quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Esperança...

Há imagens e sons que falam por si. Penso que esta mensagem é reconfortante e estimulante para o final de um ano mas, sobretudo, para o início de um outro. A esperança numa escola mais inclusiva repercutir-se-á num mundo melhor! Bom ano de 2010 para todos!

Teclas de Tecnologia Assistida: a aprendizagem para Deficientes Visuais

O vídeo demonstra uma tecnologia que ajuda os estudantes com deficiência visual.



http://www.edutopia.org/technology-visually-impaired-video#

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Famílias com filhos menores vão receber apoio para aumentar rendimentos


As famílias com filhos menores e dificuldades financeiras vão receber um apoio estatal para que passem a ter rendimentos acima do limiar da pobreza, anunciou o presidente do Instituto de Segurança Social (ISS).
A medida está prevista no Programa do Governo e deverá entrar em vigor já em 2010, Ano Europeu da Luta Contra a Pobreza e Exclusão Social.
«Sei que a intenção é que durante o ano de 2010 seja activado» o apoio que garantirá às famílias trabalhadoras rendimentos acima do limiar da pobreza, disse, em entrevista à agência Lusa, Edmundo Martinho, presidente do ISS e representante do grupo de trabalho nacional do Ano Europeu da Luta Contra a Pobreza e Exclusão Social.
Neste momento, os serviços estão ainda a delinear o modelo que irá pôr em prática a iniciativa e a terminar o levantamento do número de famílias que serão abrangidas.
«O modelo de concretização da medida ainda não está completamente fechado. Ainda estamos no modelo de avaliação», explicou Edmundo Martinho, sublinhando, no entanto, que existe um «compromisso que está expresso no Programa do Governo e por isso é para concretizar».
Para já, o presidente do ISS garante apenas que «2010 significará o arranque da medida», reconhecendo que no final do próximo ano não será ainda possível dizer que já não existirão em Portugal famílias trabalhadoras com filhos a viver com rendimentos abaixo do limiar da pobreza.
«Agora estamos a trabalhar para saber quando é que o concretizamos. Depende do Governo, sei que é [essa a sua] intenção e o empenho para colocar em prática esta medida é tremendo», concluiu.
Para o responsável, «só o compromisso assumido é já um avanço tremendo do ponto de vista civilizacional».
Edmundo Martinho vê esta proposta como «uma alteração muito importante no modo como se entendem os apoios públicos e no modo como se entende a solidariedade».
A criação desta medida é «um passo gigante no que diz respeito à pobreza infantil», sublinhou Edmundo Martinho, lembrando que em 2010 as crianças serão precisamente um dos principais alvos do Ano Europeu da Luta contra a Pobreza e Exclusão Social - iniciativa europeia que pretende chamar a atenção e dar visibilidade aos fenómenos da pobreza e exclusão.
Edmundo Martinho diz que Portugal vai dar «prioridade número um» ao combate à pobreza infantil.
«No caso da pobreza infantil e das famílias que têm crianças, a nossa preocupação é muito grande, porque não podemos continuar a aceitar que o país continue a permitir que haja crianças que cresçam e se desenvolvam fora do acesso aos mais elementares bens que têm que ver com o seu crescimento, desenvolvimento e qualificação», alerta.
Quanto à possibilidade de a crise poder dificultar a aplicação de projectos como este, Edmundo Martinho prefere olhar para o actual cenário económico-financeiro como um momento que «deve estimular as pessoas para serem capazes de desenvolver instrumentos novos».
«A crise é uma boa altura para nos alertar para a importância de termos mecanismos capazes de apoiar as pessoas em situação de maior fragilidade», sustenta.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Financiamento das ajudas técnicas/produtos de apoio às pessoas com deficiência


O Despacho n.º 27731/2009, hoje publicado, vem estabelecer as regras de financiamento das ajudas técnicas/produtos de apoio às pessoas com deficiência, durante o ano de 2009.
A Lei n.º 38/2004, de 18 de Agosto, que define as bases gerais do regime jurídico da prevenção, habilitação, reabilitação e participação das pessoas com deficiência, dispõe que compete ao Estado o fornecimento, adaptação, manutenção ou renovação dos meios de compensação que forem adequados com vista a uma maior autonomia e adequada integração por parte daquelas pessoas.
É em cumprimento deste dever que se torna necessário assegurar a prescrição e o financiamento das ajudas técnicas/produtos de apoio às pessoas com deficiência, por forma a facilitar a sua reabilitação médico-funcional e participação a nível social e profissional, através de um sistema supletivo que visa complementar as verbas disponíveis para o efeito dos sistemas sectoriais da saúde, formação profissional, emprego e segurança social, permitindo -se, assim, contribuir para uma melhoria da sua qualidade de vida.
Comentário:
Há coisas que não se compreendem... O Despacho publicado hoje, dia 29 de Dezembro de 2009 (é véspera definal do ano!), vem estabelecer as ajudas técnicas para o ano de 2009?!

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Teclado em braille

O Laboratório de Acessibilidade do Yahoo! apresentou, na semana passada, a sua versão de um teclado em braille, o alfabeto utilizado por cegos.
Victor Tsaran, codirector do laboratório, disse que programadores e desenvolvedores estão a trabalhar no aperfeiçoamento de softwares e hardwares como leitores de ecrã, teclados em braille, mouses, joysticks e outros dispositivos para melhorar a usabilidade de aparelhos de tecnologia por parte de pessoas com deficiência visual.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Feliz Natal




Dada a época que se avizinha, propícia a algum recolhimento e vida familiar, talvez fique um pouco menos activo. Não poso deixar passar em branco esta época sem saudar os amigos, colegas, visitantes, curiosos... que, com maior ou menor frequência, têm visitado este blog, justificando, assim, a sua existência.
Antes de mais, muito obrigado!







A todos, desejo um




e um Próspero Ano de 2010!

Brinquedos adaptados para crianças diferentes

Alunos da Universidade do Minho passaram duas semanas a adaptar brinquedos para que crianças com deficiência, de Guimarães, consigam, sem limitações, brincar com o Noddy, o Ruca, peluches e carrinhos.
Não são ajudantes do Pai Natal, mas podiam ser. Há duas semanas que 12 alunos do curso de Engenharia Electrónica Industrial e Computadores da Universidade do Minho (UM), estão a modificar peluches, carrinhos e jogos inter-activos para, esta tarde, os oferecerem a crianças com deficiências variadas.
Os brinquedos, enviados gratuitamente por uma empresa internacional, chegam hoje às mãos das crianças da Associação de Paralisia Cerebral de Guimarães (APCG) e da Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados de Guimarães (CERCIGUI).
"São brinquedos normais que foram adaptados de forma que crianças com dificuldades motoras severas possam brincar com eles", disse ao JN Fernando Ribeiro, docente da UM e responsável pelo projecto que envolve o Grupo de Automação Robótica.
Alunos e professores esventraram ursos de peluche, carrinhos e mini-computadores. Trocaram fios e transformaram electronicamente jogos e até o Noddy e o Ruca. "Na maioria dos brinquedos trocamos os pequenos botões que ligam e desligam os sons e os movimentos e colocamos um grande interruptor que pode ser manejado por crianças com dificuldades motoras", frisou Fernando Ribeiro.
Nos cinco anos de colaboração entre a Universidade do Minho e o Portal Ajudas.com, um projecto de Responsabilidade Social da Handout que se dedica à reabilitação e ajuda técnica para pessoas com deficiência, já foram transformados mais de 1500 brinquedos.
Para os casos mais graves, que envolvem crianças com fortes dificuldades motoras e um deficit cognitivo, os brinquedos sofrem ainda maiores alterações. É criado um mecanismo para colocar ao pescoço da criança para que ela, com um simples movimento da cabeça, possa ligar ou desligar os bonecos.
A operação de transformação começa com a abertura dos brinquedos. Segue-se a sua transformação electrónica e depois a adaptação para que possam ser usados com relativa facilidade pelas "crianças especiais".
"Durante duas semanas, o laboratório de robótica da universidade é ocupado por brinquedos e por músicas infantis", refere ainda o responsável pelo projecto. E continua: "É um bocado estranho, numa universidade, ouvir música do Noddy e do Ruca mas é por uma boa causa e, na verdade, nós também nos divertimos com os bonecos".
Os estudantes da UM vão, pela primeira vez, pessoalmente e sem renas ou trenó, entregar os brinquedos às crianças que frequentam as instituições.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Ministério quer alterar planos de estudos do ensino básico


O Ministério da Educação quer fazer alterações no plano de estudos do ensino básico e vai mexer no número de disciplinas para que haja uma maior articulação das áreas curriculares. O número de horas também vai sofrer mudanças, revelou a ministra Isabel Alçada na abertura do seminário O impacto das avaliações internacionais nos sistemas educativos, no Conselho Nacional de Educação (CNE), ontem, em Lisboa.

Isabel Alçada está preocupada com o trabalho na sala de aula. Além das competências básicas na área da leitura, escrita, Matemática e Ciências, também as Tecnologias de Informação e Comunicação são consideradas essenciais, avançou a ministra, acrescentando que a tutela está a dar grande atenção ao currículo, de maneira a resolver problemas e promover melhores resultados escolares.

Além do "ajustamento do plano de estudos" para o básico, outra das acções prioritárias é estabelecer metas de competências para cada ano de escolaridade - esta foi a primeira medida anunciada por Alçada. Esta é também uma das medidas que a maior parte dos países com bons resultados no estudo PISA (que avalia a literacia na língua materna, Matemática e Ciências dos alunos do 15 anos dos países da OCDE) já adoptou, revela o estudo Opções educativas sectoriais de alguns países integrados no PISA, coordenado por Glória Ramalho e encomendado pelo CNE, ontem apresentado.

O estudo mostra as opções educativas de seis países bem posicionados no PISA (Austrália, Canadá, Finlândia, Japão, Reino Unido e Irlanda) e da vizinha Espanha, escolhida pela proximidade. O objectivo não é "copiar", mas a comparação pode servir de inspiração para que se mudem algumas práticas, defende Ana Maria Bettencourt, presidente do CNE.

Para Isabel Alçada, os estudos internacionais permitem "clarificar a situação de Portugal face aos seus parceiros" e "criar um padrão que permita apreciar se o sistema educativo nacional está a ser desenvolvido de forma correcta".

