crianças", bem como o "direito ao reconhecimento da sua singularidade e à oferta de respostas educativas adequadas".

Contactada pela Lusa, fonte do conselho executivo da escola disse apenas que "não chegou nenhum pedido nem formal nem informal por parte da encarregada de educação para pôr essa questão", recusando quaisquer explicações por ser um "assunto sigiloso."

Marta Valada recorreu aos serviços de uma advogada para garantir que no próximo ano lectivo o seu filho vai ter as condições a que tem direito e o acompanhamento educativo de que precisa. No passado dia 18, a mãe da criança escreveu uma carta ao inspector-geral da Educação, José Maria Azevedo, a denunciar a situação, tendo recebido notificação da missiva a 21 deste mês.

Na resposta da Inspecção-Geral da Educação, lê-se que o assunto "vai ser alvo de atenção por estes serviços" e que "oportunamente", irão informar sobre "as diligências efectuadas", mas até ao momento ainda não houve quaisquer desenvolvimentos.

Público Online

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