Andreas Schleicher, da OCDE, considera que, por vezes, não é preciso gastar mais dinheiro para ter melhor educação. Os países bem colocados têm currículos claros, metas estabelecidas, bons professores e escolas com autonomia, mas também têm avaliação, conclui.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

"Falando com quem faz..."



A Pró-Inclusão vai realizar uma actividade que me parece interessante e útil. Um sábado por mês, vai haver oportunidade de divulgar práticas, trocar opiniões, partilhar saberes e dúvidas. Penso que esta actividade é muito enriquecedora, no sentido da troca de experiências, partilha de angústias, procura conjunta de respostas e, acima de tudo, leva a quebrar as fronteiras físicas do espaço da sala de aula e da escola.

A associação ainda é recente mas tem procurado implementar uma dinâmica própria. Neste sentido, lançava um "desafio" à associação, que procurasse descentralizar este tipo de acções, assim como outras, procurando realizá-las em outros locais do país! Certamente que os professores de Educação Especial agradecem!


Programa para 2009/10:
30/01/2010 “Utilizando a CIF”
Dinamizador:Francisco Ramos Leitão

20/02/2010 “Processo de identificação das NEE”
Dinamizador:Ana Paula Joaquim

20/03/2010 “Unidade de Ensino Estruturado – Autismo”
Dinamizador:Paula Alves

17/04/2010 “Unidade de Multideficiência”
Dinamizador:Isabel Lopes e Fernanda Godinho

22/05/2010 “Respostas Diferenciadas no âmbito dos PIT: uma experiência"
Dinamizador: Jorge Humberto

19/06/2010 “Transição para a vida activa – Desenvolvimento de Experiências Sócio-Ocupacionais“
Dinamizador: Ana Rosa Trindade

25/09/2010 “A utilização das TIC nas NEE”
Dinamizador:Henrique Santos

30/10/2010 “Clube de pais” "Formação Parental”
Dinamizador: Isabel Lopes, Alexandra Severiano e Isilda Louro


Mais informções aqui.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Os nossos filhos são... diferentes! Como podem os pais lidar com uma criança com deficiência


O projecto Intervenção Precoce – O Processo de Construção de Boas Práticas, desenvolvido no concelho de Sesimbra, foi um projecto-piloto que procurou melhorar e alargar a resposta às necessidades de famílias com crianças com deficiência ou em situação de risco.
Os resultados alcançados ao fim de três anos, validados por uma avaliação independente, indicam que o reforço de capacidade e de qualidade dos serviços prestados pela equipa de intervenção precoce viabilizaram uma actuação mais atempada e em rede com os vários intervenientes: famílias, unidades de saúde, estabelecimentos de ensino e organizações de solidariedade social.
Trata-se pois de uma prática aconselhável para facilitar a integração e o desenvolvimento destas crianças. Esta brochura foi concebida sobretudo para informar as famílias e marca o início de um conjunto de publicações da iniciativa da Fundação sobre o tema da intervenção precoce.
Temos tido o privilégio de contar com o saber e a experiência do Professor Doutor Daniel Sampaio, que nos tem orientado nestas matérias e a quem manifesto o nosso apreço e agradecimento.

Quando uma família se defronta com uma criança que nasce com algum tipo de problema ou que, passado algum tempo, parece ter um desenvolvimento diferente do habitual, algumas das primeiras perguntas que faz são:
01. O que está a acontecer?
02. Porquê a mim?
03. Porque é que o meu filho(a) é diferente dos outros bebés ou crianças da sua idade?
04. Quem me pode ajudar?

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

TRANSIÇÃO DA ESCOLA PARA A VIDA ADULTA: JOVENS COM NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS / GUIA DE APOIO PARA A COMUNIDADE EDUCATIVA


O colega Francisco José Pires Alves, a exercer funções docentes na Escola EB 2,3 de Monção, no âmbito da Educação Especial, desde o ano lectivo 1999/00, no sentido de prestar mais um contributo para esta temática, há alguns dias atrás, publicou, na livraria BUBOK, um livro com o título de: TRANSIÇÃO DA ESCOLA PARA A VIDA ADULTA: JOVENS COM NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS / GUIA DE APOIO PARA A COMUNIDADE EDUCATIVA.
Este livro foi desenvolvido para prestar informações ao pessoal docente e não docente, técnicos especializados, no âmbito da Educação Especial, outros membros da comunidade escolar, incluindo serviços para jovens e adultos sobre as melhores práticas e sobre os factores-chave que apoiam a planificação e a transição dos jovens com Necessidades Educativas Especiais.
Para mais informações, clicar aqui.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Uma escola in(con)clusiva

No perfil geral de desempenho profissional do educador de infância e dos professores dos ensinos básicos e secundário (Decreto-Lei n.º 240/2001 de 30 de Agosto) consta que o professor “exerce a sua actividade profissional na escola, entendida como uma instituição educativa, à qual está socialmente cometida a responsabilidade específica de garantir a todos, numa perspectiva de escola inclusiva, um conjunto de aprendizagens de natureza diversa…”. O mesmo normativo acrescenta que o docente “ desenvolve estratégias pedagógicas diferenciadas, conducentes ao sucesso de cada aluno…”
No Estatuto da Carreira Docente (Decreto-Lei n.º 15/2007 de 19 de Janeiro), na secção dos Deveres, o legislador refere que os docentes devem “organizar e gerir o ensino-aprendizagem, adoptando estratégias de diferenciação pedagógica susceptíveis de responder às necessidades individuais dos alunos.”
No documento que define os apoios especializados a prestar na educação pré-escolar e nos ensinos básico e secundário (Decreto-Lei n.º 3/2008) enfatiza-se que “é desígnio do Governo a promoção de uma escola democrática e inclusiva, orientada para o sucesso de todas as crianças e jovens.”
E pronto, em Portugal as coisas funcionam deste modo: o legislador legisla e o normativo regulamentar vira “paradogma” pedagógico com a maior naturalidade deste mundo! Sim, porque escola inclusiva, integração sociocultural e diferenciação pedagógica são conceitos tão banais que qualquer “turboformador” não sentirá dificuldade especial em os esmiuçar.
No entanto, o mistério adensa-se! Por que motivo persiste a contradição entre a retórica legislativa e a prática pedagógica? Qual a razão de tantos mestres “inclusivos” e tão poucas práticas diferenciadas?
O conceito de inclusão implica, antes de mais, rejeitar a exclusão de qualquer aluno da comunidade escolar. Por princípio, a escola pública não faz isso. Bem… parece que há para aí umas escolas muito preocupadas com os rankings que, por vezes, “monitorizam” com excessivo zelo a mobilidade dos seus “clientes”. Mas julga-se que são casos residuais…
Em tom crítico e quase pejorativo opõe-se a escola tradicional, integrativa e de sucesso para alguns à escola pós-moderna, inclusiva e promotora de sucesso para todos! Alguns críticos dizem que o professor “tradicionalista” ensina a muitos como se fossem um só na crença de que existe um aluno médio. Acrescentam ainda que face a públicos diferenciados a escola responde através de uma tentativa da redução da complexidade interna, procurando homogeneizar o público escolar.
Mas as dúvidas permanecem. Procurar ensinar a todos aquilo que está curricularmente previsto é homogeneizar? Utilizar uma experiência de aprendizagem devidamente validada é tentar reduzir a complexidade interna?
E quando um professor “não inclusivo” reclama que o currículo é definido pela tutela, tem critérios homogéneos, objectivos e conteúdos específicos e que ele próprio será “avaliado” em função dos resultados obtidos pelos alunos nos exames nacionais, a resposta dos “inclusivos” é categórica: o ensino diferenciado é a melhor resposta a uma educação baseada em padrões. E acrescentam: o ensino diferenciado permite que se use o tempo de forma mais eficiente, elimina o ensino de determinadas competências, no caso dos alunos que já as dominam, prepara mais actividades de aprendizagem para os que precisam de mais prática.
O professor “tradicionalista”, perplexo, ainda tenta argumentar com o elevado número de alunos por turma, com o número de turmas que lecciona, com a qualidade dos espaços de aprendizagem de uma escola que nunca foi pensada para ser uma organização diferenciada, com a falta ou escassez de terapeutas, psicólogos, trabalhadores sociais… Mas não adianta. Por ter ousado levantar a voz é submetido a um processo argumentativo e persuasivo a propósito do verbo diferenciar:
● Diferenciar não significa que cada um tenha de aprender segundo uma metodologia diferente;
● Diferenciar é ir experienciando várias abordagens de modo a que, no final da aula, todos os alunos (os predominantemente linguísticos, logicomatemáticos, espaciais, cinestésicos, musicais…) tenham sucesso;
● Diferenciar é mediar, supervisionar, satisfazer;
● Diferenciar é alterar o ritmo, fornecer listas de projectos, dar a escolher em função dos interesses dos aprendentes;
● Diferenciar é planear tendo em conta o tipo de inteligência do aluno, as suas capacidades cognitivas, o estilo de aprendizagem, factores socioeconómicos e familiares, a disponibilidade, o sexo, as influências culturais e étnicas;
● Diferenciar é prever os pontos de fuga, pontos em que o currículo se ramifica e vários alunos “saltam fora” do ritmo de ensino e das actividades normais, porque as suas necessidades de aprendizagem diferem das necessidades da maioria dos colegas;
● Não diferenciar significa excluir alunos através da prática pedagógica.
A última afirmação, sobretudo, deixou o “velho” professor com os níveis de auto-estima muito perto do zero. Já nem ouviu o seu interlocutor proferir a máxima das máximas:
“Diferentes modos de aprender implicam diferentes modos de ensinar”.
E foi-se embora, tartamudeando:
“Pois… mas esquece-se de um pormenor: por mais criativa e adequada que seja a experiência de aprendizagem proporcionada ao aluno, se ele não dominar os pré-requisitos fundamentais, se não estudar e se não tiver vontade, jamais terá sucesso: não há nenhum aluno que leia se não souber ler; não há nenhum aluno que leia se não ler; não há nenhum aluno que leia se não quiser ler.”
Fernando Cardoso
Retirado de Profblog.org

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Educação Especial: no termo da legislatura

As sucessivas reestruturações que os vários governos têm vindo a propor na área da Educação Especial, embora possam ter gerado um interesse considerável no que concerne à educação dos alunos com necessidades educativas especiais (NEE), têm sido alvo de uma forte controvérsia profissional e parental.
Esta controvérsia materializou-se a partir da publicação do Decreto-Lei n,º 3/2008, de 7 de Janeiro, que pretendeu dar corpo a uma reestruturação que "tivesse pés para andar". No entanto, a retórica política, a teimosia e o não querer ouvir fizeram do referido decreto um decreto sofrível que, no seu conjunto, em pouco, ou em nada, beneficia os alunos com NEE pelos erros que espelha.
1º erro: O ME afirma que o número de alunos com NEE é de 1,8% da população estundantil total. Por pura ignorância ou, quem sabe, por razões economicistas, desconsiderou a maioria desses alunos. Este é um facto irrefutável, embora só se possa comprovar quando o ME resolver fazer estudos de prevalência fidedignos ou os encomente às universidade.
2º erro: A obrigatoriedade do uso da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) para determinar a elegibilidade de alunos com NEE para os serviços de Educação Especial. Em educação, a CIF não passa de uma classificação sem qualquer mérito científico. Posso afirmar que, se fosse possível passar um questionário aos professores sobre esta matéria, os resultados seriam assustadores.
3º erro: Criação de escolas de referência e de unidades de ensino estruturado. No primeiro caso, não vejo porque é que estes alunos devam ser "segregados" em escolas de referência. No minha opinião, sempre que possível, estes alunos devem ser incluídos em classes regulares de escolas e/ou agrupamentos, pois, assim, têm oportunidade de viver vidas muito mais produtivas. Quanto às unidades de ensino estruturado, destinadas à educação de alunos com perturbações do espectro do autismo (PEA), aqui a questão é praticamente a mesma, embora se deva perceber que estes alunos se inscrevem num continuum que vai do ligeiro ao severo. Desta forma, haverá alunos que podem perfeitamente frequentar classes regulares (por exemplo, alunos com síndrome de Asperger) e outros cuja dificuldade em frequentá-las é muito maior.
4º erro: Inexistência, na prática, de recursos epecializados que possam contribuir para a eficácia das respostas educativas a prestar aos alunos com NEE.
5º erro: A falta de professores especializados em Educação Especial e de uma clarificação quanto às suas competências. Neste aspecto, o ME tem-se mantido "quedo" e "mudo", agudizando os já tão caóticos serviços de Educação Especial.
Que estes erros não sejam repetidos pela próxima Ministra da Educação. Para ela, além de lhe desejar as maiores felicidades, peço-lhe que reflicta sobre qual deve ser a melhor política para a Educação Especial. As dezenas de milhar de alunos com NEE agradecerão, com certeza.
Luís de Miranda Correia
Revista "2 Pontos", n.º 10, Outubro 2009, p. 41

Família acusada de escravizar deficiente

Uma família de agricultores de Coucieiro, Vila Verde, é acusada pelo Ministério Público de ter escravizado e maltratado fisicamente um jovem portador de deficiência moderada ao longo de quase 25 anos.
Segundo a Acusação, que acaba de ser deduzida, Casimiro e Rosalina Silva, de 66 anos, e os filhos, Maria de Fátima, 43 anos, e José Pedro, com 42, obrigaram Rui Manuel Machado, hoje com 35 anos, a trabalhos pesados, sem direito a qualquer recompensa, sujeito a condições de vida sub-humanas e sob maus tratos e agressões muitas vezes violentas.
A investigação judicial é arrasadora para os quatro arguidos, que são acusados de terem privado Rui Manuel da "consciência da sua própria liberdade e de toda a dignidade humana".
O caso do chamado ‘escravo do Minho’ foi revelado pelo CM em Novembro de 2004, altura em que Rui Machado foi libertado pela GNR de Vila Verde e entregue à Segurança Social de Braga. Os exames médicos revelaram na altura 28 cicatrizes de alegados maus tratos e um estado "extremamente débil", em termos físicos e psíquicos.
Com apenas seis anos, e devido à morte do avô, Rui Manuel passou a viver em casa da família Silva, seus primos em segundo grau. A mãe, também deficiente, acabou por ser internada nu-ma instituição da Póvoa de Lanhoso e Rui foi logo obrigado a pastorear o gado, não tendo chegado a completar o primeiro ano de escolaridade.
Segundo o Ministério Público, ao longo dos quase 25 anos de cativeiro Rui Manuel dormia numa arrecadação de um armazém, onde também comia. Para além disso, era diversas vezes agredido pelos arguidos, ora por não desempenhar na perfeição as tarefas exigidas, ora por pedir comida aos vizinhos, ou sem qualquer motivo aparente. As agressões incluíam bofetadas, murros, pontapés e golpes com objectos, como cabos eléctricos e mangueiras.
Comentário:
Esta notícia faz recordar o tempo em que os portadores de deficiência eram excluídos ou aniquilidos pela sociedade.

Beatriz, uma vítima de bullying

Beatriz é vítima de agressões na sua escola, um fenómeno que está a aumentar. A estudante de 14 anos começou a ser alvo de bullying por parte de alunas de outra turma há seis meses e agora é protegida pelos seus colegas.
Beatriz é vítima de violência de maus tratos de forma continua e prolongada por parte dos seus colegas de escola, um fenómeno que estará a aumentar em todo o país, embora o Ministério da Educação e a Procuradoria-geral da República não tenham dados sobre o bullying.
Esta aluna de 14 anos da Escola Secundária Jorge Peixinho, no Montijo, é vítima de agressões há seis meses e os seus olhos são o espelho do medo que sente, isto depois das ameaças psicológicas e verbais de colegas de outra turma que começou a receber em Junho.
As agressões físicas começaram a 1 de Outubro, com o regresso às aulas, tendo recebido uma suspensão idêntica à da agressora só por se ter defendido, contou o pai da jovem à TSF.
«Deu uma estalada na outra. Entretanto, juntou-se um grupo de três ou quatro e deram-lhe uma tareia. Das pessoas que lhe deram uma tareia, só uma é que teve seis dias de suspensão com pena suspensa», explicou Luís Carreira.
Beatriz passou pela urgência do Hospital do Montijo de onde seguiu um relatório anexado à queixa que os pais fizeram de imediato na PSP, algo que acabou por não valer de nada, pois a violência subiu de tom.
«Dão-lhe empurrões, chamam-lhe nomes. Mandam-lhe mensagens que estão entregues neste momento no Conselho Directivo com ofensas gravíssimas e com ameaças físicas. Essas miúdas, que são de outra turma, fizeram-lhe uma espera fora da escola e deram-lhe uma tareia grande», acrescentou Luís Carreira.
Depois desta agressão em Novembro, a Internet foi o alvo seguinte, com um «hi5 em nome da minha filha, com fotografias no nome dela» e com o seu número de telemóvel para lhe ligarem e «com palavras que não vamos referenciar porque são demasiado ofensivas», conta o pai.
Apesar de a página no hi5 ter estado apenas aberta pouco mais de 24 horas, a mãe Clara conta que «recebeu propostas do 'arco da velha'», ao atender o telemóvel da filha e que agora os colegas da turma da filha a protegem numa altura em que as notas de Beatriz estão a baixar.
«Hoje vai um levá-la a casa. No dia seguinte, vai outro buscá-la a casa. Depois no mesmo dia, vai um terceiro levá-la. Revezam-se até voltar ao mesmo. Sempre os rapazes. Se quiser ir à casa de banho, que fica na outra ponta da escola, vai sempre um colega com ela», acrescentou.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

“Ser Professor de Educação Especial” - conclusões do congresso


A Pró-Inclusão – Associação Nacional de Docentes de Educação Especial, realizou de 27 a 29 de Novembro o Primeiro Congresso Internacional subordinado ao tema “Ser Professor de Educação Especial”, com a presença de alguns dos mais proeminentes académicos e investigadores nacionais e internacionais. Os cerca de 500 participantes, na sua maioria professores desta área, debateram, ao longo das mais de 70 conferências e comunicações, temas actuais relacionados com a Educação Inclusiva, Sistemas Educativos, Avaliação e Intervenção Educacional, Profissionalidade, Avaliação e Formação Docente, entre outros.
Da riqueza dos debates e das comunicações apresentadas, surgiram as seguintes conclusões.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

15 ideias para educar pestinhas


Professores, pediatras e psiquiatras vêem a disciplina enquadrada numa relação baseada no encorajamento e na recompensa. Acreditam que se houver uma relação de confiança recíproca haverá pouco espaço para o castigo. Os pais, que quase todos os dias mordem os lábios para não reagir a quente quando os seus filhos teimam nas birras, têm outra opinião. Educar não é fácil e disciplinar também não... Eis 15 ideias para educar sem gritos.
1. Ensine inteligência... emocional. Mais importante do que saber ler antes dos amigos é saber lidar com as emoções.
2. Promova a colaboração. A infância não é um paraíso. Os mais novos devem cumprir tarefas e sentir-se integrados no núcleo familiar.
3. Responsabilize-as. As crianças devem ser encorajadas a assumir as responsabilidades dos seus actos.
4. Assuma o seu papel. Quando a criança desatar aos berros, não grite também. Alguém tem que ser o adulto nesta relação.
5. Fale com elas, muito e desde bem cedo. Aproveite todos os bocadinhos.
6. Dê o exemplo. Tanto nos comportamentos, como na linguagem e nas regras.
7. Conte histórias. O momento do conto é a forma clássica e efectiva de treinar as emoções. Leia os livros antes de os ler aos seus filhos.
8. Cure a razão, não o sintoma. A indisciplina pode ser um sinal de que algo não está bem. Proibi-los de jogar PlayStation ou ver televisão durante uma semana pode não ajudar nada. Perceba a razão por trás do comportamento.
9. Não seja amiguinha/o. Todos queremos fazer os nossos filhos felizes, mas às vezes é preciso tomar decisões difíceis e impopulares.
10. Ouça, ouça e volte a ouvir. Seja bom ouvinte, arranje tempo para falar e sobretudo para ouvir. É uma boa forma de os compreender.
11. Ajude a lidar com a frustração. É importante ter rotinas e fazer entender que não pode ter tudo o que quer.
12. Faça uma pausa. Os ânimos estão exaltados. O mais sensato pode ser ... uma pausa. Conte até dez antes de também perder o controlo.
13. Cuidado com as expectativas. Não compare, nem exija dos seus filhos aquilo que eles não podem dar.
14. Se tem mais do que um filho arranje nem que seja 15 minutos por semana para estar com cada um a sós.
15. Ame-os muito. O amor nunca é demais.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Mundo Aspie - revista diversidades


A Revista Diversidades dedica o n.º 26 à temática do Síndrome de Asperger como título de "Mundo Aspie". No editorial, da autoria de Maria José Camacho, Directora Regional de Educação especial e Reabilitação, podemos ler:

O calendário relembra-nos que Dezembro está aí. Imersos no sentimento de recordação de um ano que se encerra e impelidos para a perspectiva de um outro que é sonho e promessa de realizações, a Diversidades escolheu para este número a incursão serena na Síndrome de Asperger (SA).
Nuno Lobo Antunes refere que "os professores deverão compreender que as crianças com SA têm um medo quase patológico do ridículo, por isso é preciso reforçar a ideia de que o erro é essencial ao conhecimento e à experiência, e evitar situações que podem resultar em humilhação. O estilo de aprender, as características peculiares quanto à escrita, leitura e cálculo deverão estimular os professores, com ajuda de técnicos experientes, a desenvolver técnicas pedagógicas que potenciem as aptidões e não sublinhem, as dificuldades".
Começa a ser comum a referência ao "Mundo Aspie". Enquanto cidadãos desse Mundo, o que os caracteriza? O que os distingue? Traços de personalidade, competências, peculiaridades, síndromes?
A constância desta indelével transitoriedade leva-nos a acreditar, cada vez mais, na sinergia que deve ser colocada no respeito e acolhimento da sua singularidade, enquanto pilar fundamental de intervenção.
Nos reflexos da sua imprevisibilidade, encontram o aconchego e o refúgio salutar nos outros e, por isso, precisam sentir-se compreendidos no seu saber estar, ser e agir e, simultaneamente, demandam que os aceitemos como são. Ser Aspie, ser… simplesmente ser… Não se trata dum mundo de uns e de outros, mas do Mundo que é de todos, com lugar para a igualdade na diferença.
Reconheçamos e deixemo-nos desafiar pela originalidade intelectual e emocional das diversas formas de comunicação e relacionamento, sem resvalar para o proteccionismo exagerado, indiferença ou discriminação exclusiva. (...)

"Sábados Especiais"

O Gabinete de Acompanhamento à Educação Especial da DREN e a Escola Secundária Alexandre Herculano, Escola de Referência para a Educação Bilingue de Alunos Surdos, organizam o 2º Encontro do Programa 'Sábados Especiais'. Subordinado ao tema Materiais Bilingues para Alunos Surdos - O trabalho em rede, o Encontro vai ter lugar na Secundária Alexandre Herculano, no Porto, no próximo dia 12 de Dezembro. 'Sábados Especiais' é um programa de (auto)formação dirigido a professores, educadores, terapeutas e familiares de alunos com Necessidades Educativas Especiais. (Ver mais)

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Intervir para a inclusão escolar


No Dia Internacional das Pessoas Portadoras de Deficiência, 3 de Dezembro, urge falar de inserção social, mas também de inclusão escolar de crianças e jovens especiais que nem sempre vêem a educação ir ao encontro das suas necessidades e capacidades.
São contraditórios os números relativos aos alunos com necessidades educativas especiais (NEE) em Portugal. Segundo os dados do Ministério da Educação (ME) apenas 1,8% do total de alunos a frequentarem o sistema educativo se inserem nesta classificação. Os especialistas fazem outras contas: serão mais de 8% os alunos a necessitarem de intervenção na área da educação especial. Acusam o ME de ter apenas considerado naquela percentagem, os alunos com necessidades educativas especiais permanentes, com deficiências auditivas, visuais, com multideficiência e com perturbações do espectro do autismo. Deixando expostos ao insucesso muitos mais alunos carentes de apoio especializado devido a dificuldades de aprendizagem.
Na base desta disparidade percentual está uma indefinição de conceitos e de classificações. Luís de Miranda Correia, autor do Modelo de Atendimento à Diversidade (1995), é uma das vozes mais críticas às políticas educativas dos últimos anos na área da educação especial. Nicole Dias é psicóloga clínica e trabalha segundo o método da análise comportamental aplicada (ABA - Applied Behaviour Analysis) na resolução de patologias comportamentais, cognitivas e emocionais. Na celebração do Dia Internacional das Pessoas Portadoras de Deficiência, urge falar de inclusão social, mas também escolar, de crianças e jovens especiais que nem sempre vêem reconhecidas as suas capacidades.
Repensar a forma como a educação especial tem sido tratada nos últimos quatro anos é "fundamental", diz Luís de Miranda Correia, professor catedrático do Instituto de Estudos da Criança, da Universidade do Minho. As críticas deste investigador estão voltadas para o Decreto-Lei n.º 3/2008 de 7 de Janeiro, um diploma que tem gerado muita polémica entre a comunidade escolar pela discriminação da maioria dos alunos com NEE, pelo processo de intervenção que prevê, mas sobretudo pela inadequada utilização da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF). Recorde-se que a CIF foi criada pela Organização Mundial de Saúde para sinalizar problemas do foro físico e está a ser usada para determinar quem são os alunos passíveis de intervenção na área das NEE. Ou seja, para despistar problemas do âmbito educativo. Deixando assim escapar alunos com dificuldades de aprendizagem (DA) e problemas de comportamento, que, segundo Miranda Correia, constituem cerca de 60% do número total (8%) de alunos com NEE.
"É um facto irrefutável que a maioria dos alunos com NEE se encontram abandonados à sua sorte nas nossas escolas", diz Miranda Correia, "embora só se possa comprovar [esta realidade] quando o ME resolver fazer estudos de prevalência fidedignos ou os encomendar às universidades", esclarece o professor. "Se fosse possível passar um questionário aos professores nesta matéria, se eles fossem autênticos nas suas respostas, sem medo de represálias, ou de encobrimento daquilo que nunca perceberam, os resultados seriam assustadores", conclui.
Escola inclusiva
"Não podemos esquecer que os alunos com NEE passam parte significativa do seu dia-a-dia nas escolas, se tivermos em conta os princípios que a inclusão pressupõe. E, se assim é, durante esse período crucial do seu desenvolvimento, não só terão de interagir continuamente com professores e colegas, mas também estarão expostos às mais diversas estratégias e métodos de ensino", diz Miranda Correia. Para que estes alunos possam ter sucesso escolar, o professor defende ser "necessário criar ambientes educativos seguros e assegurar aprendizagens que se identifiquem com as suas capacidades e necessidades para que um dia venham a atingir um nível de independência, vida de qualidade e produtiva como membros activos da sociedade".
Com a mudança ministerial, Miranda Correia lança um apelo a Isabel Alçada, a nova titular da pasta da Educação: "Que o seu Ministério tenha sempre presente que as decisões educacionais e políticas se devem basear nos resultados da investigação e nas boas práticas."
Práticas de intervenção
A inclusão escolar de crianças com NEE permanece um tema controverso. Mas actuando ao nível da dinâmica de grupo é possível conseguir processos de inclusão eficazes, trabalhando competências que colmatem défices de atenção, dificuldade de compreensão da instrução, da linguagem e problemas ao nível da comunicação, tendo em vista o sucesso escolar.
Como explica Nicole Dias, directora do ABA, Centro de Terapias Comportamentais, a intervenção começa por ser individual, criando na criança os pré-requisitos e as pré-competências necessárias para funcionar em grupo. Segue-se a inclusão num pequeno grupo, de um ou dois pares da turma. "Mas para que isto aconteça é preciso que haja a colaboração dos pais das outras crianças e da escola em geral, no sentido de serem criadas as condições para este processo ser aplicado". Na fase de intervenção seguinte, alarga-se o número de elementos do grupo até seis crianças e faz-se uma simulação da sala de aula.
Começa-se, desta forma, a treinar a instrução em grupo. À qual se segue a introdução da criança no contexto de sala de aula regular. Neste nível deixa-se o trabalho directo com a criança e passa a haver uma transmissão de estratégias para os professores ou educadores. "Vamos acompanhando a sala toda e gradualmente fazendo a nossa retirada, assim se espera que a terapeuta já não seja necessária e esteja concluído um processo eficaz de inclusão", explica Nicole Dias.
O ABA, Centro de Terapias Comportamentais, intervém actualmente em 14 crianças e jovens com idades entre os 3 e os 19 anos que apresentam diversas problemáticas do foro comportamental e psicológico. São, na sua maioria, casos de perturbações do espectro do autismo, mas também de epilepsia, atraso mental, trissomia 21 e perturbações alimentares.
Os métodos e as técnicas têm por base a análise comportamental aplicada (ABA - Applied Behaviour Analysis) e podem, segundo Nicole Dias, ser usados em qualquer situação. Funcionam através do reforço, ajudas específicas e objectivos concretos. "A ABA tem uma vertente diferente das outras intervenções por ser extremamente objectiva, tudo é mensurável, portanto o progresso da criança ou jovem é acompanhado diariamente", refere a psicóloga. O trabalho é sempre realizado em contexto real, explica Nicole Dias. "Todas as intervenções acontecem no ambiente em que aquela criança precisa de funcionar, seja em casa ou na escola, e há sempre um trabalho complementar com a família e restantes intervenientes identificados na vida da criança, se não o processo não é viável."
Nicole Dias não tem dúvidas sobre os benefícios da inclusão de crianças com NEE na escola regular. "Desde que se atenda às suas necessidades específicas, com as devidas adaptações dos currículos e técnicos presentes que possam apoiar os agentes educativos". Mas alerta: "Muitas vezes é preciso haver um trabalho individualizado em que a criança está fora do grupo, embora depois ela tenha todos os benefícios em ser novamente inserida nele."
Esta inserção "tem de ser feita com muito cuidado e tendo em atenção as necessidades da criança e do grupo", sublinha Nicole Dias. Algo que nem sempre é tido em conta. "Acontece frequentemente que o processo [de inclusão] é feito de forma abrupta, sem que sejam estabelecidos objectivos concretos e depois anda tudo à deriva", critica. Algumas destas questões estarão em debate na Fundação Calouste Gulbenkian, no dia 5 de Dezembro, num colóquio intitulado "Inclusão: Um desafio entre o ideal e o real", organizado precisamente pelo ABA.
De modo geral, o centro ABA entra nas escolas através do apoio individualizado que presta a alunos com NEE cujos pais procuram o centro. Dessa experiência de trabalho, Nicole Dias tem verificado "que a escola, por si só, tem alguma dificuldade em dar resposta a todas as necessidades educativas especiais", nomeadamente pela falta de técnicos formados e de estruturas que permitam fazer uma inclusão eficaz.
No entanto, é "na fase de inserção no grupo que o apoio da escola se torna importante, porque temos mesmo de trabalhar com os outros alunos e em todos os contextos, seja no refeitório, recreio, salas ou ginásio", esclarece Nicole Dias. Apesar da falta de recursos nas escolas, a psicóloga não tem encontrado resistência à actuação do centro, "quando lhes é oferecido esse apoio, a receptividade entre professores e educadores é de ressalvar". E essa abertura é essencial ao trabalho de inclusão.

Governo pioneiro na formação de cidadãos com deficiência nas novas tecnologias

O Governo dos Açores, através da Secretaria Regional da Ciência, Tecnologia e Equipamentos disponibiliza, pela primeira vez nos Açores, um concurso para a formação na área das novas tecnologias a cidadãos portadores de deficiência.
Uma das prioridades do executivo açoriano, na área das novas Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) passa pela inclusão digital de todos os açorianos que a ela ainda não tenham acesso, não só através da criação de espaços equipados e distribuição de equipamento tecnológico, como tem sido feito, mas também garantindo a formação necessária à utilização dessas ferramentas.
Inédito na Região, o concurso - uma medida de apoio à formação na área das tecnologias de informação e comunicação - arrancou hoje e destina-se à apresentação de candidaturas ao apoio individualizado para formação e organização de acções de formação dirigidas a cidadãos portadores de deficiência.
“Não pretendemos apenas dotar as entidades, as associações e as pessoas com equipamentos modernos e adaptados às necessidades de cada um, queremos formá-los para poderem usar esse tipo de tecnologias”, referiu o secretário regional a propósito desta iniciativa pioneira no arquipélago.
São vários os objectivos da SRCTE com a abertura desta medida, desde logo o combate à info-exclusão, promovendo a igualdade de oportunidades no acesso às TIC, bem como contribuir para a satisfação das necessidades pessoais e sociais, a par da melhoria da qualidade de vida dos cidadãos portadores de deficiência, que com estas acções de formação reforçam ou adquirem competências ao nível da utilização das TIC.
É ainda intenção do Governo dos Açores promover a qualificação dos cidadãos portadores de deficiência, bem como contribuir para a formação de técnicos especializados em TIC.
Existem dois tipos de beneficiários desta medida: o cidadão portador de deficiência ou, consoante o caso, a instituição que por ele se responsabiliza, e as associações privadas sem fins lucrativos que tenham como objecto, consignado estatutariamente, o apoio a cidadãos portadores de deficiência e as unidades orgânicas do sistema educativo que integrem alunos portadores de deficiência.
Os interessados devem apresentar a referida candidatura a esta medida na Direcção Regional da Ciência, Tecnologia e Comunicações até às 24 horas (hora dos Açores) do dia 31 de Dezembro de 2009, ou através do site http://www.azores.gov.pt/Gra/sctr/.

Várias iniciativas assinalam hoje Dia Internacional da Pessoa com Deficiência


Várias iniciativas assinalam hoje o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, quando o número de pessoas com deficiência inscritas nos centros de emprego subiu 32 por cento entre Dezembro de 2007 e Outubro de 2009, segundo dados oficiais.
Os dados disponibilizados pelo Ministério do Trabalho e da Segurança Social (MTSS) à agência Lusa indicam que estavam 6490 pessoas inscritas em Dezembro de 2007, enquanto em Outubro de 2008 eram 8587.
Os dados não disponibilizam o número total de pessoas com deficiência no desemprego. O Governo salienta contudo que, em média, o investimento financeiro em medidas de emprego e formação profissional específicas abrange anualmente cerca de 13 300 pessoas com deficiência.
O MTSS lembra que as empresas que contratem pessoas com deficiência recebem subsídios de compensação, de adaptação de postos de trabalho e um outro para eliminação de barreiras arquitectónicas.
Hoje, para assinalar o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, realiza-se no Centro Cultural de Belém a Conferência Internacional subordinada ao tema ‘A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência: Um desafio para a igualdade e autonomia’, organizada pelo Instituto Nacional da Reabilitação.
Por seu lado, a CP - Comboios de Portugal oferece hoje viagens em todos os seus comboios aos «clientes com necessidades especiais e a um acompanhante». O objectivo da iniciativa, nota a CP em comunicado, é «contribuir para uma maior compreensão dos assuntos relativos» à causa das pessoas com necessidades especiais, e também «mobilizar para a defesa da dignidade, dos direitos e do bem estar das pessoas com deficiência».
Paralelamente, a empresa Metro do Porto anunciou que tem disponível um serviço «inédito a nível mundial» destinado a auxiliar invisuais e amblíopes nas suas viagens de metropolitano.
O serviço NAVMETRO - informação e navegação na rede do Metro do Porto, disse à Lusa fonte da empresa, é «uma ferramenta altamente inovadora», que permite aos clientes invisuais serem 'conduzidos' nos vários momentos de utilização do sistema - escolha de título, validação, encaminhamento no interior da estação -, disponibilizando igualmente informação genérica sobre o Metro - linhas, horários, títulos.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Mais atenção à literacia


De acordo com um estudo hoje divulgado, Portugal deve aumentar rapidamente o nível de literacia da população sob pena de enfrentar dificuldades na realização dos objectivos económicos e sociais.
O estudo realizado pela Data Angel, a pedido do Plano Nacional de Leitura (PNL), foi hoje apresentado em Lisboa pelo seu coordenador, Scott Murray, numa conferência com a presença da ministra da Educação, Isabel Alçada, e de alguns convidados para analisar o documento, como o economista João Salgueiro.
Com o título "A Dimensão Económica da Literacia em Portugal", o estudo aponta que o país "apresenta os níveis mais baixos de competências de literacia entre todos os países onde se realizaram inquéritos" neste âmbito.
"Portugal tem de dedicar muito mais atenção à literacia. As análises do impacto da literacia no desempenho económico durante os últimos 50 anos deixam poucas dúvidas de que o país pagou um preço significativo por não ter aumentado a oferta de competências de literacia ao dispor da economia", aponta o documento.Iniciativas como o Plano Nacional de Leitura ou as Novas Oportunidades "estão no caminho certo, mas não são suficientes", defendeu Scott Murray.
Se investir de uma forma mais eficiente, Portugal tornar-se-á mais competitivo, mas se não conseguir enfrentar o desafio poderá registar quebra no emprego e aumento da pobreza e da desigualdade social, concluiu o coordenador do trabalho.
O estudo refere que "a exigência em conhecimentos e em competências do mercado de trabalho português é baixa, numa perspectiva comparativa", e o mercado laboral "não parece compensar as competências de literacia na medida esperada".
Aliás, os alunos portugueses, com excepção para os melhores, "têm poucos incentivos para investirem tempo e esforço no aumento do seu nível de literacia".
O economista João Salgueiro discorda de algumas das conclusões do estudo e salientou que o país tem "um baixo nível de literacia e mesmo assim dois terços da economia não reconhecem a vantagem" de ter uma massa laboral com mais competências.
"Temos um problema de falta de competitividade da nossa economia" e o aumento da competitividade também passa pela literacia, mas esta é só uma das condições, que passam "por uma legislação que protege o passado e não o futuro a nível laboral, por uma fiscalidade pesada de mais, por um sistema de justiça demorada", defendeu João Salgueiro.
Para a ministra da Educação, as conclusões do estudo "demonstram que há várias medidas que já estão em curso, como o Plano Nacional de Leitura e as Novas Oportunidades, que são essenciais para o desenvolvimento da educação e permitem uma qualificação dos portugueses tanto ao nível das competências básicas como da formação profissional".
Isabel Alçada referiu ser preciso que "toda a sociedade portuguesa se mobilize para que a melhor oferta em termos de qualificações corresponda a um reconhecimento da parte do tecido empresarial de que a economia evolui se as empresas também melhorarem, se se modernizarem e se tiverem profissionais mais qualificados".
Entende-se por literacia a capacidade de cada indivíduo compreender e usar a informação escrita, de modo a atingir os seus objectivos, a desenvolver os seus próprios conhecimentos e competências e a participar activamente na sociedade.

Livro Verde "Mobilidade dos Jovens para fins de Aprendizagem"

A Comissão Europeia colocou para discussão pública, até 15 de Dezembro, o Livro Verde «Mobilidade dos Jovens para fins de Aprendizagem», onde também é referida a mobilidade dos grupos mais desfavorecidos, nomeadamente, os jovens com necessidades especiais.

É necessário chegar aos grupos que tendem a ficar excluídos das oportunidades de mobilidade. Os argumentos a favor da mobilidade na aprendizagem (desenvolvimento de capacidades para enfrentar a globalização, reforço da competitividade e da coesão social) tornam-se ainda mais válidos no caso dos grupos mais desfavorecidos, uma vez que são também os grupos mais vulneráveis. Qualquer medida a favor da mobilidade deve visar, em especial, a inclusão daqueles que já se deparam com dificuldades específicas, como os grupos com maiores carências sociais e económicas, as pessoas com necessidades especiais e as populações migrantes menos favorecidas. Os programas Aprendizagem ao Longo da Vida, Juventude em Acção e Erasmus Mundus fornecem apoio específico às pessoas com necessidades especiais. Esta prática poderia ser alargada a outros programas e projectos de mobilidade, uma vez que os benefícios obtidos em termos de desenvolvimento pessoal com este tipo de mobilidade são particularmente importantes para estes grupos. (p. 13)
Se desejarem contribuir para a discussão pública poderão fazê-lo preenchendo o questionário em: http://ec.europa.eu/yourvoice/ipm/forms/dispatch?form=greenpaper&lang=pt

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Inclusão – Um Desafio entre o Ideal e o Real

"Inclusão – Um Desafio entre o Ideal e o Real” é o tema do congresso promovido pelo Centro ABA com o apoio da Associação DAR RESPOSTA, a decorrer no próximo dia 5 de Dezembro, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, mês em que se assinala o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência.
O congresso tem como objectivo a sensibilização das comunidades política e educativa, bem como da sociedade civil, para a necessidade de um processo de Inclusão eficaz de crianças com necessidades educativas especiais (NEE), a decorrer sempre que possível no âmbito do ensino regular. Serão ainda apresentados modelos e métodos de Inclusão já aplicados com reconhecido sucesso, a nível nacional e internacional.
Entre os especialistas em Inclusão convidados, encontram-se o Dr. Luís de Miranda Correia (psicólogo, professor e director do Departamento de Psicologia da Educação e Educação Especial do Instituto de Educação da Universidade do Minho), o Dr. William L. Heward (professor Emeritus de Educação na Universidade do Estado de Ohio), e, a Dra. Maria Martha Hübner (professora de Psicologia Experimental no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo e Investigadora) e a Dra. Reut Peleg, (psicóloga e responsável pela implementação do modelo ABA no Centro de Terapias Comportamentais ABA), que vão apresentar boas práticas educativas para alunos com NEE, tendo por base o movimento da inclusão, os conceitos de educação especial e da escola para todos e a legislação portuguesa existente (Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de Janeiro), a qual coloca dúvidas a alguns especialistas quanto à sua eficácia.
Luís de Miranda Correia, encontra alguns aspectos positivos nesta legislação, apesar de afirmar, que “as sucessivas reestruturações que os vários governos têm vindo a propor na área da educação especial, embora possam ter gerado um interesse considerável no que concerne à educação dos alunos com NEE, têm também sido alvo de uma forte controvérsia profissional e parental. Esta controvérsia materializou-se a partir da publicação deste Decreto-lei, que pretendeu dar corpo a uma reestruturação que tivesse pés para andar. No entanto, a retórica política, a teimosia e o não querer ouvir, fez deste um Decreto sofrível que, no seu conjunto, em pouco, ou em nada, beneficia os alunos com NEE, pelos erros que espelha.”
O especialista identifica outros dois erros graves, consistindo o primeiro em o ME indicar que o número de alunos com NEE na população estudantil total ser de apenas 1,8% - um valor muito aquém do real, não existindo estudos nacionais que o demonstrem – e o segundo no uso da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) para determinar a elegibilidade de alunos com NEE para os serviços de Educação Especial.
Luis de Miranda Correia, considera ainda que “a ausência de um modelo de atendimento que permita estabelecer um processo que leve à elaboração de programações eficazes para os alunos com NEE, a falta de recursos nas escolas, as deficiências existentes quer na formação inicial quer na especializada e a inobservância da situação escolar dos alunos com dificuldades de aprendizagem específicas são factores que em nada têm favorecido o sucesso escolar dos alunos com NEE.”
Rui Manito e Ana Teresa Fernandes, fundadores da Associação DAR RESPOSTA, defendem que “o ME pouco tem investido na área das NEE e não se pode focar apenas na construção de bons resultados estatísticos, maquilhando uma situação nacional grave. Todas as crianças deverão ter acesso à educação, aos mesmos direitos e oportunidades, como define a Constituição da República Portuguesa, incluindo o direito à diferença e a uma educação adaptada às suas necessidades, ao seu ritmo de aprendizagem, características e experiência pessoa.”
Para que a Inclusão ocorra, segundo Reut Peleg e Nicole Dias (oradoras e responsáveis do Centro ABA), “não basta estar legislada, é preciso promover mudanças profundas e essenciais em todo o sistema de ensino. A inclusão, depende sobretudo da mudança de valores da sociedade e da implementação de alterações ao paradigma do sistema educativo, que não se alcançam só com simples recomendações técnicas, mas com reflexões profundas dos professores, órgãos de gestão das Escolas, pais, alunos e comunidade”.
Todos estes responsáveis depositam elevadas expectativas na actuação da nova Ministra da Educação, Dra. Isabel Alçada, em prol da dignificação do sistema de ensino verdadeiramente inclusivo para crianças e adolescentes com NEE.
Este congresso é organizado e promovido pelo Centro Aba, com o especial envolvimento da Associação de Pais e Amigos DAR RESPOSTA e tem o suporte dos parceiros AIMS Internacional Portugal, o Centro ABC Real Portugal e da Hill & Knowlton e dos sponsors Fundacção Calouste Gulbenkian, Banco BPI, Hotel D. Pedro Lisboa, CristBet e das gráficas Eurodois e Alfaprint.

Professores devem voltar ao debate sobre a identidade da educação


O reitor da Universidade de Lisboa, António Nóvoa, afirmou hoje que "é preciso que os professores regressem ao debate sobre a identidade da educação", no 1º Congresso Internacional Ser Professor de Educação Especial, no Instituto Piaget de Almada.
"É importante que os professores regressem ao debate sobre a educação, que reflictam para além do que já foi adquirido, e que construam a sua identidade do século XXI", defendeu.
Para António Nóvoa, "a educação precisa, como aconteceu no século passado, de assumir uma enorme centralidade nos debates sociais deste século": "Ser professor hoje é ter uma voz pública, ser um mediador, ter uma postura de compreensão e de respeito pelo diálogo educativo e social", argumentou.
O professor universitário explicou a uma audiência de 500 elementos da comunidade educativa nacional e internacional que "durante o século XX, as quatro ideias fundadoras da pedagogia da educação -- educação integral, centralidade da criança, métodos activos e pedagogia diferenciada -- foram para dentro da escola porque não existiam na sociedade".
"A escola funcionou, na educação das crianças, a contra-corrente da sociedade, que depois absorveu estas ideias", disse.
"O que proponho", acrescentou, "é que hoje os professores recriem estas quatro ideias-chave, que as repensem, que as insiram no debate e que, de novo, com novas ideias, voltem a funcionar em contra-corrente, para poderem depois mudar a sociedade".
António Nóvoa propôs, assim, "quatro novos conceitos basilares": "espaço público da educação - para que haja articulação com a sociedade civil e impedir que sejam atiradas para dentro da escola todas as responsabilidades -, valorização da cultura e das aprendizagens -- para fazer com que todas as crianças tenham verdadeiramente sucesso, de forma a podem participar na sociedade do conhecimento, longe do velho ler e contar".
"Abordagens reflexivas - para reintroduzir o silêncio na escola, contrapondo o frenesim permanente das actividades contemporâneas -, e a compreensão do diálogo - para integrar a diversidade e criar uma personalidade no debate", enumerou.
O 1º Congresso Internacional Ser Professor de Educação Especial, a decorrer no Instituto Piaget de Almada até dia 29, foi organizado pela Associação Nacional de Docentes de Educação Especial - Pró-Inclusão, e conta com a participação de profissionais e investigadores de instituições nacionais e internacionais, que vão debater o actual papel e desafios dos professores de educação especial.

I (via profblog.org)

sábado, 28 de novembro de 2009

Uma semana “especial” - Madeira

Para assinalar os dias nacional e internacional da Pessoa com Deficiência, a Secretaria Regional de Educação e Cultura, através da Direcção Regional de Educação Especial e Reabilitação, vai realizar entre 3 e 10 de Dezembro a Semana Regional da Pessoa com Necessidades Especiais. De acordo com a directora regional de Educação Especial e Reabilitação, Maria José Camacho, que apresentou o programa desta iniciativa no Centro de Apoio à Educação Especial da Ponta do Sol, serão realizadas durante esta semana seis terúlias em diferentes concelhos da Região onde, de uma forma informal, vão ser abordadas as temáticas da deficiência intelectual, da deficiência visual, auditiva e arte inclusiva.
Depois, haverá ainda a estreia de uma peça de teatro pelo grupo de teatro do Núcleo de Inclusão pela Arte que há vinte anos vem colocando em cena diferentes trabalhos. Serão também realizadas actividades em muitas escolas e estabelecimentos de educação sempre com a tónica da inclusão das pessoas, crianças e adultos com necessidades especiais.
Para além disso, será inaugurada no dia 3 (Dia Internacional da Pessoa com Deficiência), às 17 horas, uma exposição na galeria da Secretaria Regional do Turismo, sendo que esta mostra terá a particularidade de ser composta por trabalhos cedidos por artistas madeirenses e cujas receitas das vendas vão reverter a favor de projectos que os jovens com necessidades tenham para concretizar.
Este foi um trabalho que resultou de uma parceria realizada entre os artistas e os jovens dos centros de actividades ocupacionais. «Em cada serviço existem as portas abertas para intercâmbios, visitas e trabalhos conjuntos com crianças com e sem necessidades especiais», revelou a directora regional. Já no dia 9 de Dezembro haverá a entrega de certificados de formação profissional aos jovens que concluíram a formação profissional e a entrega de um prémio de mérito a um empresário que se destacou na inserção de formandos. Neste caso, trata-se de um jovem que foi formando nos centros de actividades ocupacionais e que foi acolhido por uma empresa. Passados alguns anos, esse jovem abriu a sua própria empresa que passou também a integrar pessoas com necessidades especiais.
Uma semana para ser vista como «um grito de alerta»
Para o secretário regional de Educação e Cultura, que presidiu à apresentação desta iniciativa, «esta semana servirá para mostrar à sociedade uma realidade com a qual vivemos e com a qual trabalhamos», servindo também para «dar uma oportunidade a quem trabalha mostrar aquilo que faz por si e com aqueles que são os utentes destes serviços».
«Uma missão implícita», como passou a explicar Francisco Fernandes, que passa pela integração e inclusão «e que tem muitas vertentes, nomeadamente social, educativa e profissional, a qual é muitas vezes conseguida através de um conjunto largo de estratégias que durante esta semana terão a sua expressão pública».
Para o governante, «o apoio educativo, que tem uma variedade de vertentes em todas as áreas da deficiência - motora, visual, intelectual e auditiva - e que obriga a que se distribuam técnicos, de uma forma exemplar, pelas escolas, bem como a inclusão através das artes, música, o teatro, dança, desporto, artes plásticas e tecnologias, todas estas estratégias se juntam num trabalho que é desenvolvido por mais de 800 pessoas, para um conjunto de utentes que ronda os quatro mil».
Francisco Fernandes disse ainda que espera que esta semana seja encarada não como «um lamento» mas sim como «um grito de alerta e um momento de alegria».
Já na qualidade de “padrinho” desta inciativa (uma das novidades do programa da edição deste ano), João Carlos Abreu agradeceu publicamente o convite que lhe foi dirigido, adiantando que espera ajudar a fazer com que «as coisas sejam mais viáveis e as pessoas mais compreendidas e mais amadas».
Jornal da Madeira (via Profblog.org)

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Educação: Comissão parlamentar quer discutir educação especial no parlamento

A comissão parlamentar de Educação quer levar para a discussão política as conclusões do 1º Congresso Internacional Ser Professor de Educação Especial, a decorrer entre hoje e domingo, no Instituto Piaget de Almada, disse hoje o seu presidente.
"Gostaríamos de tomar conhecimento das conclusões que saírem deste congresso, para levar para a discussão política as reflexões e preocupações encontradas aqui", afirmou Luiz Fagundes Duarte, na sessão de abertura do 1º Congresso Internacional Ser Professor de Educação Especial.
Para o deputado socialista, "importa, em relação à educação especial, fazer um ponto de situação, perceber os maiores problemas, quer ao nível da formação de docentes, quer ao nível das suas condições de trabalho e das suas carreiras".

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Jurista portadora de deficiência acusa o Ministério das Finanças de discriminação

Maria João Gomes Marques, residente em Braga, sustentou hoje, em declarações à agência Lusa, que o Ministério das Finanças «permite a discriminação de deficientes», por «ausência de vontade política para a sua integração dos quadros da função pública».
A advogada é a única entre os 50 alunos do curso 2008/9 do INA que ainda não conseguiu colocação no sector público, dado que apenas pretende trabalhar na zona da sua residência em Braga, Guimarães ou Barcelos.
A exigência da advogada de 33 anos - vítima na juventude de um acidente rodoviário - prende-se com o facto de ter dificuldades motoras - não podendo, por exemplo, usar guarda-chuva - e de necessitar de apoio constante da família, com quem ainda vive.
Para fazer os três trimestres do curso, a aluna pagou cinco mil euros e teve de se deslocar para Oeiras, com apoio familiar.
Maria João Marques acaba mesmo de rejeitar uma proposta de trabalho oferecida para a sede do Porto do Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres, perdendo, assim, o direito à integração no serviço público que lhe era garantido pela frequência, com aptidão, do curso.
Anteriormente haviam-lhe sido oferecidas possibilidades de trabalho em Lisboa e em Matosinhos, que rejeitou pelas mesmas razões.
Em resposta à proposta de trabalho, Maria João Marques diz que não pode ir para o Porto devido aos problemas decorrentes da deficiência e considera «estranho» que não lhe tenha sido dada preferência para colocação em Braga, onde foram colocados outros colegas, «o que pode constituir prática discriminatória, violadora dos artigos 13º, 14º, 44, 46º e 47º da Lei nº 59/2008, de 11.09».
Lembra, ainda, «a obrigação que impende sobre o Estado de estimular a integração das pessoas portadoras de deficiência em instituição pública».
«A proposta de colocação que ora me fazem é impossível de aceitar, para mim, e revela, para além da questão legal, uma total insensibilidade perante a deficiência de que sou portadora», acentua, anunciando que pondera recorrer aos tribunais.
O advogado de Maria João Marques, Paulo Viana escreveu já à Direcção-Geral da Administração e do Emprego Público, contestando a validade jurídica - por «inconstitucional» - de uma portaria de Fevereiro do Ministério, que alterou as regras do jogo para o curso 2008/2009.
O causídico lamenta que o Governo tenha alterado três regras fundamentais, já após o curso ter começado: a da obrigatoriedade de o Estado pagar aos alunos os respectivos vencimentos até a sua integração num serviço; a da responsabilidade da DGAEP pela eventual não colocação de um aluno em serviço público; e a instituição de uma norma segundo a qual colocação tem de se consumar até 31 de Dezembro.
«Parece-me de duvidosa legalidade/constitucionalidade a alteração imposta pela Portaria, por traduzir uma violação das expectativas e da confiança criadas juntos dos alunos que, em 2008, se candidataram a um curso que tinha um determinado figurino e que, a meio do ano, sofre radicais mudanças», acentua.
Contactada pela Lusa, a directora de Serviços do Departamento de Gestão e Desenvolvimento dos Recursos Humanos da Administração Pública, Alexandra Duarte, rejeitou a existência de «discriminação», garantindo que o organismo tem feito tudo o que pode para a integrar.
«Não houve serviços em Braga que respondessem positivamente ao nosso envio do currículo da advogada», frisou.
A responsável acentuou que os próprios serviços só podem, actualmente, contratar quadros se houver vaga no mapa de pessoal e se tiver sido feita a respectiva cabimentação orçamental.
Alexandra Duarte contrapõe que dois outros alunos do curso do INA, portadores de deficiência, foram já contratados, garantindo que Maria João Duarte não teve nenhuma oferta da zona de Braga, pelo menos que passasse pelo seu serviço.
Sobre as alterações às normas em vigor no curso, que prejudicaram os alunos, diz que as regras são feitas pelo Governo.
Lusa / SOL

Acção de formação "Web acessível"


Nos próximos dias 16 e 17 de Dezembro vai realizar-se no Instituto Nacional para a Reabilitação, IP, Av. Conde de Valbom, 63, 1069-178 Lisboa, uma acção de formação denominada Web acessível, ministrada pela Eng. Carla Faria, Directora de Projectos Inclusivos da Hand Out, Lda.
Esta acção tem um número limite de 12 formandos.
Para efeitos de participação na referida acção a ficha de inscrição deverá ser enviada para os contactos abaixo indicados, até ao dia 11 de Dezembro.

OBJECTIVOS
Dotar os formandos de bases fundamentais à construção de sites acessíveis às pessoas com deficiências ou incapacidades, à luz da nova legislação nesta matéria.

METODOLOGIA
Método interactivo que permita um maior envolvimento e participação de todos os intervenientes

DESTINATÁRIOS
Designers, programadores, técnicos de informática, gestores, informáticos e outros profissionais que intervêm na construção de sites, técnicos da Administração Pública e estudantes do Ensino Superior

CONTEÚDOS
Introdução e noções básicas
Utilização de leitores de ecrã como exemplo de navegação alternativa
Regulamentação e directrizes de acessibilidade

Técnicas para criação de sites acessíveis:
Validação da acessibilidade:


FORMADORA:
Eng. Carla Faria

CUSTOS:
50,00 € por participante
25,00 € para estudantes e desempregados.

CONTACTOS
Manuela Branco
manuela.s.branco@seg-social.pt
Telefone. 21 792 95 00 Fax: 21 792 95 09
Catarina Pereira
catarina.pereira@seg-social.pt
Telefone: 21 792 95 00 Fax: 21 792 95 09

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Quantos são... os alunos com dificuldades numa classe? Quantos são eles?

Tantas vezes ouvimos que “é preciso mudar as atitudes” que até poderíamos pensar que havia umas “técnicas especiais” para mudar atitudes. Seria tempo perdido. As atitudes mudam consequentemente quando a pessoa vive e reflecte sobre experiências que são incompatíveis com as representações que ela tem da realidade.
Numa reunião em que participei há pouco no Brasil, um grupo de professores levantava esta questão analisando os processos tal como se desenrolam no dia a dia das escolas. E as opiniões foram muito interessantes: dizia-se que, se um professor (vá-se lá saber porquê) identificar um grande número de alunos com dificuldades na sua sala de aula, isso acarretava consequências curiosas.
Antes de mais dava ao professor uma aura de rigor e de competência do tipo (“Este professor é muito exigente em termos de aprendizagem”). Depois, o professor marcava território no sentido em que se os resultados finais fossem maus ele poderá sempre dizer “Eu logo preveni que tinha muitos alunos com dificuldades”. Uma terceira consequência verifica-se no efeito desta identificação ao nível dos outros professores. Se um colega diz que tem muitos alunos com dificuldades, em que posição fica um colega que assinala poucos ou nenhuns alunos? Fica sem dúvida numa posição de fragilidade podendo a sua posição ser conotada com um idealista ou então mesmo de incompetente.
Diziam-me estes professores brasileiros que conheciam casos em que se verificou um “efeito de cascata”, em que começando um colega a assinalar as grandes e numerosas dificuldades dos seus alunos, os outros se sentiam na obrigação de seguir ou mesmo aumentar a parada. E este processo já tinha chegado a que se identificassem numa única sala de aula 40% (quarenta por cento) de alunos com dificuldades. (Parece aquelas conversas de idosos em que o seguinte tem uma doença sempre maior e mais dolorosa do que o anterior...)
E aqui vemos a necessidade de trabalhar em práticas que possam mudar estas atitudes. Repito: práticas que possam mudar as atitudes. Tantas vezes ouvimos que “é preciso mudar as atitudes” que até poderíamos pensar que havia umas “técnicas especiais” para mudar atitudes. Seria tempo perdido. As atitudes mudam consequentemente quando a pessoa vive e reflecte sobre experiências que são incompatíveis com as representações que ela tem da realidade.
Há tempos um professor contava-me que os alunos da sua classe ficaram bem espantados pelo facto do seu colega cego ter tido a melhor nota num teste em Língua Portuguesa. Este é o tipo de experiência que pode mudar efectivamente as atitudes destes alunos em relação ao seu colega cego. Assim em lugar de dizer “mudar atitudes” talvez devamos dizer “mudar as práticas para mudar as atitudes”.
Esta mudança de práticas é extremamente complexa. Uma determinada forma de actuar está profundamente ligada a um complexo de valores e práticas: ao mudar uma delas devemos estar conscientes que estamos a mexer uma pedra de um muro e muitas vezes não podemos nem mesmo estimar os efeitos desta mudança.
Que práticas poderiam conduzir a que as atitudes face à diferença dos alunos fossem positivas e esporádicas em lugar de negativas e generalizadas (como vimos podendo chegar a 40%)? Poderíamos talvez avançar 3 ideias.
Antes de mais a mudança da escola deve vir de dentro da escola. É a escola que deve avaliar as suas forças e vulnerabilidades e a partir dessa análise do que melhor pode fazer com as suas próprias forças estudar quais os meios que precisa para fomentar uma educação respeitadora e valorizadora dos diferentes esforços de cada um. E o que não conseguir fazer com as suas forças saber pedir o que precisa.
Depois, a avaliação deve ser mais e mais centrada nos processos e não só nos resultados. Este ano pedi aos meus alunos de Mestrado que decorassem um soneto (“Sete anos a Labão Jacó servia...”) e escrevessem numa simples folha quais as estratégias que usaram para o decorar. Foi um boa experiência sobre como os processos para atingir um fim semelhante podem ser diversos. No final a pergunta que presidiu à análise desta experiência foi: será que damos aos nossos alunos ferramentas e lhes permitimos usar estratégias para trabalhar semelhantes àquelas que nós próprios precisamos?
Por fim, saber que separar um aluno da classe por lhe termos identificado uma necessidade “especial” pode ser uma limitação que só nos permite ver os factos mais aparentes. Os professores que são mais eficazes a lidar com a diversidade trabalham no sentido de responderem a todos os alunos que podem, em qualquer momento, apresentar algum tipo de dificuldades (e são quase todos). Separar os alunos que têm dificuldades dos que não têm pode ser só um sintoma que não conseguimos identificar as dificuldades de uma grande parte dos alunos.
Quantos são, perguntávamos... São talvez todos os que podem ter dificuldades em algum momento, em alguma matéria em alguma experiência do ensino. Mas são talvez muito poucos os que por terem dificuldades precisam de meios de ensino que não podem ser usados na sala de aula e que não beneficiem da interacção, convívio e interacção dos colegas.
David Rodrigues

Menino esteve 11 dias no metro de Nova Iorque


Francisco Hernandez, de 13 anos, sofre de Síndrome de Asperger, doença que afecta as capacidades de comunicação. Pais acusam a polícia de pouco fazer, depois de denunciarem o desaparecimento do filho.
Francisco Hernandez Jr. desapareceu dia 15 de Outubro por recear que iria ter problemas na escola. Com 13 anos e Síndrome de Asperger, refugiou-se na rede de metro de Nova Iorque e por ali vagueou durante 11 dias.
Dormiu em carruagens, utilizou as casas de banho públicas e, com onze dólares no bolso, comeu chupas, batatas fritas e outros alimentos que comprou nas estações. Nunca pediu ajuda a ninguém, o que especialistas dizem ser comum devido à sua patologia.
Foi encontrado, por acaso, por um agente da polícia, que o reconheceu de cartazes afixados na rede de metro pela família e regressou a casa são e salvo.
A mãe, Marsiela Garcia, disse à CNN que a polícia pouco fez para ajudar a encontrar o filho, quando denunciaram o seu desaparecimento, interpretando o caso como uma fuga do menor.
Decidiram então afixar cartazes e distribuir folhetos pela vizinhança, em Brooklyn, e em espaços públicos, incluindo na rede de metro.
Cinco dias após o desaparecimento de Francisco, o departamento de pessoas desaparecidas da polícia de Nova Iorque visitou os pais e aconselhou-os sobre onde deveriam procurar o filho. (...)

Défice de atenção


O aluno que sistematicamente se deita tarde ou, como já ouvi relatar por directores de turma, passa a noite na Internet, certamente terá grande dificuldade em se concentrar.
A falta de atenção na sala de aula é um tema recorrente. Muitos são os professores que manifestam preocupação relativamente a este problema, uma vez que é grande o número de alunos que estão permanentemente distraídos. Muitas causas poderiam ser enumeradas para tentar justificar esta elevada distractibilidade. O aluno que sistematicamente se deita tarde ou, como já ouvi relatar por directores de turma, passa a noite na Internet certamente terá grande dificuldade em se concentrar. Quando o assunto abordado na aula apresenta uma complexidade demasiado elevada para ser apreendido por um determinado aluno, é normal que ele "desligue" e invente formas, por vezes muito pouco simpáticas, para se distrair. Os problemas de comportamento decorrem frequentemente da incapacidade em acompanhar as temáticas abordadas.
A forma de exposição de determinados assuntos poderá também não ser muito apelativa, muito embora se tenha caído no erro de transmitir a mensagem de que aprender é muito divertido e que a aprendizagem deve ser fonte de diversão. Claro que este tipo de mensagem é altamente perversa, pois aprender exige esforço, dedicação e empenho. Como esta ideia nem sempre é comunicada, geram-se, por vezes, nos mais novos, sentimentos de grande frustração. Outros aspectos poderiam ser aqui apontados para justificar o porquê de haver muitos corpos presentes na sala de aula, mas muitas cabeças ausentes.
O facto de o aluno não estar atento na aula não significa que apresente défice de atenção. Para que haja um diagnóstico de défice de atenção é necessário existirem vários factores conjugados, que passarei a mencionar.
O aluno que apresenta défice de atenção tem mais dificuldade em concentrar-se em tarefas que exigem esforço mental, quando comparado com a maioria das crianças da mesma idade. A criança pode facilmente concentrar-se quando joga um determinado jogo, como por exemplo a Playstation, durante muito tempo seguido, mas desligar ao mínimo ruído sempre que está com os livros em frente. Pode, portanto, haver, e na maior parte das vezes há, capacidade de concentração face a tarefas lúdicas, mas incapacidade de manter a atenção sempre que o assunto não é apelativo.
Para que haja um défice de atenção é também necessário que a criança manifeste incapacidade em manter a atenção nas ditas tarefas que exigem esforço mental em diferentes contextos. Se na sala de aula está distraída, mas em casa consegue manter-se atenta, por exemplo, quando está a fazer os trabalhos de casa, então provavelmente poderão existir distractores poderosos no contexto da sala de aula que dificultam a concentração. Se a criança "anda constantemente na lua", nos diferentes contextos onde se move, o nosso grau de suspeita aumenta consideravelmente.
Sempre que a dificuldade em manter a atenção na realização de tarefas prejudica seriamente a criança e o seu desempenho, obrigando-a a passar demasiado tempo a fazer algo que faria rapidamente se estivesse atenta, é também um indicador que aponta para um possível défice nesta área.
Um outro aspecto a despistar é a eventual existência de factores de ordem emocional a interferir negativamente na capacidade de atenção. Só poderemos falar em défice de atenção, se não existirem factores de ordem emocional a condicionarem negativamente o nível de atenção.
Todos estes critérios deverão estar presentes para se fazer um diagnóstico de défice de atenção. Sempre que a criança apresente uma dificuldade de atenção desproporcionada, ubíqua, prejudicial e que não se deva a factores emocionais, deve ser observada por profissionais especializados. Actualmente defende-se a necessidade de, nas situações de défice de atenção, haver uma intervenção terapêutica em simultâneo com intervenção psicológica.
Bibliografia:
Mal-entendidos. Da Hiperactividade à Síndrome de Asperger, da Dislexia às Perturbações de Sono. As respostas que procura. Nuno Lobo Antunes. Versos da Kapa. Edições de Livros, Lda.

Madeira: educação especial conta com novo regime jurídico

A Assembleia Legislativa da Madeira (ALM) procede hoje (ontem) à votação final global da proposta de decreto legislativo regional que “Estabelece o regime jurídico da educação especial, transição para vida adulta e reabilitação das pessoas com deficiência ou incapacidade na Região Autónoma da Madeira”. Trata-se de um diploma destinado às crianças e jovens com necessidades educativas especiais e que irá definir e regular a efectivação de uma política integrada de educação especial, abrangendo medidas desenvolvidas no âmbito da intervenção precoce e da sobredotação.
O diploma, aprovado em Conselho de Governo Regional a 9 de Julho, mereceu voto favorável, na generalidade, em plenário, tendo merecido nova análise em sede de comissão especializada.
Trata-se de uma proposta destinada a crianças e jovens com necessidades educativas especiais que frequentam os estabelecimentos de educação e de ensino da Região, ou que, de acordo com a lei, estejam em idade de os frequentar, no ensino público, particular, cooperativo ou solidário. Aplica-se ainda a crianças e jovens com deficiências ou problemas graves que permaneçam no domicílio.
A proposta que não altera ou revoga qualquer legislação, foi analisada pelas associações sindicais, enquadra-se no programa do X Governo Regional, estando inserida na política global traçada para a educação. O diploma - pode ler-se na proposta - «surgiu da necessidade em efectivar uma política integrada e transversal de educação especial, sistematizando normativos dispersos sobre esta temática, actualizando-as à luz das concretizações mais recentes produzidas no contexto europeu e tornando-os compatíveis com o regime em vigor no espaço nacional».
Os proponentes referem que o presente diploma «pretende constituir-se em referência orientadora das políticas, acção e visão estratégica da Região, conducente à missão de assegurar a inclusão de crianças, jovens e adultos com necessidades especiais».
Pioneira em Portugal ao adoptar em 1982 uma política para a prevenção, reabilitação e integração social dos deficientes, a Região prepara-se desta forma para, entre outras, dar um novo passo para responder às necessidades especiais de carácter temporário ou prolongado , de acordo com as orientações currículares, com as competências essenciais e com a formação profissional.

Professores portugueses querem mais formação


Os professores portugueses são os que mais pedem formação profissional. Num inquérito feito em 23 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), os portugueses estão à frente dos insatisfeitos entre os estados-membros da União Europeia, 76 por cento pede mais. Os belgas são os mais satisfeitos com apenas 31 por cento a pedir mais formação.

O estudo, apresentado esta manhã (ontem) em Bruxelas, foi desenvolvido a partir do inquérito TALIS, que se debruça sobre o ensino e a aprendizagem, que se debruça sobre as condições de trabalho dos professores. Foi realizado com o apoio da Comissão Europeia.

Apesar de não terem dados para fazer essa avaliação, os autores do estudo consideram que o défice de formação, denunciado pelos docentes, têm de ter impacto no modo de ensinar. Os inquiridos solicitam formação na área do ensino especial e nas novas tecnologias. “Isto revela um reconhecimento claro que os professores não se sentem bem preparados para lidar com grupos heterogéneos e para se dirigir a alunos com necessidades de aprendizagem”, avalia o relatório.

Apesar de sentirem falta de formação, 85 por cento dos professores portugueses realizaram-na em 2007/2008, ou seja, ligeiramente abaixo da média dos países europeus inquiridos (89 por cento). No entanto, 25 por cento dos portugueses tem que a pagar - é a média mais alta. Na verdade, em nenhum dos 23 países há formação gratuita, mas cerca de 80 por cento dos belgas, malteses, turcos e eslovenos afirmam que não pagaram nada para obtê-la.

Os docentes portugueses queixam-se ainda de terem pouco tempo para realizar formação e desses horários esbarrarem com os das aulas, aliás, com mais dificuldades só os coreanos. O conflito com o horário de trabalho é um obstáculo à participação nas actividades de desenvolvimento profissional, diz o relatório. Por isso recomenda que são necessárias políticas para integrar a formação no trabalho docente. Sobretudo quando há países, como Portugal, onde a formação conta para a progressão na carreira.

O estudo revela ainda que o ambiente escolar desempenha um papel importante no desenvolvimento profissional, os profissionais que se sentem bem na escola e com o seu trabalho são positivos. Portanto, para os ministérios estas conclusões devem sugerir que um maior acompanhamento do trabalho dos professores e um ambiente escolar positivo “podem contribuir para o desenvolvimento das escolas como organismos de aprendizagem”, diz um comunicado da Comissão Europeia.

Em cada país foram seleccionadas 200 escolas, onde responderam o director e 20 docentes, todos escolhidos de forma aleatória